Lalamove cresce no Brasil como o 'Uber dos carretos' e tenta IPO em Hong Kong
Aplicativo asiático aposta no Brasil como mercado-chave, acelera crescimento global e tenta abrir capital em Hong Kong


Repórter de Negócios
Publicado em 19 de janeiro de 2025 às 08h08.
Última atualização em 20 de janeiro de 2025 às 10h01.
Carros, vans, pequenos caminhões e motos com adesivos laranjas e um beija-flor no logo se tornam cada vez mais comuns no trânsito quase sempre caótico de São Paulo. A asiática Lalamove chegou ao Brasil há cinco anos e se dedica a fazer entregas de todos os tipos de olho nas oportunidades na logística urbana. De pequenos pacotes a transporte de móveis, tudo com preços competitivos. A ideia da companhia, que já atua em dezoito cidades, é espalhar seus serviços de entrega por todo país.
A companhia cobra uma taxa fixa dos motoristas, enquanto o adesivamento, apesar de gratuito, não é obrigatório. Ainda assim, cerca de 30% dos grandes veículos cadastrados em São Paulo circulam por aí com o adesivo laranja da marca. A prática aumenta a visibilidade da empresa e oferece benefícios aos motoristas parceiros, como prioridade nos pedidos e redução de taxas.
A base de motoristas parceiros em São Paulo cresceu 234% no último ano, enquanto no Rio de Janeiro, o aumento é ainda maior, chegando a 253%. "Com mais motoristas cadastrados, os usuários se beneficiam com mais opções de veículos e maior agilidade nas entregas", diz Helena Lizo, diretora-geral da Lalamove no Brasil.
Esse modelo ajudou a Lalamove a crescer rapidamente no Brasil. Desde 2019, o número de pedidos aumentou, em média, 155% ao ano, com destaque para carretos e utilitários, que registraram alta de 265%. Além disso, a plataforma atrai tanto pequenos empresários quanto usuários individuais, interessados em uma solução ágil e prática para demandas logísticas.
“Transportar grandes volumes com agilidade e conveniência foi uma das principais necessidades identificadas no Brasil, principalmente para quem lidera um negócio”, diz Lizo. A executiva afirma que o crescimento da base de motoristas parceiros e o uso de diferentes tipos de veículos são diferenciais importantes da operação no país.
O aplicativo conquistou relevância também entre pequenos e médios empreendedores. Muitos deles usam a plataforma para evitar a complexidade de gerenciar frotas próprias. O número de novos clientes corporativos cresce, em média, 65% ao ano. Varejistas são o principal público, especialmente para entregas rápidas e transporte de grandes volumes.
Para acompanhar o crescimento por aqui, a empresa investiu em infraestrutura. No fim do ano, inaugurou um escritório na Lapa, em São Paulo, que conta com um centro para adesivação de veículos. O desafio da companhia será manter o ritmo de crescimento enquanto o mercado amadurece. A competição é forte, com mais de 30 plataformas atuando no Brasil.
Os dados globais e IPO
A operação brasileira é apenas uma parte do que a Lalamove representa globalmente. A companhia foi fundada em 2013 por Shing Chow, um aluno da Universidade Stanford que levantou recursos para criar a empresa jogando pôquer profissionalmente.
A empresa com sede em Hong Kong se consolidou como líder mundial em transações logísticas de frete de ponta a ponta, sem depender de intermediários.
Em 2023, a plataforma processou mais de 588 milhões de pedidos, atingindo um volume bruto de transações (GTV) de 8,7 bilhões de dólares. A receita global no mesmo ano foi de 1,33 bilhão de dólares, um crescimento de 57% em relação a 2021.
A rentabilidade, algo incomum no setor de logística sob demanda, é outro destaque. A Lalamove alcançou um lucro ajustado de 390 milhões de dólares em 2023, apoiada pelo aumento das margens brutas, que passaram de 39% em 2021 para 61% em 2023.
Com presença em 12 mercados, espalhados pela Ásia e América Latina, a Lalamove utiliza sua experiência para crescer em regiões onde a urbanização e o comércio eletrônico impulsionam a demanda por entregas rápidas e flexíveis.
Apesar dos números robustos, a empresa ainda enfrenta desafios para concretizar sua expansão global. Desde 2021, a Lalamove tenta abrir capital, mas os planos de IPO foram adiados mais de uma vez. Um novo pedido está em análise. Resta saber quando a gigante asiática vai conseguir capital para crescer globalmente no longo prazo.