Justiça exige da Vale R$ 7,9 bilhões em garantias em ação sobre Brumadinho
Decisão veio após ação do MP-MG que acusa a mineradora de ter dificultado atividades de fiscalização em suas operações em Brumadinho
Reuters
Publicado em 27 de maio de 2020 às 13h41.
Um tribunal em Brumadinho (MG) deferiu parcialmente pedido de liminar contra a mineradora Vale e exigiu que a companhia apresente em prazo de 10 dias garantias no valor de 7,93 bilhões de reais para assegurar eventuais pagamentos de multas, segundo fato relevante da empresa nesta quarta-feira.
A decisão, sobre a qual a empresa disse ainda não ter sido intimada oficialmente, veio após ação promovida pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MP-MG), que acusou a empresa de ter dificultado atividades de fiscalização em suas operações em Brumadinho por meio de ações de seus funcionários.
O rompimento de uma barragem da Vale em Brumadinho em 25 de janeiro de 2019 deixou 259 mortos e 11 desaparecidos.
Os quase 8 bilhões de reais exigidos em garantias representam o maior valor já reconhecido em uma ação judicial dessa natureza no Brasil, disse o MP-MG, que pede na ação que a Vale seja condenada por prática de ato de corrupção e obrigada à reparação integral de danos causados.
"A ação com base na Lei Anticorrupção de Empresas é mais um passo importante na atuação integrada da Força-Tarefa do MP-MG para alcançar a justa responsabilização de empresas e pessoas pelo maior desastre humanitário e ambiental de Minas Gerais", disse o procurador-geral do Estado, Antônio Sérgio Tonet, em nota.
A Vale disse em comunicado que irá avaliar a decisão quando for intimada e sinalizou que deverá recorrer.
"A Vale continuará a contribuir com todas as investigações e apresentará a sua defesa, de forma tempestiva, após citada, oportunidade em que terá acesso aos autos e documentos juntados pelo MPMG", disse a companhia.
O MP-MG denunciou em janeiro deste ano o ex-CEO da Vale, Fabio Schvartsman, e outras 15 pessoas por homicídio pelo rompimento de Brumadinho. O Ministério Público Federal também tem investigado o caso.
Na época da denúncia estadual, a Vale disse ter recebido as acusações com "perplexidade" e rejeitou que tenha conscientemente assumido riscos nas operações em Brumadinho. A defesa de Schvartsman também rejeitou as acusações e disse que o executivo tomou medidas de reforço da segurança.
Os promotores mineiros acusaram a mineradora de manter sob sigilo informações sobre riscos geotécnicos de suas barragens, entre outras irregularidades.