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Joesley Batista é preso por esquema de propina na Agricultura

O vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade (MDB), e o executivo Ricardo Saud também foram detidos na manhã desta sexta-feira

Joesley Batista: controlador da JBS que já havia sido detido em setembro do ano acusado de omitir informações de acordo de delação premiada fechado com a PGR (Adriano Machado/Reuters)

Joesley Batista: controlador da JBS que já havia sido detido em setembro do ano acusado de omitir informações de acordo de delação premiada fechado com a PGR (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 9 de novembro de 2018 às 07h08.

Última atualização em 9 de novembro de 2018 às 13h00.

Rio de Janeiro - A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira o empresário Joesley Batista, um dos controladores da JBS, em um desdobramento da operação Lava Jato que investiga uma suposta organização criminosa que atuava na Câmara dos Deputados e no Ministério da Agricultura com pagamento de propina a agentes públicos e políticos.

As propinas pagas aos agentes públicos e políticos estão estimadas em mais de 22 milhões de reais, de acordo com a Receita Federal, que participa da operação ao lado da PF.

A prisão de Joesley, que já havia sido detido em setembro do ano passado no âmbito da Lava Jato acusado de omitir informações de acordo de delação premiada fechado com a Procuradoria-Geral da República, foi confirmada pela assessoria de imprensa do executivo.

O advogado de Joesley, André Callegari, disse em nota que "causa estranheza o pedido de sua prisão no bojo de um inquérito em que ele já prestou mais de um depoimento na qualidade de colaborador e entregou inúmeros documentos de corroboração". Ele ressaltou que a prisão é temporária e que o empresário vai prestar todos os esclarecimentos.

Em comunicado sem citar os nomes dos alvos da operação, a Polícia Federal disse que a ação visa cumprir 63 mandados judiciais de busca e apreensão e 19 mandados de prisão temporária, todos expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Além de Joesley, também foi preso o executivo da holding J&F Ricardo Saud, que também fora preso no ano passado acusado de romper o acordo de delação premiada, segundo a assessoria de imprensa dos executivos. Os dois estavam em liberdade desde março, quando tiveram a prisão revogada pelo Justiça.

"Durante as apurações, houve clara comprovação de que empresários e funcionários do grupo investigado --inicialmente atuando em colaboração premiada com a PF-- teriam praticado atos de obstrução de Justiça, prejudicando a instrução criminal, com o objetivo de desviar a PF da linha de apuração adequada ao correto esclarecimento dos fatos", disse a PF em nota oficial.

Os executivos foram responsáveis pelo mais polêmico acordo de colaboração na gestão do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que envolveu diversos políticos e culminou em duas denúncias criminais contra o presidente Michel Temer.

Ex-ministros da Agricultura

Também foram presos na operação desta sexta-feira o vice-governador de Minas Gerais e ex-ministro da Agricultura Antonio Andrade (MDB) e o deputado federal eleito Neri Geller (PP-MT), que também foi ministro da Agricultura, de acordo com o portal de notícias G1.

De acordo com a Polícia Federal, o esquema investigado consistia no pagamento de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no Ministério da Agricultura (Mapa) em 2014 e 2015, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

"A Polícia Federal apurou a atuação de uma organização criminosa na Câmara dos Deputados e no Mapa, integrada por empresários e executivos de um grande grupo empresarial do ramo de processamento de proteína animal", disse a PF em comunicado.

"Esse grupo dependia de normatizações e licenciamentos do Mapa e teria passado a pagar propina a funcionários do alto escalão do Ministério em troca de atos de ofício, que proporcionariam ao grupo a eliminação da concorrência e de entraves à atividade econômica, possibilitando a constituição de um monopólio de mercado".

A chamada operação Capitu foi deflagrada com base na delação premiada do empresário Lúcio Bolonha Funaro, apontado pela PGR como operador do ex-presidente da Câmara do Deputados Eduardo Cunha, que se encontra preso também no âmbito da Lava Jato.

Segundo a PF, houve por parte do grupo empresarial investigado o financiamento ilegal de campanha de um deputado federal para a Presidência da Câmara em troca de atendimento dos interesses corporativos do grupo no Ministério da Agricultura.

Duas grandes redes varejistas de Minas Gerais que não foram identificadas também participaram diretamente do esquema, por meio de seus controladores e diretores, de acordo com a Receita Federal.

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