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Jatos usados da Embraer sem compradores podem gerar perdas

Os preços dos jatos usados estão caindo porque as companhias aéreas evitam os modelos de 50 assentos preferidos no final da década de 1990

Avião E195 da Embraer: a frota global da Embraer conta com mais de 800 aviões com uma média de 12 anos de idade (Divulgação/Embraer)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2013 às 13h31.

São Paulo - A Embraer SA, uma das pioneiras na indústria global de jatos regionais, corre o risco de sofrer apertos financeiros por causa de uma promessa de garantir um valor mínimo às companhias ao revenderem seus aviões mais velhos.

Os preços dos jatos usados estão caindo porque as companhias aéreas evitam os modelos de 50 assentos preferidos no final da década de 1990 e no começo da década de 2000, disse Darryl Genovesi, analista da UBS AG, em Nova York. A Embraer deve às linhas aéreas 16 por cento do valor original de um avião e poderia passar por dificuldades para recuperar o dinheiro, disse Genovesi.

“Há milhares de jatos regionais que vão precisar de um lar ou eles ficarão presos com garantias de valor residual”, disse Genovesi em uma entrevista em novembro. “Parece que eles não vão estar à altura. Provavelmente tenham que assumir perdas”.

As companhias aéreas estão retirando gradualmente cada vez mais unidades dos modelos menores e acrescentando aviões maiores e mais eficientes.

A frota global da Embraer conta com mais de 800 aviões com uma média de 12 anos de idade, e a fabricante de aviões sediada em São José dos Campos poderia começar a pagar boa parte dos seus US$ 881 milhões em garantias de valor residual e financeiro em 2014, disse Genovesi. Sua nota de crédito para os recibos de depósitos americanos é neutral.

No passado, a Embraer cotou modelos de 50 assentos como os da família ERJ-145 por até US$ 25 milhões, embora os compradores obtenham, normalmente, descontos. Agora, um ERJ-145ER de 1999 possui um valor de mercado de aproximadamente US$ 2,8 milhões, segundo estimativas da consultoria de aviação Avitas, sediada em Chantilly, Virgínia.

Demanda dos ERJ

Genovesi disse que a Embraer será responsável pela diferença entre o valor que os jatos podem conseguir atualmente e a garantia, baseada no preço de venda, fechado há anos.


“Os aviões ERJ ainda cumprem uma missão muito especial nos EUA”, disse a companhia por e-mail. “Atualmente, há oportunidades em mercados secundários para as operações de companhias aéreas regionais em mercados emergentes como a África, a Europa Oriental e a América Latina”.

Os aviões pequenos eram uma opção econômica para as companhias aéreas americanas há duas décadas. Por exemplo, o preço médio do querosene para jatos em 1994 era de cerca de US$ 0,53 por galão (3,78 litros). O preço se compara a US$ 2,97 neste ano até a semana passada, valor que dificulta distribuir os maiores custos de combustível em tão poucos assentos.

Novos aviões da Embraer, da Bombardier Inc. e de outras estão reduzindo ainda mais o mercado para os modelos mais velhos, disse Brian Foley, consultor de aviação e ex-diretor de marketing na unidade de jatos comerciais Falcon da Dassault SA. A Embraer começará a entrega dos novos modelos E2 em 2018.

‘Caro demais’

Eric Hugel, analista sediado em Nova York que trabalha na S&P Capital IQ Inc., disse que a Embraer não será responsável por mais dentre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões em garantias de valor residual e que as companhias que fizeram leasing também terão que injetar dinheiro nos aviões para devolvê-los sob condições específicas.

“Talvez seja caro demais deixar os aviões em boa forma para devolvê-los à Embraer”, disse Hugel. Mesmo que a Embraer tiver que assumir perdas por alguns dos aviões devolvidos, a companhia possui os meios financeiros para lidar com isso. “Efetivamente, a Embraer não possui dívidas. Desde o ponto de vista do fluxo de caixa, eles podem pagar”.

A Embraer tinha R$ 4,8 bilhões (US$ 2,1 bilhões) em caixa e equivalentes no terceiro trimestre, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Eles podem tomar empréstimos caso apareça uma grande dívida como essa: parte da razão pela qual eles estão sentados sobre dinheiro é que eles sabem que isso está chegando”, disse Genovesi da UBS.

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São Paulo - A Embraer SA, uma das pioneiras na indústria global de jatos regionais, corre o risco de sofrer apertos financeiros por causa de uma promessa de garantir um valor mínimo às companhias ao revenderem seus aviões mais velhos.

Os preços dos jatos usados estão caindo porque as companhias aéreas evitam os modelos de 50 assentos preferidos no final da década de 1990 e no começo da década de 2000, disse Darryl Genovesi, analista da UBS AG, em Nova York. A Embraer deve às linhas aéreas 16 por cento do valor original de um avião e poderia passar por dificuldades para recuperar o dinheiro, disse Genovesi.

“Há milhares de jatos regionais que vão precisar de um lar ou eles ficarão presos com garantias de valor residual”, disse Genovesi em uma entrevista em novembro. “Parece que eles não vão estar à altura. Provavelmente tenham que assumir perdas”.

As companhias aéreas estão retirando gradualmente cada vez mais unidades dos modelos menores e acrescentando aviões maiores e mais eficientes.

A frota global da Embraer conta com mais de 800 aviões com uma média de 12 anos de idade, e a fabricante de aviões sediada em São José dos Campos poderia começar a pagar boa parte dos seus US$ 881 milhões em garantias de valor residual e financeiro em 2014, disse Genovesi. Sua nota de crédito para os recibos de depósitos americanos é neutral.

No passado, a Embraer cotou modelos de 50 assentos como os da família ERJ-145 por até US$ 25 milhões, embora os compradores obtenham, normalmente, descontos. Agora, um ERJ-145ER de 1999 possui um valor de mercado de aproximadamente US$ 2,8 milhões, segundo estimativas da consultoria de aviação Avitas, sediada em Chantilly, Virgínia.

Demanda dos ERJ

Genovesi disse que a Embraer será responsável pela diferença entre o valor que os jatos podem conseguir atualmente e a garantia, baseada no preço de venda, fechado há anos.


“Os aviões ERJ ainda cumprem uma missão muito especial nos EUA”, disse a companhia por e-mail. “Atualmente, há oportunidades em mercados secundários para as operações de companhias aéreas regionais em mercados emergentes como a África, a Europa Oriental e a América Latina”.

Os aviões pequenos eram uma opção econômica para as companhias aéreas americanas há duas décadas. Por exemplo, o preço médio do querosene para jatos em 1994 era de cerca de US$ 0,53 por galão (3,78 litros). O preço se compara a US$ 2,97 neste ano até a semana passada, valor que dificulta distribuir os maiores custos de combustível em tão poucos assentos.

Novos aviões da Embraer, da Bombardier Inc. e de outras estão reduzindo ainda mais o mercado para os modelos mais velhos, disse Brian Foley, consultor de aviação e ex-diretor de marketing na unidade de jatos comerciais Falcon da Dassault SA. A Embraer começará a entrega dos novos modelos E2 em 2018.

‘Caro demais’

Eric Hugel, analista sediado em Nova York que trabalha na S&P Capital IQ Inc., disse que a Embraer não será responsável por mais dentre US$ 200 milhões e US$ 300 milhões em garantias de valor residual e que as companhias que fizeram leasing também terão que injetar dinheiro nos aviões para devolvê-los sob condições específicas.

“Talvez seja caro demais deixar os aviões em boa forma para devolvê-los à Embraer”, disse Hugel. Mesmo que a Embraer tiver que assumir perdas por alguns dos aviões devolvidos, a companhia possui os meios financeiros para lidar com isso. “Efetivamente, a Embraer não possui dívidas. Desde o ponto de vista do fluxo de caixa, eles podem pagar”.

A Embraer tinha R$ 4,8 bilhões (US$ 2,1 bilhões) em caixa e equivalentes no terceiro trimestre, segundo dados compilados pela Bloomberg.

“Eles podem tomar empréstimos caso apareça uma grande dívida como essa: parte da razão pela qual eles estão sentados sobre dinheiro é que eles sabem que isso está chegando”, disse Genovesi da UBS.

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