Candido Bracher, presidente do Itaú: recursos doados serão administrados por conselho de saúde (Germano Lüders/VOCÊ S/A)
Rodrigo Caetano
Publicado em 13 de abril de 2020 às 11h50.
Última atualização em 13 de abril de 2020 às 11h52.
Para Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco, maior banco privado brasileiro, nenhuma instituição pode ser melhor do que o país em que ela se encontra. Por isso, toda empresa deve se preocupar com as condições sociais das pessoas. “Precisamos cuidar da nossa casa”, afirma Bracher. "Não descansaremos enquanto a pandemia não for superada".
O banco anunciou uma doação de 1 bilhão de reais para o combate ao novo coronavírus. O valor será transferido para a Fundação Itaú Social e será administrado por um grupo de profissionais da área de saúde liderado pelo médico Paulo Chapchap, diretor-geral do Hospital Sírio-Libanês.
Segundo Bracher, esse dinheiro, que representa pouco mais de 3% do lucro líquido do Itaú, sairá do balanço da instituição e não é elegível a incentivos tributários. A equipe liderada por Chapchap, que conta com Sidney Klajner, presidente da do Hospital Albert Einstein, e o médico Drauzio Varella, trabalhará voluntariamente.
O presidente do Itaú prevê grandes mudanças no setor empresarial após a crise. “Quanto mais tempo durar o isolamento, mais fragilizada estará a economia na saída”, diz Bracher. “Essa fragilidade vai forçar todos os agentes a reverem a forma como apoiam a economia”.
As estimativas iniciais do Itaú previam um intervalo de queda do PIB brasileiro, em 2020, entre 0,5% e 6,5%, a depender da duração do isolamento social e da velocidade da retomada. "Hoje, minha estimativa é que esse intervalo esteja entre 3,5% e 6,5%", afirmou o executivo.
Antes do anúncio do Itaú, as doações de empresas e indivíduos para iniciativas de combate ao novo coronavírus já ultrapassavam a marca de 1 bilhão de reais, de acordo com levantamento é da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), que vem monitorando o movimento filantrópico relacionado à pandemia.
Segundo João Paulo Vergueiro, diretor executivo da ABCR, esse movimento é inédito e o maior da história recente do País. “ “Estamos falando desde grandes doadores, como empresas e ONGs, com milhões de reais, a famílias, grupos e indivíduos que doam 30, 40 reais”, diz Vergueiro.
O total doado é ainda maior, no entanto, pois o monitoramento da ABCR considera apenas as doações públicas e com o valor em reais divulgado. Iniciativas que envolvem a compra de produtos médicos, como álcool gel, máscaras etc, não entram no cálculo.
Para Márcia Woods, presidente do conselho da ABCR, esse movimento mostra a importância do terceiro setor para a economia. “O terceiro setor não deve ser valorizado só em momentos de crise como agora, em que houve uma mobilização ágil de recursos. Ele é fundamental por apoiar às diversas causas sociais que atuam junto aos menos favorecidos e em temas críticos para nossa sociedade”, diz Márcia.