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Investidores na Austrália procuram diversidade em conselhos

Em todo o mundo, os investidores institucionais estão cada vez mais temerosos de que muitas empresas estejam demorando para nomear mulheres

Diversidade: “Estamos vendo que acionistas e investidores estão cada vez mais focados no risco de não ter um conselho com diversidade de gênero" (foto/Thinkstock)

Diversidade: “Estamos vendo que acionistas e investidores estão cada vez mais focados no risco de não ter um conselho com diversidade de gênero" (foto/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2017 às 18h17.

Sidnei/Melbourne - Conselhos de administração formados apenas por homens, anotem aí: seus maiores investidores perderam a paciência.

O Conselho Australiano de Investidores em Fundos de Pensão (ACSI, na sigla em inglês) -- cujos membros possuem mais de 1,5 trilhão de dólares australianos (US$ 1,1 trilhão) em recursos sob gestão -- prometeram votar contra conselhos que não apresentarem progresso suficiente em termos de diversidade de gênero.

“Nossa avaliação é que o compromisso fracassou”, disse a CEO do ACSI, Louise Davidson, por telefone.

“Investimos bastante tempo e oferecemos uma série de oportunidades para que as empresas realmente se organizassem. Isso não aconteceu. Portanto, usaremos a próxima opção à disposição, que é começar a votar.”

Em todo o mundo, os investidores institucionais estão cada vez mais temerosos de que muitas empresas estejam demorando para nomear mulheres -- apesar de uma série de evidências que respaldam a diversidade.

As empresas com forte liderança feminina obtiveram um retorno anual sobre as ações de 10,1 por cento em 2015, contra 7,4 por cento das demais, mostra uma pesquisa da MSCI.

Uma pesquisa de 2016 do Credit Suisse com mais de 3.000 empresas apontou que as ações das companhias com conselhos mais diversos conseguiam um desempenho superior.

“Os investidores que pedem às companhias prestações de conta sobre seu progresso em termos de igualdade de gênero no conselho terão um enorme impacto”, disse Allyson Zimmermann, diretor-executivo em Zurique da Catalyst Europe, uma organização global focada na inclusão no ambiente de trabalho.

“Estamos vendo que acionistas e investidores estão cada vez mais focados no risco de não ter um conselho com diversidade de gênero.”

Meta de 30%

Na Austrália -- assim como ocorre com outros países, como EUA e Reino Unido --, o ritmo de mudança diminuiu.

As mulheres detêm 25 por cento das posições nos conselhos, 8,3 por cento a mais que em 2009, mas até esta altura do ano foram indicados três homens para cada mulher nomeada, segundo o 30% Club. O grupo busca alcançar sua meta de 30 por cento no ano que vem.

Patricia Cross, chefe do capítulo australiano do 30% Club, está “profundamente preocupada” com a redução da taxa de nomeação: “Penso que é hora de esses proprietários beneficiários, a quem chamo de ‘verdadeiros’ donos, começarem a usar seus músculos em prol da agenda da diversidade”, disse ela, por e-mail.

O ACSI está escutando o chamado. Quando começar a temporada de assembleias gerais, o grupo começará a recomendar que seus membros votem contra a reeleição dos diretores em exercício -- a começar pelos presidentes dos conselhos -- das empresas do ASX 200 que ainda não tiverem mulheres em seus conselhos.

Apesar de a propriedade dos membros do ACSI de empresas do ASX 200 ser insuficiente, por si só, para derrubar um diretor, ela basta para enviar uma mensagem “bastante forte”, disse Davidson. “A esperança é que estabeleça alguns precedentes.”

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