Imposto pressiona lucro líquido da Natura no 3º tri

São Paulo - A Natura encerrou o terceiro trimestre com lucro líquido de 191,7 milhões de reais. O valor é 0,8% superior ao obtido no mesmo trimestre de 2009, reflexo da maior alíquota efetiva de imposto de renda em 2010, segundo a empresa. Quando se compara o lucro antes do imposto de renda, o crescimento em relação ao mesmo período de 2009 foi de 24%.

O acumulado do lucro líquido após IR nos nove primeiros meses de 2010 foi de 524,7 milhões de reais, apresentando crescimento de 5,6% sobre o mesmo período de 2009. Em 2009, a taxa de IR foi em torno de 20%, por conta de amortização do ágio. Já em 2010, ela voltou ao patamar normal de cerca de 34%, o que levou ao pequeno aumento no lucro líquido no terceiro trimestre. “Isso é algo totalmente esperado, planejado, não tem surpresa nenhuma nesse dado”, disse Roberto Pedote, vice-presidente de Finanças e Jurídico da Natura em teleconferência com jornalistas nesta quinta-feira (21/10).

Os resultados da Natura no trimestre seguiram o esperado, segundo a Itaú Corretora. “A rentabilidade nas operações brasileiras foi impressionante, a expansão na margem bruta compensou qualquer aumento nas despesas. A área internacional, por sua vez, ficou abaixo das nossas expectativas”, informou o relatório assinado pelas analistas Francine Martins e Juliana Rozembaum.

A Natura inaugurou dois novos centros de distribuição, em Uberlândia (MG) e Castanhal (PA). Ambos estão em funcionamento desde o começo de outubro.

Resultados

A receita líquida consolidada cresceu 21,5% no período, atingindo 1,281 bilhão de reais, enquanto o ebitda (sigla para o inglês de lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou 323,5 milhões de reais, com margem de 25,3% e crescimento de 18,0%.

Na operação brasileira, a receita líquida evoluiu 21% no trimestre, atingindo 1,184 bilhão de reais (no acumulado do ano a receita líquida foi de 3,317 bilhão de reais, com crescimento de 22,6%). A margem de ebitda no trimestre atingiu 29,4%, comparativamente a 29,3% no mesmo período de 2009.

Nas operações internacionais, a receita avançou 32,8% em moeda local ponderada neste trimestre (crescimento de 39,6% no acumulado do ano). O ebitda do trimestre mostrou um prejuízo de 24,4 milhões de reais no terceiro trimestre e de 59,7 milhões de reais no acumulado do ano.

As operações em consolidação (Argentina, Chile e Peru) apresentaram, no trimestre, crescimento de 24,3% na receita em moeda local ponderada (avanço de 30,4% no acumulado do ano). As operações em implantação (México e Colômbia) cresceram 55,7% no trimestre (73,7% no acumulado do ano).

Os empréstimos e financiamentos somam 702,3 milhões de reais, com dois terços do montante a vencer no longo prazo. O endividamento líquido de 327,6 milhões de reais ao final do período representa 0,3 vezes o ebitda da Natura dos últimos 12 meses.

O índice de inovação permaneceu de acordo com as expectativas da empresa, alcançando 67,0% (66,8% no final dos nove meses de 2009). No terceiro trimestre, foram lançados 23 novos produtos, que somados aos 52 do primeiro semestre, completam 75 produtos lançados este ano até setembro.

Consultoras

Ao final do trimestre a base consolidada de consultoras atingiu 1,170 millhão, um crescimento de 18,4%. A receita bruta por consultora – produtividade – no acumulado dos nove meses cresceu 1,6%. “A produtividade delas aumenta com o passar do tempo”, disse Pedote. A taxa de saída total de consultoras foi de 36% em 2009 e nesse ano o número está igual ou menor, segundo a empresa.

As vendas de e-commerce continuam não sendo muito relevantes, segundo o vice-presidente. O modelo atual de vendas também não é a forma considerada ideal pela empresa, pois falta a integração com as consultoras, uma das marcas da Natura. “O e-commerce exercerá importante mas num formato de integração com a consultora”, disse Pedote.