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Grupo Multi está de volta às compras

Após se tornar dono da maior rede de ensinos de idiomas e cursos profissionalizantes do país, Carlos Martins começa a adquirir escolas de ensino a distância

Carlos Wizard Martins, fundador do grupo Multi: a mais recente aquisição é a escola de ensino de inglês a distância Ezlearn, que reúne um total de 20 mil alunos (Raul Junior / VOCÊ S.A.)
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Da Redação

Publicado em 26 de agosto de 2013 às 08h36.

Última atualização em 7 de maio de 2019 às 19h33.

São Paulo - Em 2010, Carlos Martins, fundador das escolas de inglês Wizard, deixou seus concorrentes perplexos. Saiu fazendo aquisições em série e em poucos meses se tornou dono da maior rede de ensino de idiomas e de cursos profissionalizantes do País. Três anos depois, o controlador do Grupo Multi voltou às compras. Ele acaba de adquirir a escola de ensino de inglês a distância Ezlearn, com o objetivo de conquistar a liderança deste mercado.

O valor do negócio não foi divulgado. "“Temos acompanhado, nos últimos anos, que existe uma demanda por cursos a distância. E a Wizard, assim como o grupo Multi, não pode ficar aquém dessa realidade"”, diz Martins.

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A Ezlearn era comandada por Ana Gabriela Pessoa, que agora vai atuar como diretora de inovação do Multi. A executiva terá a função de desenvolver a tecnologia online para os cerca de um milhão de alunos atendidos pelo grupo, que tem um faturamento anual de R$ 3,2 bilhões.

Fundada em 2009, a Ezlearn conseguiu reunir um total de 20 mil alunos no curso online e ensina a língua a 2 milhões de usuários por meio de SMS, em parceria com a operadora de telefonia TIM. “Existe um mercado em expansão no mundo digital e a equipe está feliz com essa nova etapa, que abre possibilidades infinitas para trazer novos alunos e fazer o bolo crescer e melhorar o aprendizado”, diz Ana Gabriela.

Segundo a executiva, não haverá mudança na empresa e em seu método de ensino. A diferença é que, no início, o site de ensino de inglês da Ezlearn, o Meuingles.com, será usado como plataforma complementar aos alunos das três escolas de idiomas do Grupo Multi - Wizard, Yázigi e Skill.

“Nosso foco, em um primeiro momento, é atender o cliente que já é consumidor da casa”, explica Martins. “Num segundo momento, pretendemos abrir o ensino de inglês à distância para o mercado em geral. Isso deve ocorrer no primeiro semestre de 2014.”

Essa não é a primeira incursão do Grupo Multi no mundo online. A empresa já tem um portal gratuito chamado We Speak, que conta com 350 mil usuários. “Esse é um mercado muito promissor”, diz o presidente do grupo, Giovanni Giovannelli. “Há um público, no Brasil, de 20 milhões de pessoas, com dinheiro no bolso e vontade de aprender um idioma.”

Mercado. Segundo pesquisa do instituto Ipsos, apenas 3% da população brasileira estuda inglês. “A realização da Copa do Mundo e da Olimpíada no Brasil também contribui para aquecer o setor”, diz Alexandre Pierantoni, líder da área de educação da consultoria PriceWaterhouseCoopers.

Essas condições vêm atraindo investidores para o setor nos últimos anos. O próprio Grupo Multi recebeu no fim de 2010 um aporte de R$ 200 milhões da Kinea, empresa de investimentos do Itaú - e faz planos de abrir o capital em breve. Em setembro do ano passado, o fundo de private equity Actis investiu R$ 135 milhões na rede CNA e, dias depois, a rede Cel Lep foi vendida para o fundo americano H.I.G. Capital.

A consolidação no setor de ensino de idiomas é reflexo direto do aumento da renda da população e da busca por profissionalização no País. Nesse contexto, os cursos a distância vêm ganhando mercado porque oferecem acessibilidade para os alunos e proporcionam custos mais baixos para as empresas que oferecem o serviço.

Concorrência

Ao entrar para valer no segmento de ensino de inglês online, o Grupo Multi vai enfrentar concorrentes tão fortes quanto a Ezlearn. Uma delas é a Open English, empresa da Venezuela que foi criada, em 2006, com capital do Vale do Silício. No Brasil desde 2011, a Open English tem 20 mil alunos no mercado brasileiro e 100 mil na América Latina.

Em março deste ano, a empresa norte-americana de ensino à distância Rosetta Stone comprou a Livemocha, ambas com operação no País, e conseguiu elevar o número de alunos em 62%, contando hoje com 3 milhões de estudantes no mercado brasileiro. “Esperamos crescer três dígitos nos próximos três a cinco anos e estamos superando todas as metas. Acreditamos que o mercado brasileiro terá um dos maiores crescimentos”, diz Carolina Furukrona, diretora executiva de mercados emergentes da empresa, que está presente em 150 países.

A Rosetta Stone entrou no Brasil em 2011 com foco na educação institucional, oferecendo cursos para empresas, governos e ONGs. Em outubro, a rede norte-americana deve entrar no varejo com mais força.

Desafios

Se por um lado o estudo à distância ultrapassa as fronteiras geográficas, ainda há limites de crescimento do serviço por falta de infraestrutura de telecomunicações, explica Adir Ribeiro, especialista em franchising da consultoria Praxis Business. “Ainda há desafios enormes, apesar de os números da educação à distancia terem crescido. E isso passa tanto pela falta de estrutura tecnológica, que não chega a todos os pontos do Brasil. Isso tem impacto direto na prestação do serviço.”

De qualquer forma, o interesse pela plataforma online é tão grande que algumas empresas estão usando o ensino à distância para tentar também incrementar o número de alunos das escolas físicas. Esse é um dos planos da rede CNA, que, em agosto, fechou um acordo com a empresa de cursos online Cresça Brasil. Ela vai oferecer cursos básicos de inglês, de 20 horas de duração, pela internet. O cenário, portanto, é de concorrência acirrada. Se quiser ser líder também no mundo virtual, o senhor Wizard terá muito trabalho pela frente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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