Governo do Panamá apresenta denúncia contra Odebrecht
A denúncia penal é por crimes "contra a ordem econômica e a administração pública e contra qualquer outro delito que resulte da investigação"
EFE
Publicado em 20 de fevereiro de 2017 às 16h24.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2017 às 17h36.
Cidade do Panamá - O governo do Panamá apresentou nesta segunda-feira perante o Ministério Público local uma denúncia penal contra a Odebrecht , investigada pelo pagamento de milionários subornos no país.
A denúncia penal por crimes "contra a ordem econômica e a administração pública e contra qualquer outro delito que resulte da investigação" foi apresentada hoje pelo ministro de Segurança Pública panamenho, Alexis Bethancourt.
O governo do presidente Juan Carlos Varela tinha anunciado no último dia 28 de dezembro que apresentaria a denúncia contra a construtora brasileira, para reivindicar fundos públicos que podem ter sido usurpados.
Nesse mesmo dia, o Ministério Público panamenho informou que formulou acusações por lavagem de capitais contra as primeiras 17 pessoas vinculadas aos subornos pagos pela Odebrecht, entre elas dois filhos e um irmão do ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014).
Segundo relatório do Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgado em dezembro do ano passado, a Odebrecht pagou US$ 59 milhões em subornos a funcionários panamenhos durante os anos 2009 e 2014, quando governou Martinelli.
Sobre o montante que o Estado pretende recuperar, Bethancourt disse que "temos ideia do que se mencionou no acordo que a Odebrecht fez nos Estados Unidos e do dinheiro que há na Suíça, mas nós esperamos que se recupere mais dinheiro, esta investigação seguramente vai encontrar mais dinheiro usurpado do Estado".
O ministro indicou que a apresentação da denúncia permitirá ao Estado panamenho defender-se das lesões patrimoniais que se comprovem, ser parte do processo para ter informação, assim como a coordenação com outros ministros para coadjuvar a investigação realizada pelo Ministério Público.
"Nós temos uma denúncia não especificamente contra uma empresa, esta é uma denúncia que fazemos contra as pessoas naturais e jurídicas que tenham cometido uma lesão contra o Estado, porque nós temos que ser amplos e ver o que resulta da investigação", detalhou Bethancourt.
A Odebrecht, que é a principal prestadora de serviços do Estado panamenho e executa atualmente projetos de infraestrutura que superam US$ 3 bilhões, se comprometeu a pagar ao país "os primeiros US$ 59 milhões" em conceito de fundo de garantia, segundo anunciou o Ministério Público.
A construtora brasileira já alcançou um acordo judicial com os governos de EUA, Brasil e Suíça para pagar multas que somam US$ 2,047 bilhões.
O controlador panamenho, Federico Humbert, anunciou na semana passada que os custos de sete projetos de infraestrutura, entre eles alguns construídos pela Odebrecht, serão avaliados pela Controladoria Geral e pela Câmara de Comércio, Indústria e Agricultura (CCIAP).
A medida foi anunciada depois que um ex-ministro conselheiro da presidência panamenha denunciou suposto superfaturamento nos custos da orla marítima da capital, que foi construída pela empresa brasileira.
Humbert já disse que não acredita que a Odebrecht pagou apenas US$ 59 milhões em propinas no Panamá e que também não pensa que foi a única empresa a praticar subornos no país.