Governo da Argentina ameaça retirar concessão da Vale
Ameaça foi feita após a paralisação do projeto de potássio Rio Colorado, anunciada pela Vale nesta semana
Da Redação
Publicado em 24 de setembro de 2013 às 14h06.
Rio de Janeiro/ Buenos Aires - O governo argentino ameaçou nesta quarta-feira revogar a concessão da Vale no projeto de potássio Rio Colorado, após a paralisação do empreendimento anunciada pela mineradora brasileira nesta semana.
Para o governo da Argentina, ao suspender o projeto orçado em cerca de 6 bilhões de dólares, a mineradora brasileira feriu as regras do país.
"A empresa violou a segurança jurídica e as leis da Argentina e de Mendoza, em particular, que outorgou a permissão de concessão. E se não a explorarem, vão perdê-la", disse o ministro de Planejamento, Julio de Vido, em discurso na Casa Rosada, sede do governo argentino.
Cerca de 6 mil empregados serão demitidos com a suspensão do projeto.
No mesmo evento na Casa Rosada, o governador da província de Mendoza, Francisco Perez, disse que até esta quarta-feira a Vale não havia notificado o governo sobre futuro de Rio Colorado.
Ele também citou a presidente do país, Cristina Kirchner, dizendo que o projeto será levado adiante "com ou sem a Vale".
A mineradora, aliás, busca vender o ativo e recuperar os 2,2 bilhões de dólares investidos no empreendimento de potássio, disse nesta quarta-feira à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto. Procurada, a Vale não comentou a informação.
O movimento da Vale ocorre em um país com histórico de expropriar empresas que, segundo o governo, não estariam produzindo o suficiente.
A nacionalização em 2012 de 51 % da YPF, parte detida pela petrolífera espanhola Repsol, foi o caso mais notório de como o Estado argentino pode jogar duro com empresas estrangeiras.
Antes, o país já havia nacionalizado a linha aérea Aerolineas Argentinas e outras empresas de serviços públicos.
Projeto Parado
A segunda maior mineradora do mundo disse ter completado 45 % do projeto de Rio Colorado, que inclui, além da mina, 800 quilômetros de ferrovia e um terminal no porto de Bahía Blanca, ao sul de Buenos Aires.
Em dezembro, pouco antes de colocar os funcionários na Argentina em licença remunerada e suspender as obras, a Vale disse que estava buscando um parceiro para comprar parte do projeto e ajudar a suportar os custos, num momento em que a mineradora tenta concentrar investimentos no seu negócio principal, de minério de ferro.
A busca por um comprador pela Vale, no entanto, ocorre em um momento de fragilidade dos preços das commodities minerais, com as principais empresas do setor passando por aperto financeiro, registrando queda nos lucros e trocando executivos.
Em nota na segunda-feira, a Vale disse que não abandonaria as jazidas de potássio na Argentina e continuaria zelando por seus direitos de exploração na região.
Os ativos de potássio na Argentina foram comprados da Rio Tinto em 2009.
Repercussão
O diretor de Assuntos Minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Marcelo Tunes, afirmou que a decisão da Vale de congelar ou sair definitivamente de Rio Colorado pode ter impacto para o Brasil.
Mesmo sendo extraído na Argentina, o insumo estaria nas mãos de uma companhia brasileira, o que aliviaria o país na busca por fontes de fertilizantes, disse ele durante evento de mineração no Rio.
O Brasil importa cerca de 90 % das suas necessidades de potássio e o aumento da produção agrícola poderia potencializar o déficit nos próximos anos.
O representante das mineradoras disse que o governo deveria incentivar as empresas a desenvolver jazidas de potássio e fosfato. Como exemplo, citou reservas de potássio na Amazônia, que poderiam ser desenvolvidas se houvesse incentivo, segundo ele.
A Vale já desenvolve o projeto Carnalitas, no Sergipe, mas para uma produção bem menor que a prevista para Rio Colorado, de cerca de 4,3 milhões de toneladas por ano.
Rio de Janeiro/ Buenos Aires - O governo argentino ameaçou nesta quarta-feira revogar a concessão da Vale no projeto de potássio Rio Colorado, após a paralisação do empreendimento anunciada pela mineradora brasileira nesta semana.
Para o governo da Argentina, ao suspender o projeto orçado em cerca de 6 bilhões de dólares, a mineradora brasileira feriu as regras do país.
"A empresa violou a segurança jurídica e as leis da Argentina e de Mendoza, em particular, que outorgou a permissão de concessão. E se não a explorarem, vão perdê-la", disse o ministro de Planejamento, Julio de Vido, em discurso na Casa Rosada, sede do governo argentino.
Cerca de 6 mil empregados serão demitidos com a suspensão do projeto.
No mesmo evento na Casa Rosada, o governador da província de Mendoza, Francisco Perez, disse que até esta quarta-feira a Vale não havia notificado o governo sobre futuro de Rio Colorado.
Ele também citou a presidente do país, Cristina Kirchner, dizendo que o projeto será levado adiante "com ou sem a Vale".
A mineradora, aliás, busca vender o ativo e recuperar os 2,2 bilhões de dólares investidos no empreendimento de potássio, disse nesta quarta-feira à Reuters uma fonte com conhecimento direto do assunto. Procurada, a Vale não comentou a informação.
O movimento da Vale ocorre em um país com histórico de expropriar empresas que, segundo o governo, não estariam produzindo o suficiente.
A nacionalização em 2012 de 51 % da YPF, parte detida pela petrolífera espanhola Repsol, foi o caso mais notório de como o Estado argentino pode jogar duro com empresas estrangeiras.
Antes, o país já havia nacionalizado a linha aérea Aerolineas Argentinas e outras empresas de serviços públicos.
Projeto Parado
A segunda maior mineradora do mundo disse ter completado 45 % do projeto de Rio Colorado, que inclui, além da mina, 800 quilômetros de ferrovia e um terminal no porto de Bahía Blanca, ao sul de Buenos Aires.
Em dezembro, pouco antes de colocar os funcionários na Argentina em licença remunerada e suspender as obras, a Vale disse que estava buscando um parceiro para comprar parte do projeto e ajudar a suportar os custos, num momento em que a mineradora tenta concentrar investimentos no seu negócio principal, de minério de ferro.
A busca por um comprador pela Vale, no entanto, ocorre em um momento de fragilidade dos preços das commodities minerais, com as principais empresas do setor passando por aperto financeiro, registrando queda nos lucros e trocando executivos.
Em nota na segunda-feira, a Vale disse que não abandonaria as jazidas de potássio na Argentina e continuaria zelando por seus direitos de exploração na região.
Os ativos de potássio na Argentina foram comprados da Rio Tinto em 2009.
Repercussão
O diretor de Assuntos Minerários do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Marcelo Tunes, afirmou que a decisão da Vale de congelar ou sair definitivamente de Rio Colorado pode ter impacto para o Brasil.
Mesmo sendo extraído na Argentina, o insumo estaria nas mãos de uma companhia brasileira, o que aliviaria o país na busca por fontes de fertilizantes, disse ele durante evento de mineração no Rio.
O Brasil importa cerca de 90 % das suas necessidades de potássio e o aumento da produção agrícola poderia potencializar o déficit nos próximos anos.
O representante das mineradoras disse que o governo deveria incentivar as empresas a desenvolver jazidas de potássio e fosfato. Como exemplo, citou reservas de potássio na Amazônia, que poderiam ser desenvolvidas se houvesse incentivo, segundo ele.
A Vale já desenvolve o projeto Carnalitas, no Sergipe, mas para uma produção bem menor que a prevista para Rio Colorado, de cerca de 4,3 milhões de toneladas por ano.