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Google teria negociado acordo para compra da Tesla em 2013

Pouco antes de registrar seu primeiro lucro trimestral da história, a Tesla estava à beira da falência e negociava sua venda para o Google

Tesla: porta-voz da Tesla, Ricardo Reyes, e a porta-voz do Google, Rachel Whetstone, preferiram não comentar o assunto (©afp.com / STAN HONDA)
DR

Da Redação

Publicado em 20 de abril de 2015 às 20h10.

Em 8 de maio de 2013, a Tesla Motors surpreendeu a quase todos ao registrar seu primeiro lucro trimestral da história, reportando uma demanda maior que a esperada pelo sedã elétrico Model S.

Aquele momento marcou o início da virada da barulhenta fabricante de veículos de Elon Musk.

No ano seguinte, o Model S ganharia a maior parte dos principais prêmios da indústria automotiva e o preço das ações da Tesla se multiplicou em quase cinco vezes, para mais de US$ 200.

O anúncio de lucro em 2013 foi imprevisto. Apenas algumas semanas antes, a Tesla estava à beira da falência.

No início de 2013, a empresa enfrentava dificuldades para transformar as encomendas de seus veículos em vendas reais.

Enquanto colocava sua equipe em status de crise para salvar a Tesla, Musk também começou a negociar um acordo para vender a empresa à Google por meio do amigo Larry Page, o cofundador e CEO da gigante das buscas, segundo duas fontes com conhecimento direto da negociação.

,O porta-voz da Tesla, Ricardo Reyes, e a porta-voz do Google, Rachel Whetstone, preferiram não comentar o assunto.

“Não quero especular com base em rumores”, disse Page, quando perguntei a ele se o Google havia considerado a possibilidade de comprar a Tesla, acrescentando que uma “empresa automotiva está bastante longe daquilo que o Google sabe”.

Embora a Tesla tenha investido vários anos desenhando e fabricando o Model S, seu principal veículo ainda não contava com alguns recursos quando foi à venda, em junho de 2012.

Seus elementos de segurança, software e espaço interior eram melhores do que os da maioria dos carros de luxo, mas ele não oferecia os sensores de estacionamento e o controle de cruzeiro assistido por radar de concorrentes como BMW e Mercedes-Benz.

Defeitos na maçaneta do Model S 2012 irritaram os primeiros compradores, assim como algumas escolhas estéticas, como os para-sóis do carro, que tinham acabamentos disformes.

Os primeiros clientes da Tesla eram típicos pioneiros que queriam um computador sobre rodas. No fim de 2012, muitos se queixavam dos bugs que ainda não haviam sido consertados e, com isso, as vendas se reduziram a quase nada.

“O boca a boca em torno do carro era horrível”, diz Musk. No Dia de São Valentim (14 de fevereiro) de 2013, a Tesla vivia um ciclo vicioso de metas de vendas não cumpridas e quedas dos preços das ações. Além disso, os executivos da empresa tinham escondido a severidade do problema de Musk, uma pessoa intensamente exigente.

Quando ele descobriu, arrastou funcionários de todos os departamentos -- engenharia, design, finanças, RH -- para uma reunião e ordenou que eles telefonassem às pessoas que haviam reservado carros Tesla e fechassem aquelas vendas. “Se não entregarmos esses carros, estamos f---dos”, disse Musk aos funcionários, segundo uma pessoa que estava na reunião. “Eu não quero saber qual é o trabalho que vocês estão fazendo. O novo trabalho de vocês é vender carros”.

Na primeira semana de março de 2013, Musk abordou Page, segundo as duas fontes informadas sobre as negociações. Mas àquela altura havia tantos clientes adiando suas compras que Musk, sigilosamente, havia fechado a fábrica da Tesla.

Levando seus dilemas em consideração, Musk trabalhou para conseguir um acordo favorável. Ele propôs que o Google comprasse a Tesla imediatamente -- com um prêmio saudável, a empresa teria custado cerca de US$ 6 bilhões na época -- e desembolsasse outros US$ 5 bilhões em capital para expansões fabris.

Ele também queria garantias de que o Google não dividiria ou fecharia sua empresa antes de produzir um carro elétrico de terceira geração para o mercado automotivo de massa.

Ele insistiu para que Page o deixasse administrar a Tesla sob propriedade do Google por oito anos ou até que a empresa começasse a produzir um carro desse tipo. Page aceitou a proposta geral e confirmou o negócio.

Nas semanas seguintes, Musk, Page e os advogados do Google negociaram os termos específicos do acordo. Houve alguns pontos de atrito em torno das exigências financeiras de Musk que complicaram as negociações e separaram os dois lados.

Embora as duas companhias estivessem negociando, o frenesi de encomendas da Tesla começou a compensar e muitas pessoas passaram a comprar o Model S. Com seu trimestre chegando ao fim e o equivalente a duas semanas de caixa nos cofres, a Tesla começou a vender milhares de carros, o suficiente para registrar um lucro trimestral de US$ 11 milhões sobre uma receita de US$ 562 milhões.

Duas semanas após aquele anúncio, as ações da empresa haviam dobrado e a Tesla havia pago o empréstimo de US$ 465 milhões fornecido pelo Departamento de Energia dos EUA antecipadamente com juros. Musk pôs fim as negociações com o Google.

Ele já não precisava de um salvador.

*Esse texto foi extraído e adaptado do livro “Elon Musk: Tesla, SpaceX, and the Quest for a Fantastic Future” (“Elon Musk: Tesla, SpaceX e a procura por um futuro fantástico”, em tradução livre), com lançamento programado para 19 de maio pela Ecoo, uma marca da HarperCollins.

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Aquele momento marcou o início da virada da barulhenta fabricante de veículos de Elon Musk.

No ano seguinte, o Model S ganharia a maior parte dos principais prêmios da indústria automotiva e o preço das ações da Tesla se multiplicou em quase cinco vezes, para mais de US$ 200.

O anúncio de lucro em 2013 foi imprevisto. Apenas algumas semanas antes, a Tesla estava à beira da falência.

No início de 2013, a empresa enfrentava dificuldades para transformar as encomendas de seus veículos em vendas reais.

Enquanto colocava sua equipe em status de crise para salvar a Tesla, Musk também começou a negociar um acordo para vender a empresa à Google por meio do amigo Larry Page, o cofundador e CEO da gigante das buscas, segundo duas fontes com conhecimento direto da negociação.

,O porta-voz da Tesla, Ricardo Reyes, e a porta-voz do Google, Rachel Whetstone, preferiram não comentar o assunto.

“Não quero especular com base em rumores”, disse Page, quando perguntei a ele se o Google havia considerado a possibilidade de comprar a Tesla, acrescentando que uma “empresa automotiva está bastante longe daquilo que o Google sabe”.

Embora a Tesla tenha investido vários anos desenhando e fabricando o Model S, seu principal veículo ainda não contava com alguns recursos quando foi à venda, em junho de 2012.

Seus elementos de segurança, software e espaço interior eram melhores do que os da maioria dos carros de luxo, mas ele não oferecia os sensores de estacionamento e o controle de cruzeiro assistido por radar de concorrentes como BMW e Mercedes-Benz.

Defeitos na maçaneta do Model S 2012 irritaram os primeiros compradores, assim como algumas escolhas estéticas, como os para-sóis do carro, que tinham acabamentos disformes.

Os primeiros clientes da Tesla eram típicos pioneiros que queriam um computador sobre rodas. No fim de 2012, muitos se queixavam dos bugs que ainda não haviam sido consertados e, com isso, as vendas se reduziram a quase nada.

“O boca a boca em torno do carro era horrível”, diz Musk. No Dia de São Valentim (14 de fevereiro) de 2013, a Tesla vivia um ciclo vicioso de metas de vendas não cumpridas e quedas dos preços das ações. Além disso, os executivos da empresa tinham escondido a severidade do problema de Musk, uma pessoa intensamente exigente.

Quando ele descobriu, arrastou funcionários de todos os departamentos -- engenharia, design, finanças, RH -- para uma reunião e ordenou que eles telefonassem às pessoas que haviam reservado carros Tesla e fechassem aquelas vendas. “Se não entregarmos esses carros, estamos f---dos”, disse Musk aos funcionários, segundo uma pessoa que estava na reunião. “Eu não quero saber qual é o trabalho que vocês estão fazendo. O novo trabalho de vocês é vender carros”.

Na primeira semana de março de 2013, Musk abordou Page, segundo as duas fontes informadas sobre as negociações. Mas àquela altura havia tantos clientes adiando suas compras que Musk, sigilosamente, havia fechado a fábrica da Tesla.

Levando seus dilemas em consideração, Musk trabalhou para conseguir um acordo favorável. Ele propôs que o Google comprasse a Tesla imediatamente -- com um prêmio saudável, a empresa teria custado cerca de US$ 6 bilhões na época -- e desembolsasse outros US$ 5 bilhões em capital para expansões fabris.

Ele também queria garantias de que o Google não dividiria ou fecharia sua empresa antes de produzir um carro elétrico de terceira geração para o mercado automotivo de massa.

Ele insistiu para que Page o deixasse administrar a Tesla sob propriedade do Google por oito anos ou até que a empresa começasse a produzir um carro desse tipo. Page aceitou a proposta geral e confirmou o negócio.

Nas semanas seguintes, Musk, Page e os advogados do Google negociaram os termos específicos do acordo. Houve alguns pontos de atrito em torno das exigências financeiras de Musk que complicaram as negociações e separaram os dois lados.

Embora as duas companhias estivessem negociando, o frenesi de encomendas da Tesla começou a compensar e muitas pessoas passaram a comprar o Model S. Com seu trimestre chegando ao fim e o equivalente a duas semanas de caixa nos cofres, a Tesla começou a vender milhares de carros, o suficiente para registrar um lucro trimestral de US$ 11 milhões sobre uma receita de US$ 562 milhões.

Duas semanas após aquele anúncio, as ações da empresa haviam dobrado e a Tesla havia pago o empréstimo de US$ 465 milhões fornecido pelo Departamento de Energia dos EUA antecipadamente com juros. Musk pôs fim as negociações com o Google.

Ele já não precisava de um salvador.

*Esse texto foi extraído e adaptado do livro “Elon Musk: Tesla, SpaceX, and the Quest for a Fantastic Future” (“Elon Musk: Tesla, SpaceX e a procura por um futuro fantástico”, em tradução livre), com lançamento programado para 19 de maio pela Ecoo, uma marca da HarperCollins.

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