A Gol anunciou, nesta quinta-feira (3/2), que contratou mais 20 opções de compra de aeronaves 737-800 Next Generation com a americana Boeing. Em maio do ano passado, a companhia havia anunciado a aquisição de até 43 aparelhos do mesmo modelo, com entregas previstas entre 2006 e 2010. Com a ampliação do pedido, a Gol pode receber até 63 aviões nesse prazo.

O anúncio é mais um passo na disputa entre as companhias aéreas brasileiras, que lutam para se reestruturar e escapar da crise. No final de janeiro, a Vasp teve sua licença de vôo cassada pelo Departamento de Aviação Civil (DAC). A maioria dos analistas dá como certa a liquidação da empresa, envolvida numa crise que já dura uma década. Com dificuldades para operar, a participação de mercado da Vasp despencou entre 2003 e 2004. Em dezembro do ano retrasado, a companhia atendia 11,95% dos passageiros transportados em vôos domésticos, de acordo com o DAC. No final de 2004, a participação caiu para apenas 0,75%.

Também nos últimos dias de janeiro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica determinou o fim do compartilhamento de vôos entre a Varig e a TAM. A medida é mais um desafio na situação já complicada da Varig, cujas dívidas com o governo e fornecedores privados já levaram inclusive a propostas de estatização da companhia, apresentadas pelo vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar.

Em meio a tanta turbulência no setor aéreo, a Gol e a TAM destacam-se na disputa pelos passageiros. Segundo analistas, a TAM será a maior beneficiada pelo fim do code share com a Varig. Com boa saúde financeira, a companhia já está ampliando a frota para aumentar a competitividade nas rotas antes compartilhadas. Neste ano, a empresa deve receber seis novas aeronaves: quatro Airbus 320 e dois Airbus 330. Em dezembro, a TAM era a líder do mercado, com 41,17% dos passageiros transportados em vôos domésticos. Doze meses antes, essa fatia era de 33,43%.

Já a Gol aposta no modelo de vôos econômicos para incrementar os negócios. Segundo comunicado da companhia, "o aumento no tamanho de sua ordem de compra de aeronaves reafirma a confiança da Gol no crescimento do mercado aéreo brasileiro e reforça a expansão da companhia para destinos sul-americanos". Em dezembro, a empresa iniciou vôos regulares e fretados para Buenos Aires, inaugurando sua incursão pelas rotas internacionais.

No mercado doméstico, a companhia detinha 24,27% de participação de mercado no final de 2004 e, em dezembro de 2003, 22%. A ampliação das linhas internacionais da Gol pode também complicar ainda mais a situação da Varig, atual líder desse mercado, com 83,20% dos passageiros transportados. Em dezembro, a TAM obteve uma participação nesse segmento de 16,33% e a Gol, de 0,46%.

De acordo com a Gol, os Boeing 737-800 Next Generation trarão diversas vantagens operacionais. Além de reduzirem os custos operacionais, os novos aparelhos poderão pousar em aeroportos de pista reduzida, como o Santos Dumont, no Rio de Janeiro. A ponte aérea Rio-São Paulo, aliás, é apontada como o principal campo de batalha entre as companhias brasileiras, após o fim do code share entre a Varig e a TAM.