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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.
A aliança entre General Motors (GM) e Fiat, que já durava cinco anos, está à beira de uma complicada conclusão. Segundo o americano The Wall Street Journal desta segunda-feira (24/1), uma das cláusulas do contrato de parceria entre as montadoras confere direito à Fiat de forçar a GM a comprar a Fiat Auto, divisão automotiva do grupo italiano. À época da celebração do acordo, a Fiat insistiu em incluir essa cláusula como uma espécie de seguro, no caso de a aliança dar errado.
Caso seja obrigada a seguir essa trilha, a GM terá de comprar os 90% da montadora italiana que ainda não possui e assumir dívidas de 10 bilhões de dólares. Segundo o presidente executivo da Fiat, Sergio Marchionne, a companhia tem o direito de aplicar a cláusula a partir de 1º de fevereiro, quando expira um esforço de negociação até o momento infrutífero. O CEO da GM, Richard Wagoner Jr., diz que a cláusula é inválida.
Tudo isso acontece justamente quando a montadora americana enfrenta a possibilidade de rebaixamento na classificação de sua própria dívida. A companhia, que injetou 2,4 bilhões de dólares em 2000 para fechar a parceria com a italiana, está perdendo mercado na América do Norte para concorrentes como a Toyota e a Nissan , presidida pelo brasileiro Carlos Ghosn.
A Fiat, por sua vez, só em 2004 registrou perdas operacionais de 1,3 bilhão de dólares. A produção anual de 2,3 milhões de carros supera as vendas em 400 mil unidades. Para a companhia, também proprietária da Iveco (montadora de caminhões), CNH (máquinas agrícolas) e Ferrari, o recurso à cláusula é um salva-vidas. Marchionne, no comando desde junho do ano passado, elegeu essa questão como sua maior prioridade e forçou a GM a iniciar um tenso processo de negociação. De acordo com a reportagem, sua estratégia pode ser arrancar um acordo em que a GM se livra da obrigação contratual, mas paga por isso cerca de 2 bilhões de dólares. Em documento a que The Wall Street Journal obteve acesso, a direção da Fiat afirma que sem um pagamento da GM, o caixa do conglomerado vai durar entre 13 e 20 meses.
Além das montadoras e das unidades de componentes e sistemas automotivos, a Fiat participa de negócios na área editorial e de comunicações. Entre os ativos de que a companhia foi obrigada a abrir mão, The Wall Street Journal destaca o setor de seguros, vendido em maio de 2003, a divisão aeroespacial (FiatAvio), dois meses depois, e a unidade de engenharia, transferida em fevereiro de 2004.