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GE enfrenta atrasos de pagamentos da Queiroz Galvão

Os pagamentos de US$150 milhões foram suspensos porque a unidade de construção da companhia é investigada por envolvimento na Operação Lava Jato


	GE: os pagamentos de US$150 milhões foram suspensos porque a unidade de construção da companhia é investigada por envolvimento na Operação Lava Jato
 (Sebastien Bozon/AFP)

GE: os pagamentos de US$150 milhões foram suspensos porque a unidade de construção da companhia é investigada por envolvimento na Operação Lava Jato (Sebastien Bozon/AFP)

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Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2016 às 17h45.

O negócio de energia renovável da General Electric no Brasil está enfrentando atrasos de pagamento de um cliente investigado por corrupção, segundo duas pessoas com conhecimento direto do assunto.

O conglomerado brasileiro Queiroz Galvão, por meio de seu negócio de energia Queiroz Galvão Energia, deve cerca de R$ 500 milhões (US$ 150 milhões) à GE, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque a informação é privada.

Os pagamentos foram suspensos porque a unidade de construção da companhia é investigada por envolvimento na Operação Lava Jato, que apura o escândalo de corrupção na Petrobras.

A Queiroz Galvão Energia adquiriu turbinas eólicas da GE e planejava pagá-las com um empréstimo do BNDES, segundo as pessoas. O financiamento foi adiado devido ao avanço das investigações sobre a Construtora Queiroz Galvão, do mesmo conglomerado. A empresa de energia possui cinco complexos eólicos em operação ou em desenvolvimento no Nordeste, com capacidade de 759 megawatts, segundo seu site.

Unidade de energia

A Queiroz Galvão Energia afirmou por meio de sua assessoria de imprensa que tem mantido negociações com a GE “devido ao atraso na concessão de empréstimos de longo prazo, os quais foram previamente acordados e constam no plano de negócios da empresa”.

A Queiroz Galvão Energia é uma empresa independente que não tem relação com as questões judiciais que envolvem a construtora, afirmou a Queiroz Galvão Energia, que tem sede no Rio de Janeiro.

A GE informou que não pode comentar acordos de clientes por uma questão de confidencialidade.

O atraso no pagamento é o sinal mais recente das dificuldades que estão paralisando os negócios na nona maior economia do mundo. As empresas do Brasil estão tendo dificuldades para obter financiamento diante da pior recessão em mais de um século, que já dura dois anos.

O crédito mais apertado para o setor de energia renovável amplia os desafios da GE. Jérôme Pécresse, chefe do negócio de energia renovável da empresa, afirmou em junho que os clientes brasileiros estavam em atraso e que a cadeia de abastecimento do setor de energia eólica do país estava sob risco de colapso devido à desaceleração da demanda por turbinas.

Acusações de corrupção

O ex-presidente da unidade de construção da Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, foi preso em agosto. Ele enfrenta acusações de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e tentativa de obstrução de investigação.

A Polícia Federal também efetuou buscas em junho nos escritórios de um consórcio formado pela Queiroz Galvão e pela OAS, que construiu instalações para a Olimpíada, realizada no mês passado no Rio de Janeiro.

As autoridades afirmam que constataram práticas de superfaturamento e falsificação de recibos. O consórcio afirma que os custos foram justificados.

A GE também enfrenta problemas em suas operações no Brasil com a Renova Energia, que tenta renegociar contratos, segundo as duas pessoas informadas sobre o assunto.

A empresa brasileira de energia renovável pode cancelar seus contratos com a GE, disseram as pessoas. A Renova não comenta o assunto.

A Renova reduziu pessoal e contratou a consultoria da Accenture para elaborar um plano de reestruturação depois que a SunEdison cancelou um acordo de US$ 250 milhões para compra de uma participação de 16 por cento da empresa.

A SunEdison entrou com o maior pedido de recuperação judicial do ano nos EUA, em abril. Sua geradora de energia renovável TerraForm Global cancelou um acordo em dezembro para compra de ações de unidades da Renova com cerca de 2,2 gigawatts de ativos de energia.

A Renova afirmou em um comunicado, em junho, que cancelou contratos para 676 megawatts em eletricidade a ser gerada por parques eólicos da Bahia para “melhorar a liquidez”.

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