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Luísa Melo
Publicado em 25 de março de 2014 às 14h24.
São Paulo - A pouco mais de dois meses para o início da Copa do Mundo no Brasil, até quem não gosta de futebol não consegue evitar de falar – ou ouvir – sobre ele por aqui.
O que nem todo mundo imagina é que, além de alimentar as conversas do dia a dia, falar sobre o esporte também ajuda a fazer negócios. Pelo menos é nisso que acreditam 84% dos executivos ouvidos por uma pesquisa da Michael Page, realizada em parceria com Futebol Experience.
Foram consultados cerca de 460 profissionais, entre gerentes, presidentes, vice-presidentes e diretores de empresas. Do total, 56% disseram ter um alto envolvimento com o assunto futebol.
Porém, quando questionado sobre se o esporte já ajudou em alguma negociação, a maioria dos respondentes disse que não – talvez porque 55% deles afirmaram nunca ter participado de um evento que envolvesse o futebol e o trabalho. Oitenta e sete por cento, entretanto, falaram que gostariam de ir a encontros desse tipo, caso fossem convidados.
Uma maneira de usar o futebol como um catalisador de transações comerciais, segundo Sérgio Sabino, diretor da Michael Page para a América Latina, é a criação de solenidades pautadas pelo tema por parte da própria empresa.
Ele diz, porém, que não se trata apenas de convidar executivos de empresas parceiras para ver jogos. Sabino sugere criar uma estrutura voltada para o evento de networking e convidar craques renomados do esporte para comentar uma partida, por exemplo.
"Quando se consegue unir uma paixão comum fora do ambiente de negócios, acaba-se criando relações mais duradouras. As pessoas são muito genuínas quando falam de futebol. Ele desarma", diz.
Quanto à rivalidade, Sabino não acredita que ela seja problema. "As empresas devem trazer para o jogo os clientes que elas realmente conhecem, que saberão aproveitá-lo de maneira positiva", afirma.
Não dá para ignorar
Para Elton Moraes, gerente da consultoria de gestão Hay Group, o futebol e, em especial, a Copa do Mundo também podem ser instrumentos para trabalhar o engajamento da equipe de uma empresa.
Segundo ele, uma análise dos jogos e dos times pode ajudar a trabalhar o valor da liderança junto aos funcionários e servir de inspiração para projetos de alcance de metas, por exemplo.
O que não se deve fazer, conforme o executivo, é fingir que não há um campeonato mundial acontecendo lá fora. "Não dá para ignorar uma cultura. Isso gera frustração", afirma.
Moraes defende a liberação dos funcionários para assistirem aos jogos do Brasil (desde que planejada e comunicada antecipadamente) ou até mesmo a exibição das partidas dentro da companhia. "Pode ser um momento em que as empresas conseguirão fazer a integração entre as áreas. Mas é preciso lembrar que, mesmo em momentos de confraternização, todos têm obrigações a cumprir", destaca.