Fundo estrangeiro investe em palmito orgânico no Brasil
O Brasil é o maior produtor e consumidor mundial de palmito, valorizado por chefs famosos como Alex Atala e o francês Pierre Gagnaire
AFP
Publicado em 1 de setembro de 2017 às 18h26.
O fundo de investimentos Moringa acaba de investir 5 milhões de dólares no cultivo sustentável de palmeiras orgânicas no Brasil, cujos palmitos são utilizados na alta gastronomia, informou nesta sexta-feira o fundo, lançado pela Rotschild Private Equity e ONF International.
O investimento foi feito na empresa de produtos alimentícios Floresta Viva, que cultiva palmeiras pupunha dentro de princípios que mesclam a agroecologia e a agroflorestação - sem recorrer a produtos químicos, lado a lado com leguminosas, cereais e outras variedades de árvores para regenerar os solos degradados pela agricultura intensiva ou pelo desmatamento relacionado à pecuária extensiva.
O Brasil é o maior produtor e consumidor mundial de palmito, valorizado por chefs famosos como Alex Atala e o francês Pierre Gagnaire. O ingrediente é ligado à dieta indígena.
O consumo do palmito, vendido sobretudo em conserva, do qual a França é o principal importador mundial, foi "assinalado como uma das causas de perda da biodiversidade e do desmatamento da Mata Atlântica no Brasil, da qual só restam 12% da superfície", indica o fundo Moringa na sua explicação.
"A produção do palmito vai começar em uma exploração de 1 mil hectares, com 700 hectares de bosque de Mata Atlântica preservada, e pretendemos chegar a 1 mil hectares de superfície adicional de palmeiras em cerca de seis ou sete anos, e transformar a empresa na número um do palmito ecológico no Brasil", explica Clement Chesnot, que dirige o fundo.
O investimento se destina tanto à criação de um plano de preservação, em processo de certificação ecológica, como ao acompanhamento agronômico, financeiro e técnico dos agricultores locais, a fim de induzi-los ao cultivo sustentável da palmeira pupunha.
Não vai se tratar de uma monocultura intensiva. A palmeira será acompanhada de outras espécies de árvores e vegetais, plantados em um vale de solo pobre, que até agora vivia de pecuária extensiva, o que deve melhorar os lucros dos agricultores e recuperar a terra, indicou Chesnot.
O fundo Moringa, criado em 2013, realizou até hoje até quatro investimentos em agricultura sustentável em nichos de mercado (café plantado na sombra, na Nicarágua, água de coco, em Belize, castanha de caju, no Bênin, e madeira e gengibre, no Quênia) e trabalha em um projeto de agricultura ecológica na África.