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Funcionários com maior tempo de casa são os que mais fraudam

Segundo pesquisa, 58% dos empregados que cometem infrações trabalham em suas companhias há mais de cinco anos

Corrupção: maioria das fraudes registradas em empresas do país é relativa à corrupção (Getty Images)

Luísa Melo

Publicado em 6 de setembro de 2016 às 17h56.

São Paulo - Ao contrário do que se espera, funcionários com maior tempo de casa nem sempre são os mais confiáveis. Pelo menos não no Brasil. Por aqui, aqueles que estão na companhia há mais de cinco anos são a maioria dos fraudadores (58% deles). O dado é de uma pesquisa da empresa de consultoria e auditoria ICTS Protiviti.

O levantamento considerou 92 fraudes confessas investigadas pela organização entre 2009 e 2014. De acordo com o material, entre os que cometem irregularidades, 40% têm entre um a cinco anos de casa e 2% têm menos de um ano.

Se para quem é leigo a informação surpreende, para quem estuda o assunto ela é comum. "A pessoa que frauda precisa de confiança para isso. Se ela é nova na empresa e está sendo muito observada, encontra poucas oportunidades de agir", explica Maurício Reggio, sócio diretor da ICTS.

De acordo com o material, a grande maioria dos contraventores é homem (85%) e tem entre 25 a 34 anos (35% estão nessa faixa etária). O setor mais acometido por eles é o da construção (32%), seguido pelo de logística e transporte (19%), indústria (18%) e atacado e varejo (17%).

A maior parte dos infratores é graduada (76%) e isso é preocupante, já que o impacto financeiro causado pelas atividades irregulares desses profissionais é três vezes maior do que o daquelas cometidas por funcionários não graduados.

Além disso, os fraudadores ocupam principalmente cargos estratégicos (39%). Pela posição de maior decisão, eles têm possibilidade de causar um impacto 3,4 vezes maior do que os de nível tático (que são 37%) e sete vezes maior do que os de nível operacional (24%).

Cenário

O número de fraudes e o impacto financeiro que elas causam é maior nas companhias brasileiras à medida que a economia enfraquece, segundo o estudo.

Após crescer 7,5% em 2010, em 2011 o PIB do país aumentou apenas 2,7% e em 2012, 1%. Nesse mesmo período, com a economia desaquecida, o número de fraudes subiu de 3 para 14 e o impacto delas cresceu 450%–de 50.000 reais para 225.000. Veja no gráfico:

(Reprodução / ICTS Protiviti)

Segundo Reggio, da ICTS, um fenômeno parecido foi observado nos Estados Unidos após a crise de 2008.

O aumento do número de irregularidades encontradas pode ser explicado porque, segundo ele, em momentos de dificuldade, as empresas acabam voltando o foco para seu interior, na tentativa de obter o melhor resultado possível. "Com esse olhar mais atento, elas acabam mais propícias a detectar problemas", disse.

Já o impacto maior das fraudes acontece porque, de acordo com o especialista, com o cenário econômico pessimista, as pessoas se sentem mais pressionadas e, por isso, mais propensas a ter condutas ilegais.

Ironicamente, contrariando a teoria, em 2013, quando o PIB cresceu mais do que no ano anterior (de 1% para 2,4%), foi registrado o maior número de fraudes (37) no Brasil e  também o maior impacto financeiro (380.000 reais).

Para Reggio, o desencontro aconteceu porque o crescimento maior do PIB naquele ano foi pontual. "Olhando um período maior como o quinquênio, ele não é significativo. A indústria em geral e o setor imobiliário, por exemplo, não estavam em expansão. E a tendência é a mesma para 2014", analisa.

As fraudes

De todas as fraudes analisadas pela ICTS no Brasil, a maioria (60%) é relativa à corrupção –que engloba casos de conflito de interesses, suborno, extorsão e desconto impróprio. Outras 32% tratam de apropriação indébita de recursos e 8% de demonstrações fraudulenta–que abrangem despesas e receitas exageradas e não declaradas.

Segundo a pesquisa, o impacto financeiro médio da apropriação indébita é de 339.560 reais, enquanto o da corrupção é de 192.929 reais e o das demonstrações fraudulentas de 142.857 reais.

No geral, o baque médio causado por essas irregularidades no Brasil é de 295.000 reais. Dos anos estudados, 2013 foi o que mais teve fraudes contabilizadas, 40% do total. Em seguida aparece 2014, com 18%.

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São Paulo - Ao contrário do que se espera, funcionários com maior tempo de casa nem sempre são os mais confiáveis. Pelo menos não no Brasil. Por aqui, aqueles que estão na companhia há mais de cinco anos são a maioria dos fraudadores (58% deles). O dado é de uma pesquisa da empresa de consultoria e auditoria ICTS Protiviti.

O levantamento considerou 92 fraudes confessas investigadas pela organização entre 2009 e 2014. De acordo com o material, entre os que cometem irregularidades, 40% têm entre um a cinco anos de casa e 2% têm menos de um ano.

Se para quem é leigo a informação surpreende, para quem estuda o assunto ela é comum. "A pessoa que frauda precisa de confiança para isso. Se ela é nova na empresa e está sendo muito observada, encontra poucas oportunidades de agir", explica Maurício Reggio, sócio diretor da ICTS.

De acordo com o material, a grande maioria dos contraventores é homem (85%) e tem entre 25 a 34 anos (35% estão nessa faixa etária). O setor mais acometido por eles é o da construção (32%), seguido pelo de logística e transporte (19%), indústria (18%) e atacado e varejo (17%).

A maior parte dos infratores é graduada (76%) e isso é preocupante, já que o impacto financeiro causado pelas atividades irregulares desses profissionais é três vezes maior do que o daquelas cometidas por funcionários não graduados.

Além disso, os fraudadores ocupam principalmente cargos estratégicos (39%). Pela posição de maior decisão, eles têm possibilidade de causar um impacto 3,4 vezes maior do que os de nível tático (que são 37%) e sete vezes maior do que os de nível operacional (24%).

Cenário

O número de fraudes e o impacto financeiro que elas causam é maior nas companhias brasileiras à medida que a economia enfraquece, segundo o estudo.

Após crescer 7,5% em 2010, em 2011 o PIB do país aumentou apenas 2,7% e em 2012, 1%. Nesse mesmo período, com a economia desaquecida, o número de fraudes subiu de 3 para 14 e o impacto delas cresceu 450%–de 50.000 reais para 225.000. Veja no gráfico:

(Reprodução / ICTS Protiviti)

Segundo Reggio, da ICTS, um fenômeno parecido foi observado nos Estados Unidos após a crise de 2008.

O aumento do número de irregularidades encontradas pode ser explicado porque, segundo ele, em momentos de dificuldade, as empresas acabam voltando o foco para seu interior, na tentativa de obter o melhor resultado possível. "Com esse olhar mais atento, elas acabam mais propícias a detectar problemas", disse.

Já o impacto maior das fraudes acontece porque, de acordo com o especialista, com o cenário econômico pessimista, as pessoas se sentem mais pressionadas e, por isso, mais propensas a ter condutas ilegais.

Ironicamente, contrariando a teoria, em 2013, quando o PIB cresceu mais do que no ano anterior (de 1% para 2,4%), foi registrado o maior número de fraudes (37) no Brasil e  também o maior impacto financeiro (380.000 reais).

Para Reggio, o desencontro aconteceu porque o crescimento maior do PIB naquele ano foi pontual. "Olhando um período maior como o quinquênio, ele não é significativo. A indústria em geral e o setor imobiliário, por exemplo, não estavam em expansão. E a tendência é a mesma para 2014", analisa.

As fraudes

De todas as fraudes analisadas pela ICTS no Brasil, a maioria (60%) é relativa à corrupção –que engloba casos de conflito de interesses, suborno, extorsão e desconto impróprio. Outras 32% tratam de apropriação indébita de recursos e 8% de demonstrações fraudulenta–que abrangem despesas e receitas exageradas e não declaradas.

Segundo a pesquisa, o impacto financeiro médio da apropriação indébita é de 339.560 reais, enquanto o da corrupção é de 192.929 reais e o das demonstrações fraudulentas de 142.857 reais.

No geral, o baque médio causado por essas irregularidades no Brasil é de 295.000 reais. Dos anos estudados, 2013 foi o que mais teve fraudes contabilizadas, 40% do total. Em seguida aparece 2014, com 18%.

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