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Ford já tem interessado em fábrica de Camaçari, afirma governador da Bahia

Rui Costa afirma que conversas são preliminares e sigilosas e que seu governo já procurou representantes de China, Índia, Japão e Coreia do Sul por planta em Camaçari

Linha de montagem da Ford em Camaçari, na Bahia: incertezas sobre os rumos da pandemia do novo coronavírus  e a velocidade de recuperação da economia deixam empresários cautelosos      (Divulgação/Divulgação)

Linha de montagem da Ford em Camaçari, na Bahia: incertezas sobre os rumos da pandemia do novo coronavírus e a velocidade de recuperação da economia deixam empresários cautelosos (Divulgação/Divulgação)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 20h47.

Última atualização em 13 de janeiro de 2021 às 21h57.

Rui Costa (PT), governador da Bahia, afirmou que seu governo já entrou em contato com representantes da China, Índia, Japão e Coreia do Sul para oferecer a fábrica da Ford em Camaçari, que será fechada. De acordo com ele, a montadora americana também mostrará as instalações a outra montadora global. Apesar disso, ele mostrou ceticismo e não acredita em uma solução de curto prazo para as instalações que, fechadas, deixarão de injetar R$ 500 milhões por mês em salários diretos e indiretos na economia baiana.

— A Ford já chegou a verbalizar que já tem negociação, diálogos abertos com outras montadoras globais, mas que eles teriam asinado protocolo de sigilo e que não podiam divulgar nenhuma informalção, mas há diálogo aberto para que outros investidores conheçam a planta — afirmou Costa, em entrevista coletiva. — Mas repito:não acredito vem nenhuma tomada de decisão rápida, não imagino em nenhuma decisão no curto prazo dado a crise global que estamos atravessando.

Após participar de uma reunião de representantes da empresa e de trabalhadores, ele afirmou que seu governo já entrou em contato com as embaixadas de diversos países oferecendo as instalações da Ford, lembrando que, caso algum acordo suja, ele precisará ser firmado entre a montadora americana e o novo investidor. Ele afirmou, contudo, que não espera nenhuma solução nos próximos meses. Assim, ele está esperando um forte impacto na economia baiana:

— Podemos falar facilmente no fechamento de 10 mil empregos diretos e indiretos e em uma redução mensal de R$ 500 milhões em salários que deixarão de ser pagos — disse Costa, afirmando que este é o impacto mais importante para a economia, pois a arrecadação direta da fábrica já estava em queda, de R$ 200 milhões em 2018 para R$ 100 milhões no ano passado.

O governador anunciou a criação de um grupo de trabalho, que contará com representantes do empresariado baiano e dos trabalhadores, para tentar encontrar soluções para a fábrica. Ele afirmou que criará um cadastro de todos os trabalhadores da Ford para ajudá-los na busca de novos empregos.

Costa disse que não recebeu o pedido de nenhum novo subsídio da montadora americana, negando o poscionamento do presidente Jair Bolsanro (sem partido), que disse mais cedo nesta terça-feira que a Ford saiu porque não conseguiu mais benefícios tributários do governo. Ele afirmou que um técnico do Ministério da Economia ligou para ele no meio da tarde mas que, como ele estava na reunião, vai retornar para a pessoa após seu encontro com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e de seu candidato a sua sucessão, Baleia Rossi (MDB-SP).

— Mas repito aqui que estamos, há seis anos vivendo um processo de desindustrialização do nosso país. Este governo que nega os fatos na ciência na pandemia, agora está negando os fatos na economia — disse o governador. — Se não tivermos uma política industrual e de incentivo de ciência e tecnologia vamos perder o bonde da Histíria e ver mais indústrias fechando as portas.

50 mil empregos

Três das principais entidades sindicais se pronunciaram sobre a decisão da Ford de encerrar a produção de veículos no Brasil com a previsão de que a medida terá impacto sobre 50 mil empregos na cadeia produtiva em torno das três fábricas desativadas.

A IndustriAll Brasil, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical afirmam, em nota, que a saída da montadora seria consequência da ausência de um projeto de reindustrialização do País por parte do governo do presidente da República, Jair Bolsonaro.

"É incontestável a desconfiança interna e internacional e o descrédito quanto aos rumos da economia brasileira com este governo que aí está. Não se toma uma decisão empresarial como essa sem considerar a total incapacidade do governo Bolsonaro", sustentam as entidades.

O próprio chefe do Planalto é classificado como "um presidente incapaz de conduzir qualquer diálogo sobre a inserção do país no cenário que se configura rapidamente".

IndustriAll, CUT e Força Sindical lembram, também, que a decisão da Ford ocorre após a montadora ter se valido de benefícios e isenções tributárias com base em regimes automotivos vigentes desde 2001.

"No momento em que a indústria automobilística global passa por uma das mais intensas ondas de transformação, orientada pela eletrificação e pela conectividade, assistimos à criminosa omissão, e até boicote, do subserviente governo brasileiro à indústria, com consequências nefastas para a classe trabalhadora", escrevem as entidades.

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