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Fiat dá adeus à Itália e fusão marca o fim de uma era

Fiat Chrysler AutomobilesNV será constituída sob a lei holandesa, terá sede no Reino Unido e estará registrada na Bolsa de Valores de Nova York

Fábrica da Fiat na Itália: adeus ao país depois de 115 anos (REUTERS/Alessandro Bianchi)
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Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2014 às 23h31.

Milão/Turim - A Fiat , a maior fabricante da Itália e um símbolo da luta do país para se adaptar à globalização, está saindo de casa depois de 115 anos.

A família Agnelli, que controla a empresa, e os outros investidores selaram o fim da Fiat como uma empresa italiana com a votação que aprovou a fusão com a Chrysler .

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Criada pelo CEO ítalo-canadense Sergio Marchionne, a Fiat Chrysler AutomobilesNV será constituída sob a lei holandesa, terá sede no Reino Unido e estará registrada na Bolsa de Valores de Nova York.

“Marchionne não quer abandonar a Itália; ele quer que ele e a FCA sejam agentes globais e para conseguir isso o centro gravitacional da FCA deve ser reposicionado”, disse Erik Gordon, professor da Faculdade de Administração Stephen M.Ross, da Universidade de Michigan. “É um pouco triste para a Itália”.

A estrutura cosmopolita da nova entidade reflete uma mudança no setor automotivo, um afastamento das campeãs nacionais como a Fiat, que durante décadas se orgulharam de sua herança italiana e de Turim.

Ao combinar recursos com a fabricante de automóveis americana, a empresa antes conhecida como Fabbrica Italiana di Automobili Torino poderá concorrer melhor com pesos-pesados como a General Motors, a Volkswagen AG e a Toyota Motor, disse o CEO. Roçar a falência há uma década demonstrou que o foco italiano era insustentável.

“Marchionne precisa das luzes de Wall Street”, onde a Fiat Chrysler planeja fazer seu primeiro registro em bolsa a meados de outubro, disse Vincenzo Longo, estrategista de investimento da IG Group em Milão. Há mais oportunidades lá do que “em um lugar periférico como o que o mercado italiano se tornou”.

Economia estagnada

Prejudicada por reformas insuficientes, a economia italiana estagnou nos últimos 14 anos e se contraiu em 10 dos últimos 11 trimestres. As taxas de desemprego estão perto de níveis recordes, o que está levando centenas de italianos a abandonar o país em busca de um futuro melhor.

A mesma coisa aconteceu com a Fiat. A regulação mais rígida exige grandes volumes de vendas para financiar o desenvolvimento de motores menos poluentes e expandir o crescimento em mercados como a China e a Índia.

Reforçada pela combinação, a Fiat planeja investir 55 bilhões de euros (US$ 74 bilhões) nos próximos cinco anos para aumentar em 61 por cento as remessas, totalizando 7 milhões de carros até 2018.

A cifra ainda é menor do que a meta da Volkswagen de vender 10 milhões de veículos neste ano.

Cinderela

Para diminuir o gosto amargo da mudança, Marchionne pretende manter as funções de administração e tecnologia da informação em Turim.

Ele também prometeu manter abertas todas as fábricas italianas da Fiat e recontratar cerca de 30.000 funcionários da linha de produção que, em sua maioria, estão de licença.

Para isso, ele pretende montar na Itália o compacto Jeep Renegade e outros modelos da marca Chrysler.

A Fiat também pretende expandir outras marcas de alta gama, como Alfa Romeo e Maserati, para competir internacionalmente com nomes como BMW, Audi e Porsche.

No entanto, o acordo não é um remédio para tudo. A FCA não tem uma presença considerável na China e suas operações na América Latina estão em dificuldades.

Mesmo antes de finalizar a combinação com a Chrysler, a Fiat foi vinculada nas últimas semanas a fusões ou acordos com a Volkswagen e com a PSA Peugeot Citroën, da França.

Embora a Fiat tenha negado publicamente as negociações, os informes refletem o ceticismo dos investidores em relação à capacidade da Fiat para cumprir suas metas, apesar de Marchionne se regozijar com seu acordo de conto de fadas.

Antes da recuperação da Chrysler sob a direção da Fiat “éramos as crianças pobres, a Cinderela do baile”, disse o CEO, em junho. “Na verdade, nos EUA as pessoas gostam disso; elas gostam do que aconteceu”.

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