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Falhas na legislação favorecem maquiagem em contabilidade de bancos

Segundo Roberto Luis Troster, a norma é flexível e permite que os balanços subestimem as perdas causadas pela inadimplência

Bancos: legislação poderia ser mais transparente, diz especialista

Bancos: legislação poderia ser mais transparente, diz especialista

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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2011 às 10h04.

São Paulo – Falhas na legislação que rege o mercado financeiro propiciam problemas como os apresentados pelo banco PanAmericano, a avaliação é do economista Roberto Luis Troster. Segundo ele, a norma é flexível para instituições que fazem operações pequenas, até R$ 50 mil, e permite que os balanços subestimem as perdas causadas pela inadimplência. “É um problema de bancos com operações menores que cedem as carteiras”, disse.

O especialista, que já foi economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), afirmou que desse modo os bancos podem anunciar lucros nos balanços iniciais e optam por deixar os prejuízos aparecerem depois. “Quando você tem uma previsão de inadimplência, você tem uma margem maior. Como a inadimplência vem no fim da operação, você acaba tendo um lucro grande no começo, mas sabe que vai ter prejuízo lá na frente”.

Troster, ressaltou, no entanto, que a maioria das instituições financeiras já adota uma forma de balanço que não mascara os resultados. Mas o ideal, na opinião do economista, seria que a legislação exigisse mais transparência. “Todo ano publicar por categorias de risco qual foi efetivamente a inadimplência observada”.

Sobre a operação que permitiu que o PanAmericano continuasse operando, Troster lembrou que caso ocorresse a liquidação do banco, os problemas poderiam ser maiores. “Ninguém consegue saber o impacto total, mas tem o impacto negativo e às vezes esse impacto é muito forte”, disse.

O Fundo Garantidor de Crédito injetou, no fim do ano passado, R$ 2,5 bilhões para cobrir o rombo financeiro no PanAmericano. E mais um aporte de R$ 1,3 bilhão foi feito no último dia 31 de janeiro. O diretor superintendente do PanAmericano, Celso Antunes da Costa, atribuiu o rombo a uma complexa engenharia contábil envolvendo a maquiagem das contas da instituição.

De acordo com o economista, os aportes não oneraram diretamente os correntistas, pois o valor destinado à formação do fundo é descontado dos correntistas independentemente de problemas no mercado financeiro. “É um seguro que todos os bancos pagam. Você pode discutir se foi bem usado nesse caso ou não. A impressão geral que se tem é que os prejuízos para o sistema seriam bem maiores se não fosse feita essa operação”.

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