Executivos americanos continuam requisitados, mesmo afundando empresas
Apesar de colaborarem com a falência de suas companhias, altos executivos ainda conseguem novos, e bons, empregos
Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2010 às 14h54.
São Paulo - Quando uma empresa se afunda na crise, geralmente o presidente-executivo é o principal alvo de críticas e das consequências negativas dela. Enquanto isso, os diretores, considerados secundários, não encontram muitas dificuldades para se realocar no mercado em grandes empresas. Esta é conclusão de uma reportagem pelo jornal americano The New York Times.
Um dos exemplos disso foi Marshall A. Cohen, que passou 16 anos no cargo de diretor na seguradora American International Group, a AIG, e saiu apenas pouco antes de a companhia falir, em 2008. Alguns meses depois, o executivo foi contratado como membro da diretoria do banco de investimentos Gleacher & Company. Além dele, a empresa contratou Henry S. Bienen, ex-diretor do banco de investimentos Bear Stearns, onde Bienen trabalhou desde 2004 até o negócio ser comprado pelo JP Morgan Chase, em 2008.
Tal sorte não ocorreu, por exemplo, com James E. Cayne, ex-CEO da Bear Stearns, que, depois da crise, não ressurgiu em outra companhia. Segundo especialistas ouvidos pelo New York Times, os CEOs são os que recebem mais atenção, pois há pouca expectativa sobre as capacidades de ação dos demais executivos. Assim, os que deveriam ser os responsáveis pelas ações da empresa raramente são culpados, já que as decisões são centralizadas no presidente-executivo.
Há também os diretores de instituições falidas que sequer saíram dos postos ocupados em outras empresas antes da crise. Marsha J. Evans é um deles. O ex-diretor do banco de investimentos Lehman Brothers, falido em 2008, continuou como diretor na Weight Watchers, Huntsman e Office Depot.
Certas empresas preferiram absorver alguns executivos vindos das companhias recém-adquiridas, como o Bank of America, que nomeou dois ex-dirigentes do falido Merrill Lynch. Membros de conselhos administrativos entrevistados pelo jornal afirmam que a experiência passada em empresas com dificuldades financeiras se torna um atrativo, pois os executivos se tornam mais preparados para não cometer os mesmos erros novamente.
De acordo com o jornal, o comitê do Senado considerou pouco as responsabilidades dos diretores das empresas falidas nas investigações sobre as causas da crise mundial iniciada em 2008. Já a comissão nomeada pelo congresso americano entrevistou vários diretores de companhias, e, apesar de não ter usado testemunhos de diretores de fora das empresas, as entrevistas abordaram questões ligadas a governança corporativa. Para o líder da comissão, Phil Angelides, não há dúvidas de que a crise financeira mundial foi provocada por uma grande falha de governança corporativa das companhias.