Exame Logo

Ex-gerentes do McDonald’s seguraram salários de funcionários

Ex-gerentes disseram ter ajudado segurar salários após sofrerem pressão para manter baixos os custos com a equipe

McDonald's: ex-gererentes disseram que adotaram táticas como pedir aos funcionários que continuassem trabalhando depois de bater o ponto ou acrescentar intervalos não remunerados (Jason Alden/Bloomberg)
DR

Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2014 às 18h03.

Chicago - Dois ex-gerentes de restaurantes da McDonald’s , que participam de uma campanha para aumentar o pagamento a trabalhadores de empresas de fast-food , disseram ter ajudado a segurar os salários dos funcionários da rede de restaurantes após sofrerem pressão para manter baixos os custos com salários.

Os ex-gerentes, que se colocaram à disposição como parte de um esforço apoiado pelo grupo de defesa dos trabalhadores Fast Food Forward, disseram que adotaram táticas como pedir aos funcionários que continuassem trabalhando depois de bater o ponto ou acrescentar intervalos não remunerados nos cartões de ponto.

Eles adotaram essas medidas para evitar exceder as estritas metas de despesas com salários das lojas, disse Lakia Williams, ex-assistente de gerência de um McDonald’s em Charleston, Carolina do Sul.

“Havia muita pressão”, disse ela, em entrevista. “Não se trata apenas do grupo de franqueados e dos gerentes-gerais, isso é corporativo. É algo interno, algo mais profundo, algo que vem ocorrendo há anos”.

Williams disse que pedia aos funcionários que trabalhassem uma hora ou duas depois de baterem o ponto. Ela precisava deles para ajudar na limpeza depois de um dia agitado e normalmente lhes dava US$ 20 de seu próprio bolso para compensar, disse Williams. Kwanza Brooks, gerente que trabalhou em lojas McDonald’s na Carolina do Norte e em Maryland, disse que fazia emendas nos cartões de ponto para manter baixos os custos com salários.

Em resposta aos comentários das ex-gerentes, a McDonald’s disse que toma medidas para solucionar as preocupações com pagamentos nos restaurantes de propriedade da empresa e que confia que seus franqueados façam o mesmo.

“A McDonald’s e nossos proprietários-operadores independentes compartilham da preocupação e do compromisso com o bem-estar e o tratamento justo de todas as pessoas que trabalham em restaurantes McDonald’s”, disse Heather Oldani, porta-voz da empresa com sede em Oak Brook, Illinois, em um comunicado enviado por e-mail. “Se são empregados do McDonald’s ou de nossos proprietários-operadores independentes, os funcionários devem ser pagos corretamente”.

Disputa judicial

As novas acusações surgem após uma onda de ações judiciais, em março, que alegam que funcionários do McDonald’s eram mantidos por minutos ou até horas depois do horário durante períodos de baixa, violando leis trabalhistas estaduais e federais dos EUA. Alguns trabalhadores afirmam também que o McDonald’s exige que eles comprem seus uniformes, o que coloca seus salários abaixo do mínimo permitido. No dia em que os processos foram abertos a McDonald’s disse que estava analisando as acusações e que tomaria as medidas necessárias.


Williams e Brooks são apenas dois ex-gerentes em uma rede com 14.200 lojas nos EUA e quase 90 por cento desses restaurantes são de propriedade de franqueados, o que significa que a McDonald’s em si tem menor controle sobre eles.

“A McDonald’s e nossos proprietários-operadores empregam de forma separada um total de 750.000 trabalhadores nos Estados Unidos, por isso pedimos cautela em relação a conclusões gerais com base em uma amostra informal pequena e aleatória”, disse Oldani, em seu comunicado.

Contudo, o problema de trabalhadores tendo salários espremidos é generalizado, disse Nelson Lichtenstein, diretor do Centro para o Estudo do Trabalho e da Democracia da Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Embora a maioria dos custos seja contratual, como despesas alimentares e aluguel, a área trabalhista é uma das que pode receber cortes, e recebe, disse ele.

“O roubo de salários é endêmico em todo o varejo, no mundo dos restaurantes”, disse Lichtenstein, em entrevista. “Isso faz parte do sistema”.

Burger King

No estudo encomendado pela Fast Food Forward, 89 por cento de atuais e recentes trabalhadores do setor de fast-food disseram que tiveram seus salários roubados. A pesquisa incluiu funcionários do McDonald’s, da Burger King Worldwide e da Wendy’s, as três maiores redes americanas de hambúrgueres. A pesquisa, conduzida pela Hart Research Associates, com sede em Washington, consultou 1.088 pessoas que haviam trabalhado em redes fast-food nos últimos três meses.

Alix Salyers, uma porta-voz da Burger King Worldwide, que tem sede em Miami, disse que sua empresa não analisou a pesquisa. Por outro lado, a Burger King não toma decisões sobre horários e salários por seus fraqueados, que são donos e operam quase todos os restaurantes da empresa, disse ela. Bob Bertini, porta-voz da Wendy’s, com sede em Dublin, Ohio, preferiu não comentar.

Veja também

Chicago - Dois ex-gerentes de restaurantes da McDonald’s , que participam de uma campanha para aumentar o pagamento a trabalhadores de empresas de fast-food , disseram ter ajudado a segurar os salários dos funcionários da rede de restaurantes após sofrerem pressão para manter baixos os custos com salários.

Os ex-gerentes, que se colocaram à disposição como parte de um esforço apoiado pelo grupo de defesa dos trabalhadores Fast Food Forward, disseram que adotaram táticas como pedir aos funcionários que continuassem trabalhando depois de bater o ponto ou acrescentar intervalos não remunerados nos cartões de ponto.

Eles adotaram essas medidas para evitar exceder as estritas metas de despesas com salários das lojas, disse Lakia Williams, ex-assistente de gerência de um McDonald’s em Charleston, Carolina do Sul.

“Havia muita pressão”, disse ela, em entrevista. “Não se trata apenas do grupo de franqueados e dos gerentes-gerais, isso é corporativo. É algo interno, algo mais profundo, algo que vem ocorrendo há anos”.

Williams disse que pedia aos funcionários que trabalhassem uma hora ou duas depois de baterem o ponto. Ela precisava deles para ajudar na limpeza depois de um dia agitado e normalmente lhes dava US$ 20 de seu próprio bolso para compensar, disse Williams. Kwanza Brooks, gerente que trabalhou em lojas McDonald’s na Carolina do Norte e em Maryland, disse que fazia emendas nos cartões de ponto para manter baixos os custos com salários.

Em resposta aos comentários das ex-gerentes, a McDonald’s disse que toma medidas para solucionar as preocupações com pagamentos nos restaurantes de propriedade da empresa e que confia que seus franqueados façam o mesmo.

“A McDonald’s e nossos proprietários-operadores independentes compartilham da preocupação e do compromisso com o bem-estar e o tratamento justo de todas as pessoas que trabalham em restaurantes McDonald’s”, disse Heather Oldani, porta-voz da empresa com sede em Oak Brook, Illinois, em um comunicado enviado por e-mail. “Se são empregados do McDonald’s ou de nossos proprietários-operadores independentes, os funcionários devem ser pagos corretamente”.

Disputa judicial

As novas acusações surgem após uma onda de ações judiciais, em março, que alegam que funcionários do McDonald’s eram mantidos por minutos ou até horas depois do horário durante períodos de baixa, violando leis trabalhistas estaduais e federais dos EUA. Alguns trabalhadores afirmam também que o McDonald’s exige que eles comprem seus uniformes, o que coloca seus salários abaixo do mínimo permitido. No dia em que os processos foram abertos a McDonald’s disse que estava analisando as acusações e que tomaria as medidas necessárias.


Williams e Brooks são apenas dois ex-gerentes em uma rede com 14.200 lojas nos EUA e quase 90 por cento desses restaurantes são de propriedade de franqueados, o que significa que a McDonald’s em si tem menor controle sobre eles.

“A McDonald’s e nossos proprietários-operadores empregam de forma separada um total de 750.000 trabalhadores nos Estados Unidos, por isso pedimos cautela em relação a conclusões gerais com base em uma amostra informal pequena e aleatória”, disse Oldani, em seu comunicado.

Contudo, o problema de trabalhadores tendo salários espremidos é generalizado, disse Nelson Lichtenstein, diretor do Centro para o Estudo do Trabalho e da Democracia da Universidade da Califórnia, em Santa Barbara. Embora a maioria dos custos seja contratual, como despesas alimentares e aluguel, a área trabalhista é uma das que pode receber cortes, e recebe, disse ele.

“O roubo de salários é endêmico em todo o varejo, no mundo dos restaurantes”, disse Lichtenstein, em entrevista. “Isso faz parte do sistema”.

Burger King

No estudo encomendado pela Fast Food Forward, 89 por cento de atuais e recentes trabalhadores do setor de fast-food disseram que tiveram seus salários roubados. A pesquisa incluiu funcionários do McDonald’s, da Burger King Worldwide e da Wendy’s, as três maiores redes americanas de hambúrgueres. A pesquisa, conduzida pela Hart Research Associates, com sede em Washington, consultou 1.088 pessoas que haviam trabalhado em redes fast-food nos últimos três meses.

Alix Salyers, uma porta-voz da Burger King Worldwide, que tem sede em Miami, disse que sua empresa não analisou a pesquisa. Por outro lado, a Burger King não toma decisões sobre horários e salários por seus fraqueados, que são donos e operam quase todos os restaurantes da empresa, disse ela. Bob Bertini, porta-voz da Wendy’s, com sede em Dublin, Ohio, preferiu não comentar.

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoComércioCortes de custo empresariaisDireitos trabalhistasEmpresasEmpresas americanasFast foodFranquiasgestao-de-negociosMcDonald'sRestaurantesSalários

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame