Esta fintech de Sergipe captou R$ 422 milhões em 45 dias e já movimenta mais de R$ 1 bi pelo Brasil
Desde que nasceu, a iCred já antecipou 1,4 bilhão de reais de FGTS para seus clientes
Repórter de Negócios
Publicado em 23 de abril de 2024 às 15h56.
A iCred, fintech sergipana criada no começo de 2022, captou 422 milhões de reais nos últimos 45 dias para dar sequência na sua oferta de crédito consignado via Saque FGTS e para beneficiários do INSS.
O dinheiro entrou por meio de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios), modalidade de investimento no qual titulares de cotas têm rendimentos atrelados a recursos advindos de uma empresa.
Essa não é a primeira captação que a iCred faz para ampliar a capacidade de conceder crédito para seus clientes. No seu primeiro ano de operação, levantou 100 milhões de reais. No início do ano seguinte, outros 300 milhões de reais. Agora, conclui uma nova rodada.
Todo dinheiro será usado como crédito para os clientes da empresa pegarem a grana emprestada.
O que faz a iCred
O negócio da iCred é emprestar dinheiro a trabalhadores formais com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), e para beneficiários do INSS.
Desde abril de 2020, por causa da pandemia, cotistas do FGTS podem receber parte da quantia guardada ali, antecipadamente, por meio do Saque Aniversário FGTS. Atualmente, o benefício está em discussão no Congresso, que estuda sua manutenção ou não.
A iCred opera o sistema de antecipação de recursos com uma plataforma feita dentro de casa. A premissa ali é simplificar a burocracia ao máximo para aprovação quase imediata da antecipação.
Com o uso de inteligência artificial, a plataforma da iCred cruza as informações de diversos bancos de dados públicos de pessoas físicas e rastreia os recursos aos quais os trabalhadores têm direito. Segundo a empresa, a análise leva até 3 minutos. Quando a resposta é positiva, a startup faz o Pix e os valores caem na conta em segundos.
Desde que foi fundada, já emprestou dinheiro para 1,5 milhão de clientes em 5.400 cidades brasileiras, movimentando mais de 1 bilhão de reais. Os cheques costumam ser baixos, na média de mil reais por operação.
“Já atendemos 1,5 milhão de pessoas, num universo de 26 milhões de potenciais clientes”, diz Túlio Matos, sócio fundador da fintech. “Temos ainda muito espaço para ganhar, e estamos indo atrás. Agora, passamos a ter novos 422 milhões de reais para emprestar para as pessoas”.
Quem é o empreendedor
Por trás da tecnologia está o baiano Túlio Matos, um dos fundadores da iCred. Nascido em Salvador, Matos começou a carreira em negócios da família em Nordestina, município de 13.100 habitantes a 259 quilômetros de Salvador.
Ele e a família passaram as últimas duas décadas trabalhando em várias etapas do crédito consignado, uma das linhas mais populares em cidades pequenas e médias.
Matos entrou no crédito consignado aos 17 anos como vendedor de produtos de porta em porta — os famosos pastinhas. De lá para cá, com o apoio do pai de Túlio, Júlio César, e de três irmãos, a família Matos ampliou — e muito — o envolvimento nesse tipo de financiamento, e se tornou sócia de uma promotora de crédito em Juazeiro, também no norte da Bahia.
A ideia de investir numa empresa de crédito falando diretamente com o consumidor final veio com as mudanças tecnológicas que o setor está passando. "Cada vez mais os bancos estão com tecnologias aguçadas para chegar ao mesmo lead que a gente gera para eles", diz Túlio. "Resolvi, então, investir em tecnologia para conseguir chegar ao cliente deles."
Desde que nasceu, a iCred já antecipou 1,4 bilhão de reais de FGTS para seus clientes e segue expandindo a atuação no mercado brasileiro.
A meta da empresa para este ano é atingir um patrimônio líquido de cerca de 2,5 bilhões de reais. Com a redução das taxas de juros, a iCred está prestes a lançar a portabilidade de crédito.