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Empreiteira faz acordo com o Cade para delatar cartel

Além da Camargo Corrêa, seis empresas são suspeitas de combinar preços em licitação da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás

Além da Camargo, seis empresas são suspeitas de combinar preços em licitação da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás (Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 1 de agosto de 2015 às 09h17.

Brasília - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica ( Cade ) fechou ontem acordo de leniência com a construtora Camargo Corrêa em investigação de cartel em obras da usina nuclear Angra 3, pelo qual a empresa colabora com a apuração em troca de punição menor. A entidade fiscaliza a livre concorrência no mercado.

Além da Camargo, seis empresas são suspeitas de combinar preços em licitação da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás , para a montagem eletromecânica da usina . A licitação foi feita em janeiro de 2014 e as obras tinham custo de cerca de R$ 3 bilhões.

São apontadas como participantes no esquema as construtoras Andrade Gutierrez, Norberto Odebrecht, Queiroz Galvão, EBE - Empresa Brasileira de Engenharia, Techint Engenharia e UTC Engenharia S/A, além de 22 pessoas físicas, funcionários e ex-funcionários dessas empresas.

Entre os participantes do acordo está o ex-presidente da empresa, Dalton Avancini, que também fez delação premiada com o Ministério Público na Operação Lava Jato.

Radioatividade

Nesta semana, a Polícia Federal prendeu o presidente licenciado da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, e o executivo da construtora Andrade Gutierrez Energia Flávio Barra na 16.ª fase da operação Lava Jato , batizada de Radioatividade, que apura o pagamento de propina para as obras de Angra 3. Foi feita ainda uma operação de busca e apreensão nas duas empresas. O Cade deverá ter acesso a todos os documentos apreendidos.

A Camargo Corrêa teve que fornecer provas, como e-mails, contas telefônicas e documentos, para fechar o acordo. "As provas são bastante robustas, há um relato [DA CAMARGO] de forma muito detalhada de como funcionou o cartel. Achamos que temos indícios suficientes para instaurar um processo administrativo", afirmou o superintendente do Cade, Eduardo Frade.

O conselho vinha negociando os termos com a empreiteira havia quatro meses. Esse é o segundo acordo de leniência firmado pelo Cade no âmbito da Lava Jato e o primeiro que envolve as investigações concentradas no setor elétrico.

Em março, o Grupo Setal aceitou colaborar com as investigações da força-tarefa e dar detalhes do cartel em obras da Petrobrás.

No caso da Camargo, a colaboração envolve apenas Angra 3. Pelas regras do conselho, apenas uma empresa pode fazer acordo em caso de cartel, o que significa que, com o acordo de leniência feito pela Camargo, todas as outras construtoras suspeitas de irregularidades na usina serão investigadas e, eventualmente, punidas.

De acordo com o superintendente do órgão, apesar de o acordo se restringir a apenas uma licitação em Angra 3, o Cade investigará a atuação das empresas em outras concorrências do setor elétrico.

No relato feito ao conselho, Camargo descreve reunião ocorrida no dia 8 de novembro de 2013 com membros do chamado "conselhão Angra III", em que as empresas teriam decidido que o consórcio formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC seria o vencedor dos dois pacotes licitados pela Eletronuclear e, depois, repassaria um dos pacotes a um segundo consórcio.

Um dos e-mails de representante da Camargo Corrêa para as outras empresas, obtido pelo Cade, é bastante explícito. "O nosso grupo sairá vencedor, escolherá o pacote que lhe interessa e o outro grupo leva o outro pacote."

Lances

Os lances apresentados na licitação também são considerados indícios do cartel. O ganhador, por exemplo, foi apenas 0,02% abaixo do preço máximo, enquanto o segundo e último lance ficou 0,01% abaixo do valor máximo. "Na presença de concorrência (real), o preço certamente seria menor", afirmou Frade.

Não há prazo para instauração do processo para apurar o cartel pelo Cade. Segundo Frade, esse caso é menos complexo do que acordo semelhante firmado em março na investigação de cartel em licitações da Petrobrás, que também ainda está em fase de análise e não foi instaurado processo.

"Todos esses casos advindos da Lava Jato são importante e vamos instaurar os processos o mais rápido possível", completou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Brasília - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica ( Cade ) fechou ontem acordo de leniência com a construtora Camargo Corrêa em investigação de cartel em obras da usina nuclear Angra 3, pelo qual a empresa colabora com a apuração em troca de punição menor. A entidade fiscaliza a livre concorrência no mercado.

Além da Camargo, seis empresas são suspeitas de combinar preços em licitação da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobrás , para a montagem eletromecânica da usina . A licitação foi feita em janeiro de 2014 e as obras tinham custo de cerca de R$ 3 bilhões.

São apontadas como participantes no esquema as construtoras Andrade Gutierrez, Norberto Odebrecht, Queiroz Galvão, EBE - Empresa Brasileira de Engenharia, Techint Engenharia e UTC Engenharia S/A, além de 22 pessoas físicas, funcionários e ex-funcionários dessas empresas.

Entre os participantes do acordo está o ex-presidente da empresa, Dalton Avancini, que também fez delação premiada com o Ministério Público na Operação Lava Jato.

Radioatividade

Nesta semana, a Polícia Federal prendeu o presidente licenciado da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, e o executivo da construtora Andrade Gutierrez Energia Flávio Barra na 16.ª fase da operação Lava Jato , batizada de Radioatividade, que apura o pagamento de propina para as obras de Angra 3. Foi feita ainda uma operação de busca e apreensão nas duas empresas. O Cade deverá ter acesso a todos os documentos apreendidos.

A Camargo Corrêa teve que fornecer provas, como e-mails, contas telefônicas e documentos, para fechar o acordo. "As provas são bastante robustas, há um relato [DA CAMARGO] de forma muito detalhada de como funcionou o cartel. Achamos que temos indícios suficientes para instaurar um processo administrativo", afirmou o superintendente do Cade, Eduardo Frade.

O conselho vinha negociando os termos com a empreiteira havia quatro meses. Esse é o segundo acordo de leniência firmado pelo Cade no âmbito da Lava Jato e o primeiro que envolve as investigações concentradas no setor elétrico.

Em março, o Grupo Setal aceitou colaborar com as investigações da força-tarefa e dar detalhes do cartel em obras da Petrobrás.

No caso da Camargo, a colaboração envolve apenas Angra 3. Pelas regras do conselho, apenas uma empresa pode fazer acordo em caso de cartel, o que significa que, com o acordo de leniência feito pela Camargo, todas as outras construtoras suspeitas de irregularidades na usina serão investigadas e, eventualmente, punidas.

De acordo com o superintendente do órgão, apesar de o acordo se restringir a apenas uma licitação em Angra 3, o Cade investigará a atuação das empresas em outras concorrências do setor elétrico.

No relato feito ao conselho, Camargo descreve reunião ocorrida no dia 8 de novembro de 2013 com membros do chamado "conselhão Angra III", em que as empresas teriam decidido que o consórcio formado pelas empresas Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e UTC seria o vencedor dos dois pacotes licitados pela Eletronuclear e, depois, repassaria um dos pacotes a um segundo consórcio.

Um dos e-mails de representante da Camargo Corrêa para as outras empresas, obtido pelo Cade, é bastante explícito. "O nosso grupo sairá vencedor, escolherá o pacote que lhe interessa e o outro grupo leva o outro pacote."

Lances

Os lances apresentados na licitação também são considerados indícios do cartel. O ganhador, por exemplo, foi apenas 0,02% abaixo do preço máximo, enquanto o segundo e último lance ficou 0,01% abaixo do valor máximo. "Na presença de concorrência (real), o preço certamente seria menor", afirmou Frade.

Não há prazo para instauração do processo para apurar o cartel pelo Cade. Segundo Frade, esse caso é menos complexo do que acordo semelhante firmado em março na investigação de cartel em licitações da Petrobrás, que também ainda está em fase de análise e não foi instaurado processo.

"Todos esses casos advindos da Lava Jato são importante e vamos instaurar os processos o mais rápido possível", completou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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