Renata Figueiredo, fundadora da Cia Mandarine (Cia Mandarine/Divulgação)
A Cia Mandarine, resultado dos esforços da empreendedora Renata Figueiredo, quer acabar com a ideia de que os famosos brindes de boas-vindas das empresas precisam ser, via de regra, uma camisetinha com a logo da marca. A empresa, uma fabricante de uniformes corporativos "fashions", pretende mudar esse cenário unindo aspectos de moda e branding (termo que se refere aos esforços de marketing para o posicionamento de uma marca) na hora de confeccionar as roupas das empresas.
A ideia de Figueiredo para a criação do negócio veio após um período como estagiária de marketing na Schutz , marca de acessórios que pertence ao conglomerado Arezzo&Co. Imersa no universo da moda, ela passou a pegar gosto pela criação de peças autorais em linha com o que havia de mais moderno nas coleções do momento.
A mesma paixão, junto ao desejo de ter um negócio próprio, levaram Figueiredo a deixar o cargo e abrir sua própria marca de roupas ao lado de um sócio. O negócio, no entanto, ganhou outras características quando a empreendedora recebeu o pedido de uma amiga para ajudá-la com a criação de um uniforme personalizado para um evento corporativo.
Depois disso, o negócio bombou. “Diretores me procuram aos montes dizendo que no mercado não existia nada parecido, de uniformes que sejam diferentes e reforcem a identidade de uma marca”, conta a empreendedora.
Foi então que decidiu comprar a parte do sócio na empresa de roupas e transformá-la na Mandarine, totalmente dedicada aos uniformes personalizados, em 2017. Para o investimento inicial, Renata usou economias guardadas e convidou 3 amigas para entrarem como sócias do negócio.
O primeiro grande cliente da Mandarine foi a Ambev, a partir da marca de cervejas Colorado. À época, a fabricante enfrentava uma certa dificuldade ao definir os melhores trajes revendidos em bares e empórios.
Hoje, a empresa atende companhias como Magazine Luiza, Walmart, iFood, Via e Sicredi. “São empresas grandes e que precisam de uma empresa que consiga traduzir o que eles procuram para uniformes ou revenda”, diz.
Segundo ela, a Mandarine serve de ponte para empresas interessadas em desenvolver coleções para o consumidor final ou também para os funcionários.
Além das tradicionais camisetas e moletons, a empresa também desenvolve:
A grande sacada da Mandarine, segundo Figueiredo, está em avaliar as peças também do pontos de vista de branding — termo pomposo para definir esforços de marketing que reforçam o poder e valor das marcas. “Hoje somos uma empresa única e com certeza uma das poucas no mercado a criar um uniforme que também posiciona”, diz.
Um exemplo está no próprio relacionamento com a cerveja Colorado, tradicionalmente ligada à sustentabilidade. Para criar uniformes alinhados a esse propósito e com menor impacto ambiental, a Mandarine desenvolveu um tecido feito à base de garrafas PET. “Temos que ir de encontro ao que a marca prega, pois não adianta ir contra os valores da empresa”, diz.
Com a pandemia, a Mandarine se beneficiou do esforço de marcas em acolher funcionários trancafiados em casa. Mesmo sem crescimento, a empresa manteve uma margem razoavelmente tranquila com o desenvolvimento de novas peças como meias, chapéus, bonés e necessaires para turbinar kits de boas-vindas e acolhimentos para funcionários. "Nossa proposta está em criar peças mais descoladas, com diferentes cores, tecidos e até tipos de modelagem”.
Recentemente, a empresa também apostou na contratação de nomes mais experientes do mercado para ajudar na criação de estratégias mais robustas de crescimento. Além disso, a Mandarine criou uma nova gama de serviços à disposição das empresas clientes, como um braço de logística das peças para os clientes que desejam terceirizar as entregas aos pontos de venda ou diretamente aos funcionários.
Agora, com serviços mais maduros e com maior aceitação da clientela, a Mandarine quer mais do que dobrar o faturamento de 2021. No ano passado, as receitas ficaram na casa dos R$ 32 milhões.