Toshiba: o conglomerado já passou por um cenário de maquiagem das contas em 2015 (Reuters/Reuters)
AFP
Publicado em 14 de março de 2017 às 09h47.
Tóquio - O conglomerado japonês Toshiba, abalado por uma grave crise financeira que piora a situação de sua filial nuclear Westinghouse, solicitou nesta terça-feira um prazo excepcional de um mês para publicar suas contas, ao se declarar incapaz de esclarecer sua confusão contábil.
A Toshiba já passou por um cenário de maquiagem das contas em 2015, situação que dizimou a direção anterior do grupo.
Agora, o conglomerado volta a enfrentar uma crise, após solicitar o segundo adiamento da publicação de suas contas, depois de um primeiro pedido em fevereiro, que vencia nesta terça-feira.
"Acreditamos que ainda precisamos de quatro semanas", afirma a empresa em um comunicado, no qual pede desculpas aos acionistas e investidores.
As autoridades concederam novo prazo, até 11 de abril.
No mês passado, a direção da Toshiba divulgou apenas "estimativas de resultados", nas quais citava uma 'desvalorização' de 712,5 bilhões de ienes (6,15 bilhões de dólares) em suas atividades nucleares nos Estados Unidos, consequência dos cálculos ruins da filial Westinghouse.
Também anunciou temer para o exercício 2016/17 uma perda líquida de 300 bilhões de ienes.
Em outro comunicado, a Toshiba confirmou que diretores da Westinghouse estimularam seus subordinados a manipular as modalidades financeiras da operação de compra de uma empresa, a CB&I, operação que está na origem dos problemas financeiros atuais.
"A crise da filial Westinghouse alcança o apogeu", afirma o jornal Nikkei, referência em questões econômicas japonesas.
A Toshiba afirmou que examina a possibilidade de vender a maior parte de sua atividade nuclear estrangeira.
"Todas as hipóteses estão sobre a mesa, inclusive uma suspensão de pagamentos da Westinghouse", declarou o presidente executivo da Toshiba, Satoshi Tsunakawa, nesta terça-feira em uma entrevista coletiva.
"Mas ainda não decidimos nada", completou.
A Westinghouse foi adquirida pela Toshiba há 10 anos, pelo preço elevado de mais de 4 bilhões de dólares.
Na Bolsa de Tóquio, a notícia do novo prazo para a Toshiba foi bem recebida. A ação da empresa, que chegou a cair 9% durante o dia, fechou a sessão de terça-feira em alta 0,46%.
Mas a praça nipônica colocou a ação da Toshiba "sob controle", o que acentua a ameaça de contaminação caso o conglomerado não respeite os compromissos no mês de abril.