Acionistas em comum podem ajudar Kroton a comprar Estácio
Os mesmos dez acionistas possuem 46% da Estácio e 32% da Kroton, o que pode beneficiar a segunda empresa no processo de aquisição da primeira
Da Redação
Publicado em 10 de junho de 2016 às 09h35.
São Paulo - Acionistas que investem tanto na Kroton quanto na Estácio serão decisivos no futuro da disputa pela empresa carioca. Para fontes próximas, a proposta da Kroton tem recebido a preferência ante a feita pela Ser Educacional .
A possibilidade de replicação na Estácio do modelo de enxugamento de custos que tornou a Kroton famosa no setor de ensino superior privado é o que está por trás das negociações.
Tanto Kroton quanto Estácio são companhias sem controlador. Um levantamento feito por um banco aponta que as duas empresas têm dez acionistas comuns, entre fundos estrangeiros e bancos de investimento.
Esses dez acionistas possuem 46% da Estácio e, ao mesmo tempo, 32% da Kroton. Entre eles, estão Oppenheimer, Coronation e Capital World Investors.
A crença em ganhos rápidos de sinergias entre as empresas pode pesar favoravelmente para a Kroton na disputa com a Ser Educacional pela incorporação da Estácio.
As contas que estão sendo feitas hoje por analistas apontam que a proposta da Kroton tem um potencial de gerar ganhos rápidos para esse grupo de acionistas por meio de cortes de custos que elevariam tanto as margens quanto os múltiplos da Estácio - cálculos usados no mercado para precificar as ações, como o valor dos papéis sobre o patrimônio líquido ou o Ebitda.
Ainda assim, fontes dizem que a Kroton deve ter de elevar o prêmio oferecido pela Estácio, possibilidade que já está na mesa de negociações.
Uma fonte comenta que hoje a operação da Estácio é considerada menos eficiente. A expectativa é que, se a Kroton for bem sucedida, integre de imediato a área administrativa das empresas, o que geraria redução direta de despesas logo que concluída uma fusão.
Outro ponto lembrado pelas fontes diz respeito aos custos com professores. Um fator chave nas grandes companhias privadas de ensino é a capacidade de manter um alto número de alunos por sala de aula, de forma a impedir que a formação de muitas turmas com poucos estudantes se torne onerosa.
Para isso, a Kroton tem um modelo acadêmico que consegue combinar turmas numa mesma sala de aula e, do ponto de vista do investidor, esse modelo é mais eficaz que o da Estácio.
Para tentar contestar esse argumento, a Ser Educacional rebate dizendo que os acionistas não deveriam almejar cortes de custo e ganhos de curto prazo, mas sim o potencial de crescimento que Estácio e Ser teriam juntas nos próximos anos.
"Nossa proposta não se apropria de sinergias de curto prazo como cortes de custo, mas de projeto de crescimento de médio e longo prazo viável, disse Jânyo Diniz, presidente da Ser.
Analistas calculam que as sinergias geradas numa fusão da Estácio com a Kroton poderiam alcançar, trazidas a valor presente, entre R$ 4 bilhões e R$ 8 bilhões.
Já uma união com a Ser resultaria em sinergias de R$ 1,5 bilhão, sobretudo porque a Ser é uma empresa menor e sua capacidade de integrar essas áreas administrativas e enxugar despesas na Estácio também seria inferior.
Fontes próximas da negociação afirmam ainda que a proposta da Kroton não inclui uma mudança em termos de governança corporativa.
A acomodação de pessoas que hoje compõem o conselho da Estácio, como o empresário Chaim Zaher, no conselho de administração da Kroton, portanto, não estaria na mesa.
Consolidação
A disputa pela Estácio reforça a tendência de aquecimento de fusões e aquisições no setor de ensino superior.
Há poucos dias, a americana DeVry anunciou acordo para aquisição da Faculdade Imperatriz (Facimp), na cidade de mesmo nome no Maranhão, cinco meses após ter anunciado a compra do Grupo Ibmec.
Segundo fontes, o outro fundo americano, o Advent, está prospectando novas aquisições no setor. A gestora já teria falado com 20 instituições e pelo menos um negócio já estaria em fase de due diligence (auditoria).
O Advent foi um dos maiores investidores da Kroton e, depois de anos fora do setor, decidiu voltar às compra no ano passado, após adquirir a Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), em Caxias do Sul.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
São Paulo - Acionistas que investem tanto na Kroton quanto na Estácio serão decisivos no futuro da disputa pela empresa carioca. Para fontes próximas, a proposta da Kroton tem recebido a preferência ante a feita pela Ser Educacional .
A possibilidade de replicação na Estácio do modelo de enxugamento de custos que tornou a Kroton famosa no setor de ensino superior privado é o que está por trás das negociações.
Tanto Kroton quanto Estácio são companhias sem controlador. Um levantamento feito por um banco aponta que as duas empresas têm dez acionistas comuns, entre fundos estrangeiros e bancos de investimento.
Esses dez acionistas possuem 46% da Estácio e, ao mesmo tempo, 32% da Kroton. Entre eles, estão Oppenheimer, Coronation e Capital World Investors.
A crença em ganhos rápidos de sinergias entre as empresas pode pesar favoravelmente para a Kroton na disputa com a Ser Educacional pela incorporação da Estácio.
As contas que estão sendo feitas hoje por analistas apontam que a proposta da Kroton tem um potencial de gerar ganhos rápidos para esse grupo de acionistas por meio de cortes de custos que elevariam tanto as margens quanto os múltiplos da Estácio - cálculos usados no mercado para precificar as ações, como o valor dos papéis sobre o patrimônio líquido ou o Ebitda.
Ainda assim, fontes dizem que a Kroton deve ter de elevar o prêmio oferecido pela Estácio, possibilidade que já está na mesa de negociações.
Uma fonte comenta que hoje a operação da Estácio é considerada menos eficiente. A expectativa é que, se a Kroton for bem sucedida, integre de imediato a área administrativa das empresas, o que geraria redução direta de despesas logo que concluída uma fusão.
Outro ponto lembrado pelas fontes diz respeito aos custos com professores. Um fator chave nas grandes companhias privadas de ensino é a capacidade de manter um alto número de alunos por sala de aula, de forma a impedir que a formação de muitas turmas com poucos estudantes se torne onerosa.
Para isso, a Kroton tem um modelo acadêmico que consegue combinar turmas numa mesma sala de aula e, do ponto de vista do investidor, esse modelo é mais eficaz que o da Estácio.
Para tentar contestar esse argumento, a Ser Educacional rebate dizendo que os acionistas não deveriam almejar cortes de custo e ganhos de curto prazo, mas sim o potencial de crescimento que Estácio e Ser teriam juntas nos próximos anos.
"Nossa proposta não se apropria de sinergias de curto prazo como cortes de custo, mas de projeto de crescimento de médio e longo prazo viável, disse Jânyo Diniz, presidente da Ser.
Analistas calculam que as sinergias geradas numa fusão da Estácio com a Kroton poderiam alcançar, trazidas a valor presente, entre R$ 4 bilhões e R$ 8 bilhões.
Já uma união com a Ser resultaria em sinergias de R$ 1,5 bilhão, sobretudo porque a Ser é uma empresa menor e sua capacidade de integrar essas áreas administrativas e enxugar despesas na Estácio também seria inferior.
Fontes próximas da negociação afirmam ainda que a proposta da Kroton não inclui uma mudança em termos de governança corporativa.
A acomodação de pessoas que hoje compõem o conselho da Estácio, como o empresário Chaim Zaher, no conselho de administração da Kroton, portanto, não estaria na mesa.
Consolidação
A disputa pela Estácio reforça a tendência de aquecimento de fusões e aquisições no setor de ensino superior.
Há poucos dias, a americana DeVry anunciou acordo para aquisição da Faculdade Imperatriz (Facimp), na cidade de mesmo nome no Maranhão, cinco meses após ter anunciado a compra do Grupo Ibmec.
Segundo fontes, o outro fundo americano, o Advent, está prospectando novas aquisições no setor. A gestora já teria falado com 20 instituições e pelo menos um negócio já estaria em fase de due diligence (auditoria).
O Advent foi um dos maiores investidores da Kroton e, depois de anos fora do setor, decidiu voltar às compra no ano passado, após adquirir a Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), em Caxias do Sul.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.