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Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2013 às 18h35.
Com parte da frota parada por falta de recursos, salários atrasados e uma dívida estimada pelo governo de 900 milhões de dólares, a Aerolíneas Argentinas pode terminar voltando para as mãos do Estado. A empresa é a maior do setor na Argentina, e foi privatizada durante o governo de Carlos Menem. Seu atual controlador é o grupo espanhol Marsans, que detém 95% do capital. O governo argentino ainda possui 5% da empresa. A Austral, uma aérea local totalmente controlada pelo Marsans, também enfrenta problemas e vem cancelando vôos.
De acordo com o jornal argentino Clarín, o governo espanhol e os controladores aceitariam a estatização da companhia, desde que a Argentina assumisse todas as dívidas. A solução despertaria apenas os protestos protocolares, mas não colocaria os interessados em rota de colisão.
O primeiro passo foi dado pela presidente argentina, Cristina Kirchner, em uma reunião no último fim de semana, quando o governo avaliou duas medidas. A primeira seria pedir à Justiça a falência da empresa e a responsabilização do Marsans, que seria obrigado a assumir as dívidas. Essa opção foi descartada após consultas a Madri e a constatação de que geraria um grande conflito político. A solução adotada, então, foi solicitar uma intervenção judicial, o que abre caminho para a estatização. Segundo um relatório do governo argentino, a Aerolíneas acumulou uma dívida de 700 milhões de dólares entre a privatização e o ano passado. Neste ano, a situação se agravou e, até junho, a empresa contabilizou mais 200 milhões em dívidas.
A intervenção pode ser decidida nesta terça-feira (15/7), pelo juiz Jorge Scioli, que acompanha o caso. Neste dia, ocorrerá uma audiência de reconciliação entre o governo, empresa e sindicatos. Na quinta-feira (10/7), Scioli negou um primeiro pedido de intervenção e solicitou aos envolvidos que avaliem a situação.
Segundo o jornal espanhol El País, a possibilidade de intervenção surge no momento em que uma solução impulsionada pelo governo argentino parece fadada ao fracasso: a compra de 36,4% da empresa pelo empresário argentino Juan Carlos López Mena. Nos últimos tempos, Mena interessa-se pela aquisição de empresas estrangeiras cujas operações no país enfrentam dificuldades.
Mesmo sem a intervenção formal, o governo argentino já atua para amenizar a situação da empresa. Segundo o Clarín, 50 milhões de pesos (cerca de 16,5 milhões de dólares) serão destinados à empresa pelo Tesouro argentino nesta sexta. O objetivo é pagar os salários atrasados de junho dos quase 9.000 funcionários da Aerolíneas e da Austral. Parte do dinheiro (16 milhões de pesos) também quitará dívidas com fornecedores de combustíveis e outros insumos.