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Em carta anual, Buffett aborda sucessão e se compara a Matusalém

"Adoro gerir a Berkshire. Se curtir a vida trouxer longevidade, o recorde de Matusalém estará em perigo”, brincou o magnata, que fará 88 anos em agosto

Warren Buffett (Bloomberg/Bloomberg)

Warren Buffett (Bloomberg/Bloomberg)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 24 de fevereiro de 2018 às 13h19.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2018 às 15h52.

São Paulo  — Em sua aguardada carta anual aos investidores da Berkshire Hathaway, divulgada neste sábado (24), o bilionário Warren Buffett indicou crescimento de 418% no lucro líquido do quarto trimestre de 2017 na comparação com o mesmo intervalo do ano passado. O valor chegou a 32,5 bilhões de dólares, ante os 6,286 bilhões registrados no mesmo período de 2016.

Nada menos que 29 bilhões foram obtidos graças às novas regras tributárias em vigor nos Estados Unidos, que reduziram os impostos para as corporações de 35% para 21%.

“2017 foi fora do padrão: uma grande porção do nosso ganho não veio de nada realizado pela Berkshire. Porém, o ganho de 65 bilhões de dólares é real, fiquem certos disso. Mas só 36 bilhões vieram das operações da Berkshire. Os restantes 29 bilhões foram entregues a nós em dezembro, quando o Congresso alterou o código tributário dos Estados Unidos”, escreveu o bilionário.

Na carta, Buffett disse que a febre de aquisições em Wall Street fez os preços atingirem recorde em 2017, o que afastou a Berkshire dos grandes negócios que costuma fazer. A empresa fechou o ano com 116 bilhões de dólares em dinheiro e títulos de curto prazo.

“Apesar da recente seca de aquisições, acreditamos que, de tempos em tempos, a Berkshire terá oportunidades de fazer grandes compras. Enquanto isso, vamos nos fixar no nosso simples princípio: quando menos prudência os outros tiverem para conduzir seus negócios, maior deverá ser a nossa prudência para conduzir os nossos”, disse a carta.

E a sucessão?

Um dos temas mais aguardados da nova carta de Buffett, que tem 87 anos, dizia respeito ao nome do seu futuro sucessor à frente da Berkshire.

Em janeiro, ele promoveu dois executivos a vice-presidentes da companhia. Ajit Jain ficou encarregado das operações de seguros e Greg Abel ganhou responsabilidade sobre todas as outras subsidiárias. Buffett descreveu as promoções como “parte de um movimento em direção à sucessão”.

No comunicado, o octogenário disse que o plano de substituição está caminhando, mas não revelou nenhum nome. “Os nossos diretores conhecem as minhas recomendações”, escreveu ele. “Todos os candidatos trabalham atualmente para a Berkshire ou estão disponíveis para trabalhar nela, e são pessoas em quem tenho total confiança”.

O magnata disse ainda que a questão está sendo analisada com cuidado e que “todos estão bem preparados” para quando ele não puder mais estar à frente da empresa.

Na última sexta-feira, Buffett anunciou que deixará o conselho de administração da Kraft Heinz para diminuir a carga de viagens a negócios.

Para encerrar o assunto,  o empresário não conseguiu passar sem sua habitual pitada de humor:”Quero assegurar a vocês que nunca me senti tão bem. Eu adoro gerir a Berkshire. Se curtir a vida trouxer longevidade, o recorde de Matusalém estará em perigo”, escreveu.

Leia aqui a íntegra da carta.

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