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Elon Musk renuncia à direção da Tesla para evitar processo por fraude

As dúvidas sobre o estilo de direção de Musk aumentaram recentemente com a multiplicação de tuítes e declarações polêmicas

Elon Musk: a presença de Musk à frente de Tesla tem sido questionada há meses (Aaron P. Bernstein/Reuters)
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EFE

Publicado em 30 de setembro de 2018 às 08h23.

Washington - As especulações das últimas horas sobre o futuro de Elon Musk à frente da Tesla se materializaram neste sábado com o anúncio de que o empresário chegou a um acordo para deixar a direção da montadora e assim evitar um processo por fraude.

A presença de Musk à frente de Tesla tem sido questionada há meses, inicialmente pela incapacidade repetida do fabricante de automóveis de atingir as cotas de produção do Model 3, estabelecidas pelo próprio empresário.

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As dúvidas sobre o estilo de direção de Musk aumentaram recentemente com a multiplicação de tuítes e declarações polêmicas, como chamar de pedófilo um dos mergulhadores que participaram do resgate dos meninos tailandeses presos em uma caverna.

Mas o capítulo final da possível saída da bolsa da Tesla, que o próprio Musk propiciou e que levou a Securities and Exchange Commission (SEC) a apresentar na sexta-feira um processo contra o empresário, levou finalmente a sua saída temporária da empresa que fundou em 2003.

A SEC processou Musk ao considerar que sua série de mensagens no Twitter do dia 7 de agosto, comunicando sua intenção de tirar a Tesla da bolsa, graças à existência de investidores que pagariam US$ 420 por título aos acionistas da companhia - foi um ato fraudulento que inflou temporariamente o valor das ações.

Após horas de especulações nos principais veículos de comunicação americanos, a SEC anunciou em comunicado que Musk aceita que não poderá ser presidente do conselho de administração da Tesla durante três anos e durante esse tempo será substituído por uma pessoa "independente".

Além disso, a Tesla nomeará dois conselheiros independentes para seu conselho de administração e criará um "novo comitê de conselheiros independentes, fazendo mais controle para supervisionar as comunicações de Musk.

Stephanie Avakina, co-diretora da Divisão de Cumprimento da SEC, declarou que as medidas anunciadas "foram especificamente criadas para resolver o problema de má conduta, ao fortalecer a governança corporativa e supervisão da Tesla, a fim de para proteger os investidores".

Apesar do acordo, Musk decidiu não fazer nenhum comentário sobre seus problemas legais e preferiu se cercar de sua legião de seguidores no Twitter, seu meio favorito de comunicação.

Neste sábado, Musk se limitou a anunciar a um seguidor da companhia que a Tesla está se preparando para entregar seus veículos diretamente na casa ou local de trabalho do cliente, em vez do método tradicional de obrigá-lo a ir a uma das lojas da empresa para pegar o automóvel.

O acordo entre Musk e SEC foi feito em meio a uma grave queda do valor das ações da Tesla na bolsa.

Na sexta-feira, as ações de Tesla perderam quase 14% de seu valor e fecharam o dia cotadas a US$ 264,77, US$ 42,75 menos que na quinta-feira. A perda é a maior sofrida pelo fabricante desde o final de 2013.

Desde que Musk surpreendeu a todos com o tuíte sobre a saída da Tesla da bolsa, o valor das ações do fabricante caiu 30%, o que representa que os investidores perderam quase US$ 20 bilhões.

A punição a Musk é dupla. Não só tem que deixar a direção da Tesla e encarar os processos de vários grupos de investidores que se sentem enganados por seus tuítes, mas também por ser o maior acionista individual da Tesla sua fortuna foi consideravelmente reduzida nos últimos 45 dias. EFE

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