Eletrobras pode ser privatizada antes das eleições, acreditam ministros
Anunciada em agosto do ano passado, privatização da Eletrobras deve ocorrer por meio de operação de aumento de capital
Agência Brasil
Publicado em 27 de março de 2018 às 12h02.
Última atualização em 27 de março de 2018 às 12h03.
O governo espera que o projeto de lei que trata da privatização da Eletrobras seja aprovado pelo Congresso Nacional ainda este ano, de acordo com os ministros da Fazenda , Henrique Meirelles, e do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira. Segundo Oliveira, é possível que a aprovação ocorra antes das eleições, em outubro.
"Dá tempo. O relator está empenhado em apresentar o relatório rapidamente e fazer um esforço na comissão para acelerar o cronograma e votar isso o quanto antes", disse Oliveira a jornalistas após participar da abertura do seminário Privatização da Eletrobras - Repercussões Setoriais para a Modicidade Tarifária e Modelagem Societária, no Tribunal de Contas da União (TCU).
Anunciada em agosto do ano passado, a privatização da Eletrobras deve ocorrer por meio de operação de aumento de capital, até que a participação do governo se torne minoritária. O projeto de lei (PL 9463/2018) que trata da privatização foi encaminhado pelo governo ao Congresso Nacional no final de janeiro. O governo espera arrecadar com a operação R$ 12,2 bilhões.
Apesar de acreditar na votação, o governo não incluiu essa arrecadação no Orçamento deste ano. Em fevereiro, determinou o bloqueio de R$ 16,2 bilhões do orçamento do Poder Executivo para cumprir o teto federal de gastos e compensar uma possível não votação da privatização da Eletrobras.
O projeto tramita atualmente na Câmara dos Deputados. O relator da comissão especial que analisa o projeto, deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), também participou do evento e cobrou uma maior atuação do governo. "O governo precisa desenvolver mais energia, porque o projeto é bom e é preciso convencer deputados. Estou convencido que temos um bom projeto na mão e que o Congresso precisa ser convencido".
Meirelles disse à jornalistas que vai trabalhar nesse convencimento. "Vamos trabalhar. As lideranças no Congresso e também o governo estão empenhados nisso, vamos trabalhar duro porque é muito importantes para o Brasil".
Pela proposta, nenhum acionista poderá ter mais de 10% de poder do voto. O objetivo, segundo o Planalto, é evitar que outra companhia tome o controle da estatal. O projeto também prevê que a União terá ações especiais na Eletrobras após a privatização, chamadas de golden share, que dão a seu detentor direitos como garantia de indicação de um membro do Conselho de Administração.
"A ideia toda é permitir que se possa tirar a vantagem de fato do grande potencial que tem o país na geração de energia", defende Meirelles. "Vamos criar base para ter uma grande super empresa nacional de energia de classe mundial. A Eletrobras vai passar a investir em outros países, coisa que não pode fazer hoje porque não tem capital", explicou o ministro Oliveira.
Críticos do projeto defendem que a proposta de privatização acarretará na entrega das usinas hidrelétricas a empresas privadas e na insuficiência de fornecimento de energia às regiões que ainda não foram interligadas ao sistema nacional.