Negócios

Ela trocou a engenharia e hoje fatura R$ 7,5 milhões com um negócio para mulheres em busca do prazer

Entre as estratégias para aumentar o faturamento está a inclusão dos produtos em farmácias e a transformação do portfólio para um 100% próprio

Isabela Cerqueira, da Good Vibres: em três anos, empresa vendeu 50.000 vibradores (Good Vibres/Divulgação)

Isabela Cerqueira, da Good Vibres: em três anos, empresa vendeu 50.000 vibradores (Good Vibres/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 8 de outubro de 2023 às 10h15.

Última atualização em 11 de outubro de 2023 às 09h40.

O empoderamento feminino está no cerne da Good Vibres, negócio de bem-estar sexual da carioca Isabela Cerqueira. A empresária é formada em engenharia de produção e trabalhou por anos na L’Oréal, cuidando da logística da multinacional. Durante a pandemia, porém, criou um perfil nas redes sociais para falar sobre sexualidade de forma mais aberta. E a pergunta que mais chegava na página do Instagram era sobre tipos e recomendações de vibradores e brinquedos sexuais. 

“Foi quando comecei a notar que tinha um gap de mercado, tanto em termos de logística como de estoque”, diz Cerqueira. “E a grande parte dos produtos faltou durante a pandemia. Eu percebi que poderia trabalhar com isso, porque já tinha conhecimento em logística”.

Cerqueira resolveu juntar essa oportunidade de mercado com um outro incômodo. O mercado de vibradores que tinha até o momento era muito erotizado. “Não me identificava com aquilo no momento. Não era sobre bem-estar”. 

Foi assim que decidiu sair da CLT, pegar o dinheiro que tinha guardado e criar a Good Vibres. No início, foi no quartinho dos fundos de sua casa, mesmo. Mas a empresa foi crescendo e, em menos de seis meses, abriu o primeiro escritório. 

No primeiro ano de atuação, faturou 2 milhões de reais. Em 2022, foram 3,6 milhões de reais. E a meta agora é bater os 7,5 milhões de reais. Para crescer no faturamento, estão apostando em produtos autorais, desenhados e planejados pela empresa e produzidos na China. 

“Queremos ficar mais focados no prazer feminino”, diz Cerqueira. “A gente entendeu, por exemplo, que as mulheres não preferem o formato realístico, imitando órgãos sexuais masculinos. Desenvolvemos os produtos focando no que gera mais estímulo para o corpo feminino. E na embalagem, tiramos as mulheres super sexualizadas e fizemos algo mais discreto, pensando na mulher”. 

A empresa entra em um momento interessante no setor. A expansão das sex shops e do mercado de sexy toys já movimentam mais de 70 bilhões de dólares por ano ao redor do globo, com expectativa de alcance de 108 bilhões de dólares até 2027, segundo dados do Allied Market Research. 

Quais as estratégias da Good Vibres

A Good Vibres foca em ser um e-commerce próprio, mas tem outras estratégias de entrada de receita. Estão, por exemplo, em alguns marketplaces no Brasil, como a West Wing. E agora traçam uma estratégia diferente para o país: querem colocar os produtos da empresa em farmácias. 

“Lá fora, nos Estados Unidos e na Europa, é um nicho de mercado muito forte ter brinquedos sexuais em farmácias”, afirma. “Estamos trazendo isso para o Brasil. Já estamos em uma primeira loja física no Rio de Janeiro, mas queremos achar mais parcerias”. 

Também querem apostar bem mais em produtos de marca própria. Hoje, quatro dos 70 produtos são de marca própria. A ideia é que, gradualmente, 100% do portfólio carregue a marca Good Vibres. Com isso, pretendem, também, aumentar o tíquete médio. “Conseguimos agregar valor porque os produtos próprios foram pensados pela gente, colocamos manual feito em português, com toda instrução”, afirma. “Isso permite aumentarmos o tíquete”.

Com a expansão, devem abrir, também, um centro de distribuição. Hoje, a logística acontece do escritório da empresa no Rio de Janeiro. Desde a fundação da empresa, já foram vendidos 50.000 vibradores. Até ano que vem, querem chegar ao patamar de 100.000. 

E loja física? Até está no radar, garante a executiva, mas a médio e longo prazo. Um dos desafios ainda é lidar com a vergonha que algumas pessoas têm em comprar esses produtos. 

“As pessoas se sentem envergonhadas em consumir bem-estar sexual de forma aberta”, diz. “Prezamos muito pela entrega discreta, pelo máximo sigilo. A embalagem não remete a marca, não tem nada. Quando a gente sentir que as pessoas vão ficar mais abertas, e esse é um passo natural, abriremos lojas”. 

Quais as metas da Good Vibres para os próximos anos 

  • Bater 7,5 milhões de reais em faturamento em 2023
  • Aumentar os produtos e deixar 100% do portfólio com marca própria
  • Dobrar o tamanho da empresa em faturamento ano após ano
  • Abrir a empresa para investidores externos

“Queremos ser uma loja de autoconhecimento”, diz Cerqueira. “A Good Vibres é focada principalmente no prazer próprio, para se descobrir. E queremos crescer nisso”. 

Empresa faz parte do ranking Negócios em Expansão 

A Good Vibres foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, levantamento da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), com suporte técnico da PwC Brasil.

A empresa ficou na 17ª colocação na categoria de 2 a 5 milhões de reais, com um crescimento de receita líquida de 96,7%. Em 2021, a receita líquida foi de R$ 1,8 milhão. Em 2022, subiu para R$ 3,58 milhões. 

Quer ser informado quando começarem as inscrições para o ranking em 2024? Clique aqui e deixe seus contatos

O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país. Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.

Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país. Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%. Veja os resultados:

Acompanhe tudo sobre:StartupsRio de JaneiroMulheres executivas

Mais de Negócios

Imposto a pagar? Campanha da Osesp mostra como usar o dinheiro para apoiar a cultura

Uma pizzaria de SP cresce quase 300% ao ano mesmo atuando num dos mercados mais concorridos do mundo

Startup cria "programa de fidelidade" para criadores de conteúdo e times de futebol

Sem antenas, mas com wi-fi: esta startup chilena quer ser a "Netflix" da TV aberta