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Economia compartilhada enfrenta futuro incerto com coronavírus

Empresas como Uber e Airbnb, símbolos da economia compartilhada, têm desafio de se manter fortes após queda de utilização

Uber: em relatório trimestral, a Uber reportou a perda de quase US$ 3 bilhões (Peter Summers / Correspondente/Getty Images)

Uber: em relatório trimestral, a Uber reportou a perda de quase US$ 3 bilhões (Peter Summers / Correspondente/Getty Images)

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AFP

Publicado em 13 de maio de 2020 às 18h00.

Última atualização em 13 de maio de 2020 às 18h00.

Plataformas como Uber e Airbnb, duas das empresas mais conhecidas da "economia compartilhada", vinham em franco crescimento e já transformavam múltiplos setores da economia. Até a nova pandemia de coronavírus surgir.  

Em um contexto de maior incerteza sobre a reação dos consumidores e o futuro da economia, essas empresas estão experimentando uma diminuição dos seus lucros nunca antes vista, recorrendo a demissões e reduzindo suas projeções financeiras.

Antes da pandemia, essas empresas de setores como transporte, turismo e até vestuário viviam um forte impulso, de acordo com Steve Barr, analista de mercado de consumo da consultoria PwC.

Antes, esse especialista havia previsto que a economia compartilhada geraria US$ 335 bilhões até 2025.

"Acho que haverá uma mudança muito significativa no comportamento do consumidor", disse Barr.

Um possível prejuízo para essas projeções está na desurbanização de algumas cidades muito populosas, um fator importante no modelo econômico dessas plataformas, que afetam o "estilo de vida" daqueles que optam por não possuir bens, disse Barr.

Menos viagens, mais entregas

Em seu relatório trimestral, a Uber reportou a perda de quase US$ 3 bilhões e que a rotatividade dos carros em sua plataforma caiu cerca de 80% em abril, fazendo-a cortar em 14% sua força de trabalho.

A gigante do transporte compartilhado disse ter visto alguns sinais de retomada nas últimas semanas e que sua divisão de entrega de alimentos, a UberEats, está tendo forte procura.

No entanto, de acordo com uma pesquisa da IBM divulgada neste mês, mais da metade dos usuários de aplicativos de compartilhamento de viagens planeja reduzir o uso ou mesmo abandonar esses serviços.

Para o analista Richard Windsor, a "aversão" dos usuários a esses serviços, que envolvem entrar em um veículo com um estranho, "não diminuirá até que haja uma vacina", escreveu ele em seu blog Radio Free Mobile.

Para Arun Sundararajan, professor da Universidade de Nova York que pesquisa a economia compartilhada, há espaço para otimismo na área de mobilidade.

"Acho que veremos uma mudança em direção a mais controle sobre o espaço pessoal", disse Sundararajan.

"Muitas pessoas deixarão de usar o transporte público em áreas muito populosas".

Isso poderia significar mais trabalho para serviços e aplicativos como o Lyft ou Uber, além de plataformas de "micro-mobilidade" através das quais bicicletas ou patinetes são compartilhados.

Segundo o pesquisador, ainda pode levar mais tempo para a volta da procura por viagens compartilhadas entre vários passageiros. Além disso, a pandemia pode reduzir a tendência a não ter carro.

Diminuição das reservas

Com a indústria de viagens fortemente atingida pela crise na saúde, a plataforma líder de aluguel de quartos e apartamentos, Airbnb, demitiu 25% de seus funcionários.

Em alguns casos, as reservas caíram pela metade em comparação com as estimativas feitas no início deste ano. 

De acordo com Sundararajan, o futuro pode não ser tão ruim para a Airbnb, por causa do trabalho que a empresa faz há anos para gerar confiança.

A empresa já apresentou um novo protocolo sanitário, no qual, entre outras coisas, recomenda-se deixar vazios por vários dias os apartamentos ou as casas antes de receber novos hóspedes.

"Assim que as pessoas voltarem a viajar, elas tenderão a buscar espaços onde se sintam no controle", disse Sundararajan.

"Podem não querer passar por um saguão movimentado de hotel ou ficar em lugares onde não sabem quem estava lá antes", acrescentou.

Dessa forma, a empresa poderia estar melhor posicionada do que o setor hoteleiro "porque não depende de uma alta taxa de ocupação para que seu modelo de negócios funcione".

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