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Dono da rede Marriott é mórmon, mas quer ter hóspedes LGBT

Apesar de ser devoto a uma igreja que defende o "casamento tradicional", Bill Marriot faz campanha apoiando a comunidade LGBT a "ser quem realmente é"

Bill Marriott: "sou muito cuidadoso em separar minha fé dos negócios" (Norm Betts/Bloomberg)

Luísa Melo

Publicado em 9 de junho de 2014 às 09h52.

São Paulo -  "Amigos, amigos. Negócios à parte". Se para muita gente essa é a regra na hora de lidar com dinheiro, no caso de Bill Marriottt , dono da rede de hotéis que leva o seu sobrenome, o ditado poderia ser adaptado para " religião , religião. Negócios à parte".

Sua companhia lançou, no começo do mês uma campanha de marketing com alvo no público de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros—e seus apoiadores.

Aconte que o empresário é mórmon, ou seja, seguidor declarado da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias—que prega o "casamento tradicional".

Batizada de #LoveTravels, a ação tem o objetivo de "fazer com que todos se sintam confortáveis para serem quem são" e é estrelada por figuras como a modelo transgênera Geena Rocero e o jogador de futebol americano Jason Collins, que recentemente se revelou homossexual.

A empatia de Marriott com a comunidade LGBT, porém, não é de hoje. Desde o fim dos anos 1980, ele estende os benefícios corporativos aos parceiros de mesmo sexo de seus funcionários, por exemplo.

Além disso, em 2013, a rede de hotéis foi uma das empresas que se uniram à fundação norte-americana de Direitos Humanos HRC contra o "ato federal do casamento", que proibia o governo dos Estados Unidos de reconhecer o casamento gay (mas foi derrubado no mesmo ano pela Suprema Corte).

Os esforços de Bill Marriott, porém, não foram suficientes para evitar que ativistas dos direitos dos homossexuais convocassem um boicote aos seus hotéis ao redor do mundo, em 2008.

O motivo seria a Igreja dos Santos dos Últimos Dias ter arrecadado, naquele ano, cerca de 22 milhões de dólares para apoiar um referendo que definiria o casamento como uma exclusividade de casais heterossexuais, na Califórnia, segundo o jornal The Salt Lake Tribune.

À época, Bill Marriott chegou a divulgar um comunicado em que dizia que a bíblia que ele amava o ensinava "sobre honestidade, integridade e amor incondicional por todas às pessoas". Ele ainda garantiu: "sou muito cuidadoso em separar minha fé e crenças pessoais da maneira com que eu conduzo meus negócios".

Contradição?

Apesar do movimento para atrair hóspedes LGBT, em 2011, os hotéis Marriott cancelaram a transmissão de canais pay-per-view de f ilmes adultos em sua rede de TV. O ato foi visto como apoio à candidatura do republicano e conservador Mitt Romney (que é membro do conselho de administração da rede) à presidência dos Estados Unidos.

A empresa, porém, disse que removeu o conteúdo porque as atividades de entretenimento oferecidas por ela não eram capazes de competir com pornografia.

Fatia de mercado

Ser receptivo a gays, lésbicas e transexuais não é uma decisão que ajuda uma rede internacional de hoteis a se colocar bem em rankings de reputação, apenas.

Conforme estimativa da companhia de análises Out Now Global, divulgada pelo site Quartz, o mercado global de viagens LGBT deve corresponder a uma fatia de 202 bilhões de dólares, em 2014.

São Paulo – Daqui pouco menos de um mês, um dos eventos mais esperados do mundo irá começar: a Copa do Mundo no Brasil. Empreendedores e pequenos empresários podem aproveitar o período do evento para faturar mais. De acordo com o Sebrae, as micro e pequenas empresas devem faturar 500 milhões de reais com a Copa. Para Mark Paladino, sócio do Instituto Aquila, consultoria em gestão avançada, é um pouco tarde, mas ainda dá tempo de planejar uma ação para o evento. “As empresas podem direcionar sua estratégia para absorver os turistas que estarão na cidade. Criar alguns eventos festivos de celebração, antes ou durante dos jogos”, explica. A recomendação para quem já se preparou e tem muita expectativa para faturar durante o próximo mês é clara: não deixe de monitorar. “Tem que ter uma gestão eficiente, acompanhar os resultados e observar a performance diariamente”, ensina Paladino. Veja seis exemplos de empresas de setores diversos que estão prontas para a Copa do Mundo no Brasil.
  • 2. Terraço Itália

    2 /8(Divulgação/Terraço Itália)

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    Um dos principais pontos turísticos do centro de São Paulo, o Terraço Itália atrai pela sua história e pela possibilidade de ver a capital do alto. André Marques, gerente geral do Terraço Itália, conta que o espaço recebe muitos eventos corporativos e que algumas empresas vão aproveitar a Copa para relacionar-se com seus clientes. Assim surgiu a ideia de um camarote para assistir aos jogos da Copa do Mundo no Bar do Terraço Itália. Cada ingresso custa 151 reais e dá direito a alguns petiscos. O local preparou ainda coquetéis inspirados em países do mundial. De acordo com Marques, a preparação para o evento inclui um reforço da equipe nos horários dos jogos e a instalação de telões e uma sonorização adequada. Até agora, o jogo que tem mais reservas é o do dia 23 de junho, entre Holanda e Chile. A expectativa é faturar 25% mais.
  • 3. Pub Crawl São Paulo

    3 /8(Divulgação/Pub Crawl São Paulo)

  • Os horários em que serão transmitidos os jogos da Copa do Mundo não serão o foco da estratégia do Pub Crawl São Paulo, que oferece tours gastronômicos e em baladas pela cidade. “Vamos focar na torcida”, resume Kyu Bill, um dos cinco sócios da empresa. “A cidade é a principal porta de entrada de turistas e é uma cidade sede. Vai ter um clima festivo, movimentação, e esse clima vai se estender fora dos jogos”, conta. A equipe dobrou, passando a 40 pessoas e, desde ano passado, a marca tem diversificado seus produtos. Os tours variam de 20 a 95 reais por pessoa. O faturamento esperado até o final do ano é de 1 milhão de reais, o dobro do ano passado. Hoje, a empresa trabalha com até sete eventos semanais. Bill explica que a alta temporada da empresa coincide com os meses do mundial. O Pub Crawl São Paulo espera atender, em média, cinco mil pessoas nesse período.
  • 4. Vuvuzela do Brasil

    4 /8(Divulgação/Vuvuzela do Brasil)

    O e-commerce Vuvuzla do Brasil começou suas operações no ano passado e a ideia de criar o negócio surgiu quando Eduardo Sani, consultor de marketing digital, estava preparando uma apresentação. “Ninguém vendia vuvuzela ainda no mercado e vi que o volume de pesquisas ainda era alto. Pesquisei e vi que não tinha nenhum site do tipo”, resume. Ele se uniu ao empreendedor Vinícius Prado Ramos e investiu 20 mil reais. A Copa das Confederações foi o teste da empresa e eles venderam 1,4 mil vuvuzelas. A estratégia da dupla é de investir em mídia online e anúncios no Google e Facebook. Além disso, a marca fez uma parceria com lojas físicas em São Paulo para vender produtos por consignação. No site é possível comprar não só vuvuzelas, mas também camisetas, perucas e cornetas. A maior demanda vem de empresas que estão comprando os produtos para ações de marketing. Nos próximos três meses, a expectativa é de faturar 180 mil reais. Mesmo após a Copa, o site estará no ar, pois os empreendedores querem aproveitar as Olimpíadas de 2016.
  • 5. Lush Motel

    5 /8(Divulgação/Lush Motel)

    Com a possível falta de hospedagem, o Lush Motel criou um formato especial para turistas, com cobrança por diária. Felipe Martinez, diretor de marketing da empresa, explica que o objetivo não é disputar com os hotéis, pois algumas regras do motel serão mantidas, como a proibição do acesso a menores de idade. “É voltado casais que buscam hospedagem, mas com um pouco de privacidade”, explica. O valor de uma diária varia de 360 reais a 1,5 mil reais, com café da manhã incluso. Até agora, foram confirmadas 37 reservas de estrangeiros. Durante a Copa, a fachada do motel será iluminada nas cores verde e amarelo e os chinelos também terão com o tema do evento. Além disso, a marca investiu em uma versão do site em inglês e contratou um professor de inglês para treinar a equipe. O investimento foi de 50 mil reais e a expectativa da empresa é que o faturamento cresça 10% em junho.
  • 6. Amazonas Brands

    6 /8(Divulgação/Amazonas Brands)

    A Amazonas Brands faz parte do Grupo Amazonas e firmou a parceria com a FIFA para desenvolver as sandálias oficiais da Copa do Mundo. A marca tem um mix de 39 chinelos especiais para o evento. Os modelos são inspirados no mascote oficial, o Fuleco, nas bandeiras de algumas seleções que participarão do mundial, na taça e nas cidades sedes como o Rio. A expectativa de vendas é de 1 milhão de pares e o aumento de produção foi de 28%. Os chinelos podem ser encontrados nas lojas oficiais da FIFA e os preços partem de 29,90 reais.
  • 7. Seven Idiomas

    7 /8(Divulgação/Seven Idiomas)

    Fundada em 1987, a Seven Idiomas é especializada no ensino do inglês e espanhol. Em 2012, a marca desenvolveu um curso pensando nos eventos como Copa das Confederações, Copa do Mundo e Olímpiadas. De acordo com o CEO da empresa, Steven Beggs, as aulas foram pensadas para que os alunos aprendessem estruturas essenciais para se comunicar com turistas e situações que cada tipo de profissional terá que vivenciar. A empresa treinou cerca de 500 pessoas, como os funcionários do Airport Bus Service. A carga horária do treinamento é de 100 horas e o curso custa, em média, 2 mil reais por aluno. A abordagem das aulas depende das necessidades da empresa contratante.
  • 8. Agora, veja mais sobre empreendedorismo

    8 /8(Buda Mendes/Getty Images)

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