Dono da Centauro compra NWB e entra em produção de conteúdo sobre esporte
Rede dona de canais de esportes no Youtube foi comprada por 60 milhões de reais e vai ajudar o Grupo SBF a conhecer o consumidor mesmo antes da compra
Mariana Desidério
Publicado em 14 de dezembro de 2020 às 09h07.
Última atualização em 14 de dezembro de 2020 às 09h16.
O grupo SBF, dono da varejista de artigos esportivos Centauro , acaba de anunciar a compra da NWB, produtora de conteúdo sobre esporte dona dos canais Desimpedidos e Acelerados no Youtube. O negócio foi adquirido por 60 milhões de reais. Com a transação, o SBF dá mais um passo para se tornar um ecossistema focado em esporte – a companhia já havia anunciado a aquisição da Nike do Brasil em fevereiro.
Quer saber qual o setor mais quente da bolsa no meio deste vaivém? Assine a EXAME Research
“Somos especialistas em esporte e para servir a esse público precisamos entendê-lo melhor. A NWB traz uma máquina de aquisição de audiência, com alcance enorme, capacidade de produzir conteúdo, de gerar uma relação muito próxima com esse público e de ter dados incríveis sobre esses consumidores antes da compra”, afirmou o presidente do Grupo SBF Pedro Zemel, em entrevista exclusiva à EXAME.
Fundada em 2013, a NBW é dona de quatro canais sobre esportes no Youtube, e tem ainda 80 canais afiliados. Juntos, eles somam 81 milhões de seguidores no Instagram e 73 milhões de inscritos no Youtube. Os canais lançam em média 150 vídeos inéditos por semana, que somam 1,9 bilhão de visualizações por ano. Uma das marcas dos programas é unir esporte e humor. “Para nós essa é uma possiblidade de subir de liga, acelerar e ampliar nosso escopo, é uma oportunidade que não podíamos deixar passar”, afirma Rafael Grostein, CEO da NWB. Ele continua à frente da companhia, agora dentro do Grupo SBF, assim como a equipe da NWB.
Com a aquisição, o Grupo SBF enxerga oportunidades de monetização de uma audiência qualificada. Um dos caminhos é buscar levar esse consumidor que consome os conteúdos da NWB para a Centauro. Outro é apostar em um modelo de entretenimento que vende, em que influenciadores que têm uma relação próxima com seu público atuam também como vendedores de produtos. Outras frentes em gestação envolvem promoção de eventos, transmissões ao vivo, conteúdo pago, dentre outros.
Do lado da NWB, além ampliar as frentes de negócio, o fato de fazer parte de um grupo maior ligado ao esporte possibilita aumentar o alcance do negócio já existente e ter acesso a uma infraestrutura de tecnologia mais robusta.
Apetite continua
A meta do Grupo SBF é continuar expandindo sua atuação no universo do esporte, seja via aquisições, via projetos desenvolvidos internamente, seja via parcerias. Dentre os pontos importantes para a companhia no momento estão criar mais capilaridade para chegar a cidades menores, construir uma relação mais próxima com a audiência do futebol e desenvolver soluções para quem pratica muito esporte. “Se pararmos só em três frentes de negócio é porque a estratégia deu errado. A ideia é sermos um ecossistema vivo”, afirma Zemel.
Por trás desse apetite está a constatação de que varejistas especialistas no mundo todo quebraram ao enfrentar a concorrência de gigantes que vendem de tudo um pouco, como Amazon, Alibaba e, no Brasil, Magazine Luiza. “O problema não está em ser nicho, o problema está em ser só um agente que troca produto por dinheiro. Isso não é mais suficiente, e é por isso que lutamos para ser mais relevantes na vida dos nossos consumidores”, afirma Zemel.
A aquisição da NWB ainda precisa ser aprovada pelo Cade. Na compra da Nike do Brasil, a Netshoes, principal concorrente da Centauro e que foi comprada pelo Magazine Luiza em 2019, contestou o negócio e entrou com recurso por enxergar possibilidade de discriminação da concorrência.
O principal ponto levantado pela Netshoes foi que, com a operação, a Centauro poderia ter acesso a informações sensíveis de concorrentes, através dos dados de encomendas de produtos Nike remetidos à Nike do Brasil, e que poderia usar essas informações em sua estratégia comercial. A aquisição foi aprovada em novembro e o negócio foi efetivamente fechado no dia 1º de dezembro.
Zemel destaca que, assim como no caso da Nike do Brasil, a ideia é que a NWB seja uma unidade de negócio separada dentro do Grupo SBF. Também ressalta que a companhia segue as regras de proteção de dados do consumidor. "Varejistas especialistas no mundo inteiro quebraram, não aguentaram a concorrência com os gigantes. As grandes plataformas de varejo têm uma quantidade de dados do consumidor inimaginável. Nesse cenário, a gente é Davi não é Golias”, afirma.