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Delação de dono da Gol pode bagunçar do Ibovespa a Brasília

Delação de cofundador da Gol divulgada na segunda-feira cita nomes como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e fez ações da companhia caírem 7%

Gol Linhas Aéreas: seu cofundador, Henrique Constantino, afirmou ter negociado favores para a empresa com políticos em troca de propina (Gol/Divulgação)

Gol Linhas Aéreas: seu cofundador, Henrique Constantino, afirmou ter negociado favores para a empresa com políticos em troca de propina (Gol/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2019 às 06h49.

Última atualização em 14 de maio de 2019 às 12h01.

Os próximos dias devem ser agitados no mundo das companhias aéreas, e, também, no da política. Não bastasse a novela que envolve a falência da Avianca Brasil – que tem 203 voos cancelados só nesta terça-feira, 14, e recebeu, na segunda-feira, 13, outra proposta de compra da concorrente Azul -, a Gol desviou a atenção do mercado na direção do Ministério Público Federal, que recebeu delação de seu cofundador, Henrique Constantino, mostrando pagamentos de propina efetuados pela empresa.

Na delação de Constatino, revelada na tarde de segunda-feira, o empresário confessa ter pago mais de 7 milhões de reais em propina a grupo ligado ao ex-presidente Michel Temer (que está preso por outro caso de corrupção e é reu em mais seis processos). Em troca, a Gol obteve mais de 300 milhões de reais em financiamento da Caixa Econômica Federal, banco estatal.

Também foi citado no depoimento o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), que teria recebido “benefício financeiro” por meio da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear). Maia, que está em Nova York para jantar com empresários, disse que a delação “é mentira”, que não há provas e que acredita que o inquérito será arquivado.

Enquanto a Gol aparecia nas páginas políticas, a companhia aérea Azul anunciou, também na segunda-feira, uma segunda oferta de 145 milhões de dólares pelos slots (autorizações de pouso e decolagem) da Avianca, o que inclui espaços preciosos na ponte aérea Rio-São Paulo. A Azul já havia feito uma proposta em março, mas, na ocasião, Latam e Gol costuraram com o maior credor, o fundo Elliott, para conseguir que os slots fossem levados a leilão. O leilão deveria ter acontecido no último dia 7 de maio, mas foi cancelado pela Justiça e segue sem nova data.

O cenário ideal para as concorrentes é que a falência da Avianca leve a uma distribuição dos slots, e não que a Azul fique com todos os espaços. Na nova oferta, a Azul estaria comprando alguns horários na ponte aérea, o que não impediria o leilão dos slots, afirma a empresa. Ainda assim, Gol e Latam, cujas ofertas são mais baixas que a da Azul, devem continuar tentando impedir a transação.

Com a delação de Constantino, contudo, a Gol, que é líder do setor, ganhou outros problemas para se preocupar, e as ações da empresa fecharam o pregão de segunda-feira em queda de 7%. Os próximos dias devem fazer a delação seguir tomando a atenção do mundo político e do mercado. Enquanto a concorrente se enrola, a ver se a Azul, dessa vez, conseguirá levar sua tentativa de compra da Avianca adiante.

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