Chanceler Alemã Angela Merkel no Volkswagen ID.3: compacto elétrico foi o destaque do salão e considerado divisor de águas pela montadora alemã (Wolfgang Rattay/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2019 às 04h45.
Última atualização em 13 de setembro de 2019 às 06h25.
São Paulo — O setor de carros elétricos ganhou novidades de peso nesta semana. O salão de Frankfurt, evento de automóveis mais importante da Europa e que começa seu primeiro fim de semana oficial nesta sexta-feira 13, teve nos carros movidos à eletricidade o principal destaque no rol de lançamentos apresentados à imprensa nos últimos dias.
O principal lançamento nesta categoria foi o Volkswagen ID.3, um carro popular que será vendido a menos de 30.000 euros na Alemanha (cerca de 135.000 reais). Ainda sem previsão para chegar ao Brasil, a Volkswagen afirma que o modelo é o começo de uma “nova era” e tão importante para a empresa quanto sucessos como o Fusca e o Gol. O ID.3 é o primeiro veículo a usar a plataforma MEB da Volks, tecnologia para carros elétricos que, segundo a montadora alemã, é a chave para um “carro elétrico para todos”, com preço acessível.
O ID.3 roubou a cena, mas as concorrentes também apresentaram suas apostas para ir além dos combustíveis fósseis. A japonesa Honda lançou seu primeiro carro elétrico, o Honda ‘e’ (com a vogal fazendo alusão a eletricidade), também compacto. A britânica Mini lançou o Mini Cooper na versão elétrica. A americana Ford fez um estande inteiro chamado Go Eletric (vai, elétricos, em inglês) e apresentou quatro modelos, com dois SUVs, um compacto e uma perua totalmente elétricos ou híbridos (com possibilidade de uso de gasolina e eletricidade). Até o velho Fusca, da Volkswagen, ganhou uma remontagem com versão elétrica.
No segmento de luxo, a Mercedes Benz trouxe o piloto do esportivo Vision EQS, que dará origem ao carro mais caro da linha de elétricos da empresa. A Porsche apresentou o esportivo Taycan, seu primeiro carro 100% elétrico (com pré-venda no Brasil em 2020).
Quase todas as montadoras têm metas de lançar todos ou quase todos os veículos novos com opção elétrica nos próximos anos. A corrida pelos elétricos não busca somente reduzir as emissões de poluentes por si só, mas se adequar a regras cada vez mais rígidas sobre poluição na União Europeia. Além disso, ameaçadas pelas novatas da tecnologia — além da montadora americana Tesla, pioneira no segmento, também tangenciam o setor de carros nomes como Google e Uber —, as grandes também tentam correr atrás do tempo perdido.
Motivações à parte, com número significativo dos lançamentos sendo de carros compactos, o salão foi um dos maiores passos até hoje no intuito de popularizar os elétricos. Tornar esse tipo de motor acessível é um lema da Tesla, que tem em seu Model 3 a principal aposta para massificar os carros elétricos. O problema é que a empresa do sul-africano Elon Musk se vê frequentemente envolta em atrasos na produção de seus carros, não conseguindo entregar veículos em massa.
As grandes montadoras ainda precisarão adaptar suas linhas industriais, modelo de negócio e tecnologia para os elétricos. Mas, com décadas de experiência na bagagem e muito dinheiro, podem atingir um ritmo de produção ao qual a Tesla ainda não conseguiu chegar.