Itaú: a carteira de crédito imobiliário cresceu 52,7% quando comparada ao saldo do mesmo período de 2009 (GERMANO LUDERS)
Da Redação
Publicado em 3 de novembro de 2010 às 16h03.
São Paulo - O Itaú Unibanco divulgou hoje (03/11) seus resultados referentes ao terceiro trimestre e aos nove primeiros meses do ano. No acumulado do ano, o banco obteve lucro líquido de 9,4 bilhões de reais - 37% maior em relação ao mesmo período de 2009. "O maior destaque dos nossos resultados é o crescimento da carteira de crédito", disse Rogério Calderón, diretor de controladoria corporativa e relações com investidores.
O saldo da carteira de crédito, incluindo avais e fianças, atingiu 313,2 bilhões de reais, com crescimento de 16,6% quando comparado ao saldo de 30 de setembro de 2009. "O maior destaque de crescimento se deu na carteira de crédito imobiliário; foi o produto do banco que mais cresceu", afirmou o diretor, em teleconferência. A carteira de crédito imobiliário alcançou 12 bilhões de reais, com crescimento de 52,7% quando comparada ao saldo de igual período de 2009.
O banco espera um crescimento de 20% na carteira de crédito em 2010 e de 15% em 2011. O saldo da carteira de crédito pessoa física alcançou 118,8 bilhões de reais, com crescimento de 15,9% quando comparado ao saldo de igual período de 2009. A carteira de crédito pessoa jurídica obteve 180 bilhões de reais - crescimento de 16,2% no período. O saldo da carteira de crédito de grandes empresas foi de 104,4 bilhões de reais e o de micro, pequenas e médias empresas foi de 76,4 bilhões de reais - esse segmento obteve crescimento de 30% quando comparado ao saldo de igual período de 2009.
O Itaú Unibanco obteve lucro líquido de 3,034 bilhões de reais no terceiro trimestre. O valor representa um aumento de 33,77% em relação ao valor do mesmo período de 2009. Os recursos próprios livres, captados e administrados totalizaram 941,9 bilhões de reais, com crescimento de 13,1% quando comparados a 30 de setembro de 2009.
O resultado veio abaixo das expectativas do mercado e foi impactado pelas despesas, segundo relatório da corretora Ativa assinado pela analista Luciana Leocadio. "Já era conhecido pelo mercado que as despesas relativas ao processo de migração das agências e expansão da rede de atendimento impactariam de forma relevante o lucro do banco", afirmou o relatório.
Despesas
No terceiro trimestre de 2010, as despesas não decorrentes de juros atingiram 7,975 bilhões de reais, um crescimento de 5,3% em relação ao trimestre anterior. O valor foi impulsionado pela migração das agências e expansão da rede de atendimento, pelo crescimento das despesas de pessoal devido ao acordo da convenção coletiva do trabalho e pelo aumento das outras despesas administrativas, segundo o banco.
Desconsiderando-se as despesas com migração das agências, o total das despesas não decorrentes de juros seria de 7,5 bilhões de reais no trimestre. No trimestre, o banco contabilizou 406 milhões de reais em despesas com a migração dos pontos de atendimento. Durante o ano o valor foi de 700 milhões de reais – além de uma provisão de 500 milhões.
Entre os resultados, o relatório destacou a expansão da carteira de crédito, redução da inadimplência, aumento da margem financeira e redução do resultado do crédito de liquidação duvidosa. "Acreditamos que o banco deverá, ao longo dos próximos trimestres, se beneficiar não somente do cenário macro favorável, com expansão de crédito e recuo da inadimplência, mas também da obtenção das sinergias decorrentes da fusão com o Unibanco", afirma o relatório.
Inadimplência
O índice de inadimplência manteve a trajetória de queda após a crise, chegando a 4,3% no trimestre. Mas o índice ainda não chegou a seus patamares pré-crise (3,9% em dezembro de 2008).
A inadimplência no segmento pessoas físicas voltou para o nível pré-crise. Em dezembro de 2008 o índice era 6,9% para pessoas físicas - o índice está em 6% agora. "Ele ainda pode melhorar um pouco porque o mix atual não é igual ao que tínhamos no pré-crise", disse Calderón. A inadimplência diminuiu em pessoas físicas, por causa da mudança na composição dos produtos, segundo o diretor – como o crescimento do crédito imobiliário, que geralmente apresenta menor inadimplência.
O inverso se dá em pessoas jurídicas, cujo índice de inadimplência passou de 1,3% em setembro de 2008 para 2,9% atualmente. "Esse patamar (de 1,3%) não voltará mais porque o mix é diferente", disse Calderón. Há dois anos, a participação de empresas de grande porte era de cerca de 90% e agora é de cerca de 55%, segundo o diretor. Em setembro de 2009, durante a crise, o índice foi de 4,1%.