Coronavírus: Mercado Livre ganhou 5 milhões de novos clientes
A plataforma de marketplace viu alta de pedidos de até 125%, no Chile, e entregou recorde de 1,4 milhão de pedidos em um dia
Karin Salomão
Publicado em 13 de maio de 2020 às 11h35.
Última atualização em 13 de maio de 2020 às 12h37.
O Mercado Livre , maior portal de comércio eletrônico da América Latina, ganhou milhões de novos clientes, viu o número de itens vendidos crescer de forma acelerada e registrou recorde de 1,4 milhão de pedidos entregues em apenas um dia.
A empresa é um dos destaques no crescimento do comércio eletrônico , que até então tinha uma participação baixa no total de vendas mas, com a quarentena e as medidas de distanciamento social, se torna parte essencial da jornada de compras. Um novo levantamento feito pela empresa dá mais detalhes sobre a operação da plataforma nesse período de pandemia do novo coronavírus na América Latina.
Como consequência, desde o início do ano, o valor das ações subiu mais de 80%, para 449 reais. Com um valor de mercado superior a 38,3 bilhões de reais, a empresa de marketplace superou o valor do Itaú, maior banco privado do país.
A valorização do Mercado Livre é reflexo do que acontece com todo o mercado de varejo . Antes da pandemia, a participação do comércio eletrônico no total de vendas no Brasil era de 5,6%. Entre os países nos quais o Mercado Livre atua, a Colômbia é o mais digitalizado, com quase 10% de participação do e-commerce. No outro extremo, o México era o país com a menor taxa, de 3,7%.
Essa taxa foi crescendo substancialmente desde o início do período de isolamento. Dos dias 16 a 23 de março, a primeira semana de quarentena, a participação do comércio eletrônico aumentou 100%. Já na quarta semana, entre 9 e 16 de abril, o aumento foi de 387% em toda a América Latina, de acordo com pesquisa da empresa de inteligência de mercado Kantar.
Mais clientes, mais compras
A plataforma ganhou 5 milhões de novos consumidores, aumento de 45% em relação ao ano anterior. O maior número de novos compradores veio do Brasil, com 2,6 milhões de clientes novos, alta de 28%. Na Colômbia, no entanto, o aumento foi proporcionalmente maior. Com 366 mil novos clientes, a alta foi de 113%.
Além disso, os clientes estão voltando mais vezes ao marketplace. Os clientes mais frequentes da plataforma, que já compravam a cada 17 dias, agora estão fazendo pedidos a cada 12 dias. Já os compradores frequentes, com um pedido a cada 79 dias, diminuíram o intervalo para 24 dias. Os clientes esporádicos, que faziam pouco mais de uma compra ao ano, a cada 268 dias, agora voltam a cada 29 dias.
No Mercado Livre, esse comportamento se reflete no aumento do uso da plataforma. O tempo médio de sessão aumentou 17% e, de buscas, 39% desde o início da quarentena na América Latina.
O número de pedidos também cresceu. O Brasil foi o país no qual os pedidos no Mercado Livre menos cresceram, cerca de 39% no período da pandemia. Três países viram os pedidos mais que dobrarem: México, com alta de 112%, Colômbia, 119%, e Chile, com 125% mais pedidos no período de 24 de fevereiro a 3 de maio em relação ao mesmo período do ano passado.
As compras de itens de saúde e equipamento médico cresceram 300%, de bens e alimentos 164% e da categoria de casa, móveis e jardim, 84%. As categorias de entretenimento e fitness e de computação também cresceram 61% e 55%, respectivamente.
O Mercado Envios, braço de logística da empresa, registrou recorde, com 1,4 milhão de entregas em um mesmo dia.
Em abril, a taxa de crescimento de itens vendidos saltou 75,8% e o de volume transacionado, 72,6% em relação mesmo período do ano passado, sem considerar os efeitos cambiais, segundo o resultado da companhia divulgado na semana passada.
O resultado financeiro no Brasil, que representa 60,9% do total da receita líquida da companhia, teve expansão de 54,8% em reais e de 31,4% em dólares.
Serviços financeiros
Mais do que comprar produtos, os usuários também estão usando mais os serviços financeiros do Mercado Pago, braço de pagamentos da empresa.
O pagamento de contas pela plataforma cresceu 71%, as transferências foram 66% maiores e a recarga de celular, 21% no período.
A digitalização financeira deve se manter na plataforma - 7 em cada 10 declararam que irão continuar usando meios eletrônicos de pagamento.