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Copa 2018: a saída da Fifa para um rastro de escândalos?

Entre 2014 e 2018, a federação viveu momentos de inferno com a divulgação de esquemas milionários de corrupção. Agora quer virar a página.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin e o presidente da FIFA, Gianni Infantino (Sputnik/Aleksey Nikolskyi/Kremlin/Reuters)

Mariana Desidério

Publicado em 14 de junho de 2018 às 08h22.

Última atualização em 14 de junho de 2018 às 10h52.

São Paulo – A Fifa da Copa de 2014 é bem diferente da que abre hoje a Copa 2018 na Rússia. Entre um mundial e outro, a federação viveu momentos de inferno com a divulgação de esquemas milionários de corrupção envolvendo dirigentes. A abertura do mundial hoje simboliza o esforço da Fifa para virar essa página.

“É um momento extremamente importante. A gestão do atual presidente Gianni Infantino tinha a obrigação de dar uma resposta ao mercado e retomar a Fifa como uma entidade séria”, afirma Carlos Aragaki, sócio responsável pela área esporte da consultoria BDO.

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Os escândalos envolvendo a Fifa vieram à tona em 2015, quando sete dirigentes da entidade foram presos na Suíça sob suspeita de corrupção e cobrança de propinas de executivos de marketing.

O caso levou à saída do então presidente Joseph Blatter, após 17 anos à frente da entidade, e fez com patrocinadores colocassem um pé atrás antes de voltar a fazer negócio com a Fifa. Em 2016, a entidade divulgou um prejuízo de 369 milhões de dólares, equivalente a 1,1 bilhões de reais na cotação da época. O número é, em parte, explicado pelos custos legais em processos de corrupção e pela perda de receita com patrocinadores.

No cargo desde fevereiro de 2016, o atual presidente Gianni Infantino tem feito uma gestão pautada por palavras como transparência e compliance. O objetivo é reverter os estragos, inclusive financeiros, causados pela onda de escândalos.

“Algumas grandes empresas não querem associar seu nome a uma entidade envolvida em escândalos. A expectativa é saber se essa gestão nova sensibilizou os patrocinadores. Isso só o balanço de 2018 dirá”, afirma Aragaki.

Grandes empresas como Sony e Johnson & Johnson estavam entre as patrocinadoras da Copa de 2014 e decidiram não renovar o contrato para 2018.

Além das desistências, outra consequência para a Fifa foi que os patrocinadores demoraram mais tempo para entrar em campo, com o perdão do trocadilho. Se em 2014, todos os patrocinadores locais já estavam definidos seis meses antes do início do mundial, este ano os contratos chegaram mais em cima da hora.

Na visão de Aragaki, a demora foi uma forma de as empresas se blindarem contra possíveis novos escândalos. “É natural que as empresas tratem com certo receio associar sua marca a uma entidade envolvida em escândalos. É o risco de imagem. Muitos devem ter esperado os próximos passos, para ver se não surgiriam novas denúncias”, explica o especialista.

A Fifa tem três categorias de patrocinadores para a Copa. No degrau mais alto estão os parceiros oficiais da Fifa. Em 2018, são eles: Adidas, Coca-Cola, Gazprom, Hyundai/Kia Motors, Qatar Airways, Visa e Wanda. Depois vêm os patrocinadores específicos para a competição: Budweiser, Hisense, McDonald’s, Mengniu e Vivo. Por fim, entra a categoria de patrocinadores regionais.

A edição deste ano chama a atenção pela forte presença de empresas chinesas na lista. Nas duas primeiras categorias, as mais importantes, são quatro do país asiático: Hisense (eletrodomésticos), Vivo (smartphones, sem relação com a Vivo que conhecemos no Brasil), Mengniu (laticínios) e Wanda (ramo imobiliário).

O movimento faz parte da busca da China por um protagonismo maior no futebol, e veio em boa hora para a Fifa. Com a saída de algumas empresas de peso devido aos escândalos, a chegada das chinesas será fundamental para fechar a conta.

Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, as receitas com a Copa do Mundo devem passar de US$ 5,7 bilhões em 2014 para US$ 6,1 bilhões em 2018. Graças aos chineses.

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