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Conselho de Contabilidade investiga Carrefour após Panamericano

A varejista francesa também deu início a uma investigação independente para apurar responsabilidades

As ações do Carrefour caíram 5,6 por cento em Paris ontem, a pior baixa desde maio (Daniela Toviansky/EXAME)

As ações do Carrefour caíram 5,6 por cento em Paris ontem, a pior baixa desde maio (Daniela Toviansky/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2010 às 20h44.

O Conselho Federal de Contabilidade está investigando os auditores responsáveis pela contabilidade do Carrefour SA, depois que a unidade local do grupo francês fez baixas contábeis mais de três vezes acima do que era esperado.

“O Conselho vai constituir o grupo de trabalho para instituir o tipo de informação que vamos solicitar”, Juarez Domingues Carneiro, presidente do conselho, disse ontem em uma entrevista por telefone de Paris. “Existiu uma fraude? É preciso apurar as responsabilidades. O conselho vai apurar com detalhes se houve.”

A investigação dos contadores da Deloitte & Touche LLP começa menos de um mês depois de o CFC também abrir uma análise na auditoria contábil feita no Banco Panamericano SA. O Grupo Silvio Santos, controlador do banco paulista, teve que tomar R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito por conta de “inconsistências” contábeis no banco. A Deloitte, com sede em Nova York, também trabalhou para o Panamericano.

O Carrefour disse no dia 30 de novembro que os efeitos extraordinários no Brasil serão de 550 milhões de euros (R$ 1,23 bilhão), acima da estimativa divulgada em outubro, de 180 milhões de euros. Em outubro, a varejista trocou toda a diretoria no Brasil e contratou a KPMG LLP para auditar a contabilidade da unidade. Um representante da empresa francesa disse ontem que o Carrefour vai cooperar com qualquer investigação no País.

A Deloitte disse em nota enviada por e-mail que os ajustes nas demonstrações financeiras do Carrefour não foram submetidos à auditoria da empresa no País e que não pode fazer comentários.

Queda das ações

As ações do Carrefour caíram 5,6 por cento em Paris ontem, a pior baixa desde maio. O Panamericano caiu 34 por cento desde o dia 9 de novembro, quando foi anunciado o seu resgate. Depois disso, o Ministério Público abriu uma investigação criminal sobre possíveis fraudes no banco.

O Grupo Silvio Santos contratou a PricewaterhouseCoopers LLP para investigar as irregularidades contábeis no Panamericano. O banco também demitiu toda a diretoria. Na época do anúncio, a Deloitte se recusou a comentar o assunto.

A varejista francesa também deu início a uma investigação independente para apurar responsabilidades.

Dois casos

“No último mês surgiram dois casos. Podem ser situações isoladas ou pode haver algum indicativo de algo que a gente desconhece”, disse Carneiro.

As investigações podem levar a uma advertência pública ou privada, multa, suspensão ou cassação dos auditores envolvidos, disse Sérgio Prado de Mello, vice-presidente de fiscalização, ética e disciplina do CFC, em uma entrevista ontem por telefone de São Paulo. O Conselho está coletando dados, como balanços, disse ele. Depois, com a posse desses documentos, o CFC decide sobre a abertura ou não de um processo, segundo Mello.

O conselho nunca cassou um auditor ou contador desde que recebeu autorização legal para isso, em junho deste ano, disse Mello.

Carneiro disse que o CFC recebeu do Banco Central no dia 25 de novembro documentos referentes ao Panamericano. Segundo ele, o Conselho ainda aguarda a auditoria e o banco enviarem os documentos requeridos para prosseguir com a investigação. A Deloitte disse ontem por e-mail que não recebeu nenhuma notificação do CFC sobre o Panamericano.

“Estamos determinados a fazer o que for preciso para chegar ao cerne desta questão e acabar com o que eu chamei de má administração”, disse o presidente do Carrefour, Lars Olofsson, numa teleconferência em 30 de novembro. A situação no Brasil, que foi descoberta por equipes internas do grupo, é “assustadora” e “um desvio que evidentemente não podemos aceitar”, disse ele.
 

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