Comprada pelo Itaú em 2019, empresa de TI de MG que fatura R$ 1,1 bilhão planeja operação nos EUA
A Zup pretende focar em clientes de dois segmentos: modelo SaaS e mercado financeiro
Marcos Bonfim
Publicado em 14 de outubro de 2022 às 11h37.
Última atualização em 14 de outubro de 2022 às 12h47.
A empresa de tecnologia Zup está de malas prontas para iniciar o processo de internacionalização e escolheu o mercado dos Estados Unidos como primeiro destino.
A companhia já abriu firma no país e está decidindo em qual ou quais cidades terá escritório. Com modelo remoto, seguindo o que já utiliza hoje com os seus 3200 funcionários, pretende usa o espaço como ponto de encontro entre os colaboradores.
Adquirida pelo Itaú em 2019 por montante superior a meio milhão de reais, a empresa atua no desenvolvimento de sistemas de integração, transformação digital das companhias e com soluções de código aberto. Em sua trajetória, estão marcas como Natura, Vivo, Algar e Serasa.
Como a empresa cresce
Para este ano, projeta um faturamento de R$ 1,1 bilhão aqui no Brasil. O valor é gerado, majoritariamente, a partir do trabalho de consultoria que desenvolve para companhias em mercados como financeiro, telecomunicações, logística e varejo, que lideram as demandas.
A área responde por cerca de 80% e inclui desde a ideia dos projetos até a estratégia de crescimento. “Nós temos uma pegada bem tech, de organizar cloud, as stacks de desenvolvimento, metodologias. Somos uma empresa bem nerd”, afirma Bruno Pierobon, CEO e fundador da empresa.
Para chegar aos Estados Unidos, a empresa tem como foco oferecer as suas soluções para dois segmentos inicialmente, companhias que trabalham no modelo SaaS (Software as a service) e as do mercado financeiro.
Quais as oportunidades
“Várias indústrias não estão super transformadas e digitais. Eles investem muito lá, têm muita mais grana do que no Brasil, obviamente, mas têm muita oportunidade. Eu ainda acho que tem muita coisa que o Brasil faz melhor do que eles”, afirma o executivo.
A companhia já enviou alguns colaboradores brasileiros o país, que serão responsáveis por promover a cultura da companhia, baseada no pilar de colaboração. E está em processo de contratação de profissionais locais que possam contribuir para com o relacionamento e networking com potenciais clientes.
Além disso, estuda o desenvolvimento de parcerias como uma das formas de acelerar o processo de entrada. “O grande objetivo no ano que vem lá é conseguir alguns cases de ponta mesmo. Projetos que mostrem como os nossos produtos criaram resultados para os clientes dessas empresas e ajudaram a transformar a experiência de uso”, diz.
Como a Zup queria mudar o jeito de fazer compras
A Zup, fundada em Uberlândia, Minas Gerais, chegou ao mercado em 2011. Enquanto trabalhava na Algar, onde ficou por quase seis anos, Pierobon teve a ideia de criar o que seria a “centralizadora de compras no mundo”.
Havia companhias que mostravam a comparação de preços dos produtos em diferentes estabelecimentos e o usuário pode clicar, sendo direcionado para o e-commerce desejado. A proposta da Zup era iria além, colocando um "botão' para que o internauta fizesse a transação diretamente em um site.
Para isso, criou um mecanismo que conseguia integrar os e-commerces da época sem a necessidade de habilitações por parte dos times de tecnologias das marcas.
O modelo foi negociado com um grande player do mercado, mas enfrentou resistência de varejistas. A solução centralizada, afinal, diminuía o tráfego de usuários para os sites das varejistas.
Diante das dificuldades impostas pelo mercado, a empresa viu a oportunidade de oferecer as suas tecnologias para o B2B, ajudando no processo de integração e digitalização dos sistemas de grandes companhias.
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Em 2014, pivotou, movimento que fez com que a empresa desse uma guinada e começasse uma trajetória de crescimento contínuo, sempre dobrando anualmente tanto em faturamento quanto em número de pessoas, conta Pierobon.
Como é a relação com o Itaú
Adquirida em 2019, a Zup se mantém como uma operação separada e trabalhando para diversos clientes, incluindo o próprio banco.
“Hoje, o Itaú tem uma demanda muito grande, investe muito em tecnologia e estamos nos principais projetos ajudando a acelerar a transformação do banco, que tem uma galera com uma visão muito boa”, afirma.
A relação, segundo o executivo, ajuda a elevar “a barra” da tech, que pode ter o maior banco da América Latina como cliente piloto dos seus produtos e soluções.
“É uma oportunidade única. Por isso, eu não tenho muito medo de falar que o nosso produto será melhor que lá fora”, diz o executivo, que começou a mexer com tecnologia aos 12 anos, quando o pai resolveu abrir um provedor nos primórdios da internet.