Comperj: um gigante enferrujado
Os problemas no Brasil de 2016 são tantos, e de tal magnitude, que pautas importantíssimas acabam ficando em segundo plano. Nesta terça-feira, a Câmara vai debater uma delas. O Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) – um elefante branco de 120 bilhões de reais, que previa um orçamento inicial de 15 bilhões […]
Da Redação
Publicado em 6 de junho de 2016 às 20h05.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h36.
Os problemas no Brasil de 2016 são tantos, e de tal magnitude, que pautas importantíssimas acabam ficando em segundo plano. Nesta terça-feira, a Câmara vai debater uma delas. O Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj) – um elefante branco de 120 bilhões de reais, que previa um orçamento inicial de 15 bilhões – será tema de uma audiência pública.
Anunciado em 2006 como o maior empreendimento da história da Petrobras, o complexo deveria ficar pronto em 2011. O novo prazo é 2023. O plano era erguer uma unidade de gás natural, duas refinarias e uma petroquímica. A primeira refinaria foi suspensa no final de 2014 quando as empresas Queiroz Galvão e Iesa começaram a ser investigadas pela Lava-Jato. A segunda nem saiu do papel ainda. Diversas empreiteiras, como a Andrade Gutierrez, já admitiram ter pago propina nas obras.
O Comperj é uma fonte inesgotável de queima de caixa. No começo do ano, a Petrobras comunicou aos Tribunal de Contas da União que o complexo deve gerar um prejuízo mínimo de mais de 45 bilhões de reais até ser concluído, incluindo investimentos perdidos e gastos com manutenção das obras paradas. O atual plano de negócios da empresa prevê a continuidade das obras da unidade de processamento de gás natural no ano que vem – sozinha, a unidade depende de um investimento de 2 bilhões de dólares.
Acertar o cronograma do projeto e garantir que, pelo menos, ele pare de jogar dinheiro no lixo deve ser um dos principais desafios da gestão do novo presidente da petroleira, Pedro Parente. “As obras já estão adiantadas demais para serem abandonadas, mas o investimento é alto demais para ser levado adiante”, diz o professor Edmilson Santos, especialista em energia e petróleo da USP. Uma saída é atrair investidores privados para financiar a conclusão das obras. Por enquanto, nada está definido, e o Comperj só é tema de debates – como o de hoje na Câmara.