Não é só dinheiro: Comparativo mostra por que a Laureate escolheu a Ânima
Critérios incluem liquidez, probabilidade de aprovação por órgãos anti-truste, ganhos extras e nota dos cursos
Mariana Desidério
Publicado em 21 de outubro de 2020 às 17h34.
Última atualização em 21 de outubro de 2020 às 18h19.
Uma avaliação obtida com exclusividade pela EXAME a respeito das propostas de compra da Laureate do Brasil feitas pela Ser Educacional e pela Ânima indica os motivos que levaram a companhia norte-americana a escolher a proposta da Ânima em detrimento da oferta feita pela Ser. Quer saber qual o setor mais quente da bolsa no meio deste vaivém? Assine a EXAME Research.
A decisão foi publicada hoje pela Laureate Internacional. No comunicado, a companhia afirma que a proposta da Ânima é 500 milhões de reais maior do que a feita pela Ser. Também hoje a Ser Educacional divulgou que entrou na Justiça para manter o acordo de compra firmado com a Laureate em setembro.
Segundo fontes próximas à negociação, o valor final da oferta não foi o único fator considerado pela Laureate. Uma comparação entre as propostas considerando diversos fatores além do valor pago indica que a oferta da Ânima é mais vantajosa na maior parte dos critérios analisados.
A proposta da Ânima atribui à companhia um valor de 4,783 bilhões de reais, enquanto a proposta da Ser avalia a empresa em 3,862 bilhões de reais. Já a liquidez da transação é considerada alta na proposta da Ânima (100% em dinheiro), enquanto a liquidez da proposta da Ser é considerada média (53% em dinheiro, e 47% em ações).
A avaliação também é de que a transação com a Ânima deve ser aprovada com mais facilidade nos órgãos anti-truste, uma vez que há menos cidades com sobreposição de operações.
A certeza de recursos para a operação é considerada alta no caso da proposta da Ânima e baixa no caso da proposta da Ser. A proposta da Ânima conta ainda com possível ganho extra, a depender de novas cadeiras no curso de medicina. Na proposta da Ser, não há ganho extra.
A probabilidade de obter a aprovação de acionistas é considerada alta nos dois casos. A avaliação da qualidade dos cursos de cada instituição também entra na equação. A nota da Ânima é de 3,05; maior que a nota da Ser, com 2,68.
O comparativo considera ainda o resultado do negócio. No caso da compra pela Ânima, o resultado será a criação do maior player de educação superior de alta qualidade do Brasil. No caso da Ser, o legado é a criação do terceiro maior player de educação em valor do Brasil.
A transação tem sido acompanhada de perto pelo mercado. Em relatório, analistas do banco BTG Pactual afirmam que, se concretizada, a transação é um movimento estratégico para a Ânima, em especial por conta da ampliação do curso de medicina.
“A Ânima aumentará seu potencial no curso de medicina para 2.158 assentos (contra 1.328 atualmente), ficando logo atrás do líder do setor Afya”, pontua o relatório.