Aviões da Ryanair: CEO já considerou ter cabines com passageiros em pé e cobrar pelo uso dos banheiros como meio de aumentar a renda (Simon Dawson/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2014 às 15h59.
Toulouse/Singapura - As companhias aéreas ganharam 5 por cento de um total de US$ 708 bilhões em vendas no ano passado cobrando por sanduíches, entretenimento e reserva de assentos, e a cifra tem potencial para dobrar, disse uma associação do setor.
Há cinco anos, a porcentagem de receita gerada com as taxas auxiliares era de quase zero, disse Tony Tyler, diretor da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), ontem em Cingapura. As linhas aéreas encontrarão coisas novas para cobrar à medida que acrescentam produtos e serviços que satisfazem as necessidades dos clientes, disse ele.
O CEO da Ryanair Holdings, Michael O’Leary, tinha considerado a possibilidade de ter cabines com passageiros em pé e cobrar pelo uso dos banheiros nos seus aviões, como meio de aumentar a renda.
A desagregação de serviços que antes faziam parte do preço total de uma passagem aérea desempenhou um papel essencial para ajudar as companhias aéreas a registrarem lucros líquidos combinados de US$ 12,9 bilhões no ano passado. As grandes companhias aéreas, que tinham evitado a prática estabelecida pelas startups de preços baixos, estão descobrindo os benefícios de ganhar dinheiro com outros serviços.
“A receita auxiliar é a prova de que as pessoas estão preparadas para pagar pelo que valorizam”, disse Tyler. “É uma lição que as companhias aéreas tradicionais aprenderam com as empresas de baixo custo”. A mudança foi liderada pelas linhas aéreas dos EUA, disse ele.
Neste mês, a Ryanair, a maior linha aérea de descontos da Europa, informou que a receita obtida com itens além das passagens aumentou 13 por cento, pois mais clientes reservaram assentos e pagaram pelo embarque prioritário. Em janeiro, a JetBlue Airways Corp. disse que sua receita auxiliar aumentou 15 por cento para US$ 670 milhões em 2013.
United, AirAsia
A United Continental Holdings, com sede em Chicago, visa gerar US$ 3,5 bilhões em receita auxiliar até 2017 mediante novas opções de compra para os clientes e melhores preços para os produtos existentes. As vendas de itens além das passagens deveriam crescer 25 por cento, disse em janeiro Tony Fernandes, CEO da AirAsia Bhd., a maior companhia de baixo custo da região.
Até agora, as taxas são cobradas principalmente por refeições a bordo, bagagem, opções de assentos e entretenimento, mas o âmbito de geração de receita será ampliado no futuro. Os clientes poderão fazer pedidos durante o voo e retirar a compra ao chegar no aeroporto, disse Brian Peace, economista-chefe da IATA.
Embora seja possível vender itens como bebidas alcoólicas porque os aeroportos têm muitas lojas com esses produtos, ter outros produtos disponíveis para a retirada na hora pode ser mais complexo, porque as companhias aéreas trabalham em muitos aeroportos, disse Tyler.
“Tornar isso realidade é mais difícil do que pensar na ideia”, disse ele.