Caixas de Obama O's e Cap'n McCains, cereais feitos pelos fundadores do Aribnb para financiar os primeiros meses da companhia (Airbnb/Reprodução)
Karin Salomão
Publicado em 17 de setembro de 2017 às 08h00.
Última atualização em 17 de setembro de 2017 às 08h00.
São Paulo - Hoje uma companhia bilionária e maior que qualquer rede de hotéis, o Airbnb nasceu de uma necessidade muito real, sem nenhum glamour. Dois amigos, desempregados, estavam sem nenhum dinheiro para pagar o aluguel.
Foi quando aproveitaram uma oportunidade: durante uma convenção em San Francisco, todos os hotéis estavam lotados. De posse de apenas três colchões de ar, eles ofereceram um lugar na sua casa. Em 24 horas, criaram o site e anunciaram o serviço, Airbed & Breakfast, para alguns sites de design.
Na manhã seguinte já estavam recebendo mensagens de todas as partes do mundo, de pessoas interessadas em se alojar na casa de Brian Chesky e Joe Gebbia. Os três primeiros hóspedes eram Kat, Amol e Michael.
Eles perceberam, assim que se despediram do último hóspede improvisado, que estavam diante de um novo modelo de negócios, o futuro Airbnb.
O que poucos sabem é que o caminho de 3 para milhões de hóspedes foi ainda mais difícil e desafiador do que arranjar um dinheiro extra para pagar aluguel no fim do mês.
Depois do sucesso inicial na conferência de San Francisco, buscaram outros grandes eventos. Nathan Blecharczyk entrou para o time bem à tempo da convenção nacional dos Democratas, em 2008. Barack Obama faria seu discurso de candidatura em Denver, Colorado, e a cidade estava praticamente sem locais para hospedagem.
O acesso ao site do Airbnb bombou e o serviço apareceu até em mídia nacional, como NBC, USA Today, The Wall Street Journal e The New York Times.
Eles acharam que, a partir de então, a empresa seria um sucesso. Mas, assim que a convenção terminou, também acabou o interesse no Airbnb e as visitas caíram para o mesmo nível de antes.
Os três empreendedores enfrentaram, mais uma vez, a falta de dinheiro. Com dezenas de cartões de crédito - todos endividados - eles precisavam encontrar uma maneira de se financiar e aumentar as visitas ao seu site.
Já que o serviço se chamava Airbed & Breakfast, pensaram em algo que remetesse ao café da manhã. Decidiram fazer caixas de cereal temáticas, uma para cada candidato às eleições presidenciais americanas de 2008.
Confeccionaram 1.000 caixas de Obama O's e Cap'n McCains. Eram uma edição limitada, numerada, com preço de colecionador: cada caixa foi vendida por 40 dólares.
A criação inusitada deu frutos. O lucro dessa invenção foi o suficiente para pagar as dívidas em cartão de crédito. Mais que isso, ajudou os três empreendedores a conseguirem seus primeiros investidores.
Ao se inscreverem para o programa da Y Combinator, quase foram rejeitados. Afinal, a ideia de se hospedar na casa de completos estranhos causava desconforto nos investidores.
No entanto, quando Paul Graham, fundador da incubadora, descobriu que eles estavam por trás do sucesso das caixas de cereais, decidiu que os empreendedores tinham ambição e força de vontade e os aceitou para o programa.
De colchões de ar a caixas de cereais, a empresa hoje tem mais de 200 milhões de hóspedes e mais de 3 milhões de acomodações em todo o mundo, de quartos a casas na árvore e até castelos.