Como o Santander enfrentou seus principais desafios
Com novos produtos e provisões contra devedores duvidosos, o banco entregou resultado recorde
Karin Salomão
Publicado em 26 de janeiro de 2017 às 16h55.
Última atualização em 26 de janeiro de 2017 às 18h24.
São Paulo – Em um ano de instabilidades e crise econômica, o Santander buscou medidas para enfrentar desafios, como novos concorrentes e inadimplência.
Com novos produtos e provisões contra devedores duvidosos, o banco entregou resultado recorde. No ano, o lucro líquido foi de R$ 7,34 bilhões, alta de 10,8%.
No trimestre, o lucro chegou a quase R$ 2 bilhões, alta de 5,6% em relação ao trimestre anterior.
Para o ano que vem, Sérgio Rial, presidente do Santander, acredita que a economia irá melhorar gradualmente.
Crédito e instabilidade
No ano passado, o Brasil enfrentou crise econômica e investigações como a Lava Jato abalaram diversas empresas de peso no Brasil. O ano também foi marcado por pedidos de recuperação judicial, como a Oi e a Sete Brasil.
Por isso, o risco de inadimplência de grandes empresas esteve na pauta de muitos bancos.
Em resposta, o Santander diminuiu a exposição, ou sua participação, em grandes grupos de empresas e aumentou as provisões de crédito, sua segurança contra o não pagamento de créditos feitos tanto por pessoas físicas quanto empresas.
Em 2016, a carteira de crédito caiu 1,6% em relação ao ano passado, para R$ 256,9 bilhões. As principais razões para a queda foram a diminuição de 8,3% no crédito para grandes empresas e 7,6% para pequenas e médias empresas.
No entanto, Rial acredita que o pior já passou e que as empresas irão se fortalecer.
Em comparação com o trimestre anterior, houve aumento de 3,9% na carteira. O crédito para pessoa física, financiamento ao consumo principalmente de veículos e a retomada de crédito às empresas ajudaram no resultado do trimestre.
A carteira voltada para grandes empresas cresceu 5,5% em relação ao trimestre anterior.
Além disso, há espaço para crescer. Enquanto a divisão brasileira é a mais forte correspondeu a 21% do resultado de todo o grupo Santander. Em relação a valor de mercado, a participação é de 45%.
Quando se fala do total da carteira de crédito, no entanto, a fatia brasileira é menor, de 10%. "Acreditamos que podemos crescer mais”, afirmou o presidente.
Novos concorrentes
Diversas empresas entraram no mercado financeiro nos últimos meses. São as chamadas fintechs, startups do setor financeiro, que oferecem cartões sem anuidade, controle de gastos e a possibilidade de resolver tudo pelo celular.
Para fazer frente aos novos concorrentes, o Santander investiu em automatização e digitalização de vários processos, para agilizar o atendimento.
O Santander Way é um exemplo. O aplicativo gerencia os cartões do banco e permite mudar o limite, liberar o cartão para viagens internacionais ou ainda cancelar o uso.
A ContaSuper, startup adquirida em 2015, é o cartão pré-pago do banco e ganhou 444 mil clientes no ano passado.
Com a automatização de certos processos nas agências do banco, o Santander conseguiu diminuir o tempo de contratação de um serviço em 60% nas agências.
"O banco lá na frente não é aquele da infraestrutura de tijolos que conhecemos. Acredito nas agências, mas elas serão diferentes, serão espaços de negócios e não fábricas", afirmou Sérgio Rial, presidente do banco.
Os clientes digitais cresceram 45%, de 4,4 milhões para 6,6 milhões.
Macroeconomia e futuro
Para o presidente do Santander, a economia brasileira já vê sinais de melhora. Para ele, o preço das commodities deve melhorar, a safra será recorde e a economia verá uma injeção de liquidez no consumo com o saque do FGTS.
"Vamos ver IPOs e a capacidade das empresas de melhorarem sua estrutura de capital", afirmou Rial.
"O melhor está por vir para o Santander no Brasil. Tudo indica que o país irá permanecer na liderança do grupo", disse.