Maria das Graças Foster cumprimenta Sérgio Gabrielli: sucessão na Petrobras (AFP)
Daniela Barbosa
Publicado em 18 de dezembro de 2014 às 15h58.
São Paulo – Candidata recorrente a assumir a presidência da Petrobras, Maria das Graças Foster finalmente terá a oportunidade de conduzir a maior empresa do país. A cadeira deixada por seu antecessor, José Sérgio Gabrielli, porém, não virá estofada apenas de boas notícias. Graça Foster, como é conhecida pelo mercado, assumirá a Petrobras em um momento crucial – o de mostrar que a empresa está à altura de explorar comercialmente o pré-sal.
Segundo especialistas do setor ouvidos por EXAME.com, existe até certo otimismo e a aposta de que um estilo de gestão mais técnico e menos político passe a vigorar a partir de agora na estatal. Mas não há como negar, no entanto, que a Petrobras enfrenta desafios que serão deixados por José Sérgio Gabrielli e automaticamente herdados por Graça.
Veja, a seguir, como Graça encontrará a Petrobras quando assumir o cargo mais importante da estatal:
Cadeia de fornecedores
O setor petrolífero como um todo tem uma série de gargalos no que diz respeito à cadeia de fornecedores e com a Petrobras o problema não é diferente. De acordo com Lucas Brendler, analista da Geração Futuro, daqui para frente, os desafios serão ainda maiores, uma vez que a estatal deixa a fase exploratória de lado para iniciar a fase de produção.
“A Petrobras já adotou uma série de medidas para lidar com esse problema, como até financiar investimentos que precisem ser feitos pelos fornecedores. A demanda da companhia, a partir de agora, não será apenas por sondas, mas por outros tipos de equipamentos e existe a cobrança também que parte do conteúdo seja local. É um desafio, mas a companhia estará focada e buscando alternativas para enfrentar o problema, uma vez que disso depende a geração de caixa e aumento dos ganhos”, disse Brendler.
Investimentos vão priorizar exploração e produção
Em meados do ano passado, a Petrobras anunciou seu plano de investimento para o período de 2011 a 2015 e boa parte dos aportes será na área de exploração e produção, principalmente de novos projetos do pré-sal. Quase 60% dos 389 bilhões de reais que a companhia planeja investir nos próximos quatro anos serão para projetos de exploração e produção.
“A partir de agora a Petrobras vai demandar cada vez mais investimentos em tecnologia para a exploração do pré-sal e este será o foco da companhia. Não vejo mudanças nesse cenário e nenhum outro setor que a estatal deva priorizar no curto e médio prazo”, afirmou um analista da corretora Coinvalores.
Gás não é prioridade
Apesar de Graça Foster ser diretora de gás e energia da Petrobras, não existe nenhuma aposta no mercado de que a executiva vá priorizar esse setor dentro da estatal e muito menos que a companhia deixe de importar gás da Bolívia e da Argentina como faz atualmente.
“Não existe nenhuma vantagem em priorizar o setor de gás e essa não deve ser a prioridade de Graça como presidente da estatal. Mesmo porque a demanda de gás no Brasil ainda é alta e a com o gás local não é possível atender as necessidades desse mercado”, disse Brendler, analista da Geração Futuro.
Apagão de talentos para a indústria do petróleo
O Brasil enfrenta um grande desafio no que diz respeito mão-de-obra qualificada e no setor petrolífero, em especial, o desafio é ainda maior. A Petrobras prevê, até 2015, aumentar em 14.000 o quadro de funcionários da companhia.
De acordo com a Coinvalores, o número não deve diminuir e Graça terá buscar alternativas para dar conta da demanda. A maior dificuldade, no entanto, é que boa parte dos profissionais precisa ser selecionados por meio de concursos públicos, já que o nível de qualificação é alto para alguns cargos dentro da estatal.