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Como ele saiu de um blog de fofoca para criar uma plataforma que dá renda para 100.000 pessoas

Plataforma quer acelerar vendas internacionais, inclusive utilizando inteligência artificial para traduzir cursos que hoje estão somente em português

Renatto Moreira, da Ticto: “O nosso objetivo é que até o final do ano que vem sejamos muito fortes fora do Brasil" (Ticto/Divulgação)
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 10 de outubro de 2024 às 09h01.

Última atualização em 10 de outubro de 2024 às 22h25.

Uma atividade física pouco praticada, estudos sobre uma literatura antiga, castelos medievais ou um tratamento recém-inaugurado. Pode dar uma pesquisada na internet. Provavelmente, você vai encontrar um curso online sobre o assunto.

O mercado de cursos digitais, impulsionado pelo marketing digital, está por toda parte. Não é à toa. Uma pesquisa do Google, a Skills Outlook Employee View, aponta que os cursos online são para os brasileiros a melhor maneira de se qualificarem para o mercado de trabalho. Mais de 80% preferem cursos virtuais, de curta duração.

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Quem identificou isso muito cedo foi Renatto Moreira, designer e um dos fundadores da Ticto,  empresa vendedora de cursos digitais que vende cursos para 100.000 criadores de conteúdo e cresce numa toada de 100% ao ano.

Renatto começou sua jornada criando blogs de fofoca e vendendo anúncios, mas mudou os rumos do negócio em 2013, quando entendeu que podia fazer muito mais com aquela audiência ao vender cursos.

“Eu tinha milhões de acessos por mês, mas ganhava centavos nos cliques da publicidade”, afirma ele.

Foi quando decidiu vender cursos digitais, mas logo percebeu a dificuldade do desafio . “Quebrei a cara. A audiência do blog de fofoca não tinha um público qualificado, era outra situação”, diz. “Foi quando estudei mais sobre marketing digital, melhorei meu entendimento sobre tráfego pago, tudo para vender os cursos”.

A Ticto, no entanto, encontrou seu lugar no mercado, crescendo com uma visão focada em tecnologia e atendimento. Nos planos futuros da empresa, a estratégia é usar inteligência artificial para entrar em novos países e ampliar sua atuação global. Hoje, já processa pagamentos em várias moedas e pretende se fortalecer internacionalmente até o fim do ano.

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Qual é a história de Renatto e da Ticto

O paulista Renatto Moreira sempre esteve imerso no ambiente digital. Com uma formação em design e uma trajetória que começou com blogs na década de 2000, ele descobriu o potencial de monetizar o conteúdo digital.

“Eu tinha blog desde 2005. Comecei a ganhar dinheiro ali por 2010”, diz ele, referindo-se ao RD1, um site de fofocas criado por ele -- e que existe até hoje. Mas foi em 2013 que ele realmente entendeu o potencial dos cursos online.

“Eu percebi que poderia pegar aquela audiência e vender curso”, afirma Renatto, que teve seu primeiro grande sucesso lançando um curso sobre design de sites, faturando24.000 reais em uma semana.

O sucesso o levou a focar exclusivamente no mercado de cursos digitais. Depois de vender os blogs, ele se dedicou a lançar outros produtos, ajudando professores a criarem seus próprios cursos e campanhas de vendas.

Em 2017, junto com seu sócio Guilherme Petersen, Renatto fundou a Ticto. Inicialmente, a plataforma foi criada apenas para vender os próprios cursos da dupla, mas a demanda cresceu, e, em 2019, a Ticto foi aberta para clientes externos. De lá até 2022, a plataforma era usada de forma restrita, atendendo apenas quem tivesse uma indicação.

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O que a Ticto faz hoje

Hoje, a Ticto é uma plataforma de vendas online, intermediando a venda de cursos para cerca de 100.000 criadores de conteúdo. “Cada um pode ter mais de um curso, é bem comum”, afirma Renatto, destacando que a plataforma se diferencia pelo cuidado com os usuários. “Nós temos os nossos termos de uso muito bem cuidados, então basicamente o que está dentro da lei pode ser vendido. Mas somos criteriosos.”

Os cursos mais populares são voltados para temas como idiomas, relacionamento, nutrição e até massagem tântrica. A empresa cobra uma taxa de 6,9% sobre o valor dos cursos vendidos.

A empresa também expandiu para outras áreas além dos cursos. Há ferramentas de assinatura, venda de ingressos e até produtos físicos, desde que tenham marcas próprias e respeitem as regras da plataforma.

“A gente concorre diretamente com grandes players, como a Hotmart, a maior do mundo, e por isso tem que ser muito agressivo no marketing”, admite.

Quais são os desafios do setor

Um dos maiores desafios para a Ticto é aumentar o reconhecimento da marca. “Hoje, o nosso desafio é nos tornarmos mais conhecidos”, diz Renatto. Embora a empresa tenha o que ele chama de “o melhor produto do mercado”, ainda há um longo caminho para aumentar a visibilidade e ganhar mercado, especialmente em um setor onde a concorrência é acirrada.

Para alcançar esses números, a Ticto vem investindo em eventos e parcerias com players relevantes, além de focar em um marketing mais agressivo.

Outro desafio importante, segundo Renatto, é a questão da regulamentação.

“Acredito que tenham muitas plataformas concorrentes que aceitam vender golpes”, diz. “Nós somos muito criteriosos, e esse é o grande desafio: garantir a qualidade do que é vendido na plataforma.”

O futuro: IA e expansão internacional

O futuro da Ticto passa pela expansão internacional e pela adoção de novas tecnologias. A empresa já começou a processar pagamentos em várias moedas, mas Renatto admite que o foco ainda é tímido.

“O nosso objetivo é que até o final do ano que vem sejamos muito fortes fora do Brasil.”

Para isso, a empresa está investindo pesado em inteligência artificial, que permitirá, entre outras coisas, a tradução automática dos cursos para novos idiomas.

Os principais mercados para a expansão são os Estados Unidos, o México e outros países da América Latina e Europa. A empresa também está de olho em regiões como a África, onde há uma demanda crescente por cursos em português.

“Nosso foco é entregar um produto extremamente excelente, e vamos melhorar a tecnologia conforme a demanda.”

Com essa estratégia, a Ticto quer ser mais do que apenas uma plataforma de vendas online. “Queremos ser a principal escolha para produtores que vendem no Brasil e queiram expandir para fora”, diz Renatto.

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