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Como a Microsoft mudou a cabeça dos funcionários para inovar

Para recuperar espaço e motivação, a empresa precisou transformar a mentalidade dos funcionários, afirma VP a EXAME.com

Inovação: CEO resolveu sacudir a mentalidade da equipe, para que todos estivessem abertos a coisas novas (Foto/Thinkstock)

Inovação: CEO resolveu sacudir a mentalidade da equipe, para que todos estivessem abertos a coisas novas (Foto/Thinkstock)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 16 de agosto de 2017 às 12h03.

Última atualização em 16 de agosto de 2017 às 12h07.

São Paulo - Para se manter relevante, a Microsoft precisou mudar sua política interna de inovação. A empresa precisou deixar a gestão tradicional de lado e abraçar os riscos para incentivar funcionários a inovarem.

A ideia vem de Satya Nadella, presidente da empresa de tecnologia. Quando ele assumiu o cargo de CEO, em 2014, o negócio estava perdendo espaço para concorrentes e motivação entre os funcionários.

Ele resolveu sacudir a mentalidade da equipe, para que todos estivessem abertos a coisas novas. Nadella aplicou na companhia o conceito de Growth Mindset, que afirma que a maneira como alguém se aproxima de um desafio vai determinar o seu sucesso.

Crianças que viam o desconhecido com curiosidade acabavam aprendendo mais que aquelas que sentiam medo ou insegurança, por exemplo.

O mesmo pode ser aplicado aos funcionários. A empresa quer criar um ambiente no qual todos se sintam confortáveis para aprender, se desenvolver e errar.

Desde então, a companhia expandiu seu negócio em nuvem, comprou o LinkedIn e está desenvolvendo produtos em inteligência artificial e realidade aumentada.

"Com o avanço tecnológico, as mudanças são muito mais rápidas e radicais. Por isso, precisamos de pessoas que aproveitem esses momentos para aprender e para assumir mais riscos", afirmou Pryscila Laham, vice-presidente de vendas ao consumidor da Microsoft no Brasil a EXAME.com.

Investir em inovações e erros

A Microsoft investe anualmente 12 bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento e é a líder entre empresas de tecnologia em número de patentes no mundo, com 61.000 concedidas e 35.000 pendentes. Seu laboratório de pesquisas em inteligência artificial tem 6.000 cientistas.

A companhia criou um prêmio de inovação entre seus funcionários e maratonas com clientes e pessoas de fora da organização.

Nem todas as ideias dão certo e poucas são, de fato, aplicadas, mas Laham garante que a iniciativa vale a pena. Ao final de cada desafio, os colaboradores são encorajados a repassar o que aprenderam, criaram e onde erraram.

Sim, é importante falar sobre os erros, afirma a executiva. "Se a pessoa não cometer erros, dizemos que não atingiu todo o potencial que poderia", disse ela.

Um dos exemplos de fracasso foi o lançamento de um bot no Twitter chamado Tay no ano passado. Ele conversava com os usuários e assumia parte de suas personalidades. Em poucas horas, o robô foi transformado em racista e com visões nazistas por pessoas mal-intencionadas.

O projeto foi fechado com uma nota de desculpas. No entanto, ninguém foi despedido pelo fracasso - pelo contrário. Nadella enviou um email de incentivo para a equipe, que lançou o Zo, outro robô de inteligência artificial, um ano depois.

Ideias já em prática

Muitas criações recentes da companhia já estão em fase de testes ou sendo usadas por clientes.

No Brasil, por exemplo, criou um programa para o Hospital 9 de julho para mitigar o risco de queda de um paciente. Por meio de câmeras e análise dos movimentos dos pacientes, a tecnologia prevê os riscos para os pacientes e chama os enfermeiros.

Em maio deste ano, levou a IA para as aulas da Unip/Objetivo no Brasil. A tecnologia da Cortana faz legendas automáticas para as videoaulas e resume os principais trechos do material para ajudar no aprendizado.

Outro exemplo de inteligência artificial é a inclusão da Cortana, assistente pessoal da Microsoft, em carros da Nissan. O consumidor pode acessar mapas, trânsito, agenda e outras informações importantes através de seu computador de bordo. "É um caso simples, mas que pode ser aplicado a qualquer dispositivo, de celulares a carros e geladeiras", disse Laham.

A companhia busca criar programas para usar os HoloLens, seus óculos de realidade aumentada, para a educação. Eles já estão sendo usados por uma universidade nos Estados Unidos para ensinar medicina. Os alunos podem, com a ajuda do aparelho, visualizar os órgãos em 3D, antes mesmo das aulas práticas.

As lentes também são usadas pela Thyssenkrupp para agilizar a manutenção de elevadores. Os mais de 24.000 técnicos da empresa serão capazes de visualizar e identificar antecipadamente os problemas nos elevadores e terão acesso a informações técnicas e especializadas quando estiverem no local do serviço. Testes de campo iniciais já mostraram que com o HoloLens o trabalho pode ser feito até quatro vezes mais rápido do que antes.

A Microsoft foi criada com o objetivo de colocar um computador pessoal em cada casa. Quando esse objetivo foi cumprido, ao menos em países mais desenvolvidos, a empresa precisou se reinventar completamente para manter sua relevância. Agora, ao transformar a mentalidade fixa de seus funcionários, quer transformar seu negócio.

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